Um homem arrependido marcou uma reunião com seu pastor, pronto para confessar e buscar ajuda. Antes que ele terminasse de explicar ao pastor que estava sendo acusado de abuso sexual por uma família da igreja, este o interrompeu dizendo “mas não tem porque se preocupar, você nunca faria isso!”

Infelizmente esta é uma história real. Apoiados em nossas emoções, frequentemente enganosas, ou nosso desejo, pecaminoso, de dizer apenas aquilo que agrada aos outros ou nossa incapacidade de aceitar coisas difíceis, nos negamos a ouvir a verdade.

De todas as frases sobre abuso que já ouvi, talvez essa seja a mais enfurecedora do mundo – porque é uma mentira e traz consequências gravíssimas. No entanto, frequentemente, principalmente dentro de espaços religiosos, quando há uma denúncia, a primeira reação da comunidade é essa: como pode alguém tão piedoso, estimado, bondoso, gentil, servo, etc etc etc, cometer um “ato” tão abominável? Bem, é sobre isso que vamos falar hoje.

Sinto dizer que a negação não é uma resposta incomum, a contar pelas notícias de jornal, pelo menos aqui nos Estados Unidos, onde moro. Recentemente tive a oportunidade de ouvir uma palestra de Rahel Bayar, ex-procuradora geral da Divisão de Crimes Sexuais do Gabinete de Abuso de Crianças, no Bronx, em Nova Iorque, na Conferência Americana de Acampamentos. Os dados compartilhados por ela foram estarrecedores, mas seu encorajamento a ação, muito necessário. Ela nos lembrou que, ainda que não possamos tornar nossos locais de trabalho e comunidades 100% seguros, podemos torná-los intolerantes ao abuso. Sobre isso, ela afirma:

“Ao reconhecer que existe um problema – e, infelizmente, cada comunidade em cada religião sofre desse problema – podemos nos preparar para lidar com isso. Eu sei o impacto que apenas uma pessoa pode causar na vida de uma criança ao acreditar em seu relato, ao invés de negá-lo, e como isso muda sua vida. Este é um poder que temos e precisamos cultivar.” (1)

O segundo passo do processo de nos munir de informação é entender como o abuso acontece, e porque é tão fácil cair numa atitude de negação da realidade. É porque o abuso sexual geralmente não acontece em um vácuo. Lembre-se do que as estatísticas dizem: o agressor geralmente é um conhecido da vítima; o estranho constitui apenas 10% dos casos; o abuso se torna possível pelo desequilíbrio de poder; e pelo menos três pessoas próximas suspeitam do abuso mas não fazem nada. Isso significa que:

– O abuso acontece debaixo dos nossos olhos: dentro de nossas casas, salas de aula, reunião de jovens, escola dominical, acampamento, etc;

– O agressor será alguém conhecido por nós, e provavelmente detentor de autoridade;

– Existem sinais perceptíveis de que algo está acontecendo, ainda que sutis.

Para que o abuso aconteça, no entanto, uma coisa à qual não nos atentamos é necessária: para acessar a vítima, o agressor precisa conquistar a confiança das pessoas. Grooming, no inglês, cuja possível tradução é ‘aliciamento’, é o processo e as ações pelos quais o agressor dessensibiliza e prepara a vítima e as pessoas à sua volta (tais como família, igreja, e comunidade) para o abuso. Este processo envolve mais manipulação e sedução do que subjugação e dominação física, e se constitui de cinco partes:

  • Seleção e introdução. Muitos predadores escolhem suas vítimas antes de iniciarem o processo de conquista de confiança da comunidade. Outros iniciam o processo antes de escolherem suas vítimas. Mas, em algum momento, o agressor se apresenta diretamente à vítima. Normalmente eles já possuem acesso e algum tipo de autoridade ou poder sobre elas (posição social ou política e autoridade profissional ou religiosa são exemplos). Tendo adotado um padrão de comportamento socialmente responsável e carinhoso em público, o agressor conquista boa reputação e cria nos outros uma percepção de que ele (ou ela) é “uma boa pessoa”. Eles são considerados servos, talentosos, divertidos, simpáticos, sábios ou até mesmo piedosos. As pessoas à sua volta são, então, levadas a acreditar que o agressor tem algo a acrescentar, seja conselho ou habilidade, à vítima, e se tornam abertas, ou desatentas, ao interesse especial do agressor para com a vítima. Geralmente os agressores selecionam uma vítima que seja de alguma forma vulnerável a ser aproveitada: em isolamento social (sem amigos ou filho único), cujos laços familiares ou sociais sejam fracos (de família desestruturada, como por exemplo pais divorciados ou ausentes), rebelde (não muito crível ou mentirosa), ou cuja autoconfiança seja fraca e cuja autopercepção seja distorcida.
  • Formação de um relacionamento especial. O agressor parece especialmente interessado na vítima, oferecendo à vítima e/ou família algum benefício no relacionamento. Por exemplo, um técnico de futebol pode oferecer treino individual um a um, ou um professor de inglês, algumas aulas extras mais barato ou de graça. Esta pessoa pode até mesmo, de fato, ser beneficiada pelo tempo e recursos extras oferecidos pelo agressor. O relacionamento pode ocorrer durante meses ou anos antes que qualquer crime seja cometido. O objetivo é fazer com que a vítima se sinta especial e próxima ao agressor: ele será “como um pai”,“um irmão mais velho” ou uma “tia” querida. Este relacionamento pode ser estendido à família ou comunidade e esta pode ser beneficiada por ele. Isso permite ao agressor conquistar a confiança e o carinho não apenas da vítima, mas também daqueles que  deveriam protegê-la. O fato do agressor ser uma pessoa de confiança da comunidade ou família torna mais difícil para a vítima denunciar o ocorrido.
  • Quebra sutil e progressiva dos limites sociais de comportamento. Eventualmente, os limites apropriados de relacionamento se tornam confusos. Antes que um limite seja quebrado, o agressor desensibilizará a vítima quanto ao seu comportamento: ele compartilhará detalhes íntimos de sua própria vida pessoal e/ou sexual, pedindo a vítima que guarde seus segredos; talvez até mesmo pedirá conselho ou oração sobre suas dificuldades pessoais. Isso faz que a vítima se sinta importante e validada. A próxima barreira a ser quebrada é o contato pessoal, mas não de maneira repulsiva ou absolutamente inapropriada: mais abraços do que o comum, ou abraços frontais verso abraços laterais; compartilhar uma atividade inapropriada ao relacionamento (como ver TV juntos ou trocar mensagens de celular); fazer comentários sobre aparência física. Algumas vítimas lembram-se, anos depois, de terem se incomodado com a quebra sutil desses limites, mas na época não souberam o que fazer porque as pessoas à sua volta, tendo sido levadas a acreditar no perfil bondoso do agressor, não se alarmaram nem fizeram nada quanto à quebra de limites.
  • Contato abusivo. Quando o abuso sexual acontece, a vítima já está tão dessensibilizada ou se sente tão incapaz de reagir dentro do relacionamento, que já não sabe o que fazer. Por vezes os avanços sexuais são até desejáveis, mas resultados da manipulação e não de desejo real. A progressão dos comportamentos inapropriados é tão sutil que a vítima é incapaz de ver o agressor como tal e, quando o contato sexual acontece, ela está tão próxima do agressor que não acredita haver uma forma de se desvencilhar dele, às vezes acreditando, confusa, que o abuso é uma extensão do relacionamento especial entre ela e o agressor.
  • Resultados. O abuso sexual pode ser um caso isolado, repetir-se algumas vezes ou durar meses, até anos. Por causa da destreza do agressor em conquistar a confiança da família e da comunidade, leva tempo para a vítima se desvencilhar dele. Muitas vezes isso nem acontece. Outra razão para que a vítima não denuncie é que o agressor a faz acreditar que ela também desejava aquele “relacionamento”, incluindo o contato sexual, e a faz sentir culpa sobre o que aconteceu, especialmente em contextos religiosos. O desequilíbrio de poder também leva a vítima a pensar que ninguém acreditaria nela. Esse processo leva a vítima a viver em culpa e vergonha, constante confusão e permanente dificuldade de confiar em outras pessoas, o que dificulta o processo de cura.(2)

Onde quer que exista um desequilíbrio de poder definido ou um desejo de criar esse desequilíbrio em um relacionamento, há potencial para que o abuso ocorra. Isso significa que abuso sexual não é, geralmente, uma questão sexual, mas uma questão de poder. A exploração de uma vítima só acontece quando ela é colocada em uma posição de vulnerabilidade. Depois de estabelecer controle sobre a vítima, os ciclos de abuso são repetidos com maior intensidade. E a vítima se mantém calada.

Durante uma entrevista com um agressor condenado, David Buckley perguntou por que ele achava que suas vítimas não haviam denunciado o abuso. O agressor respondeu:

“Creio que é porque fui cauteloso. Aonde quer que eu fosse, as pessoas tinham uma boa imagem minha. Todos achavam que eu era um grande cara! Eu não machuquei ninguém. Eu não abusei ninguém fisicamente. Eu não quis forçá-los. Fui bem cuidadoso em escolher vítimas que eram vulneráveis. Eles não tinham pra quem contar ou pra onde ir. E ainda que eles contassem, quem ia preferir acreditar neles do que no professor que todo mundo adora? Além disso, nunca havia evidência física.” (3)

Tendo em vista essa realidade, como podemos agir?

Estabelecendo limites claros

Falarei um pouco sobre isso no nosso último artigo, com orientações simples para mães e para moças. Mas nossas igrejas também precisam disso. Sirvo no ministério infantil desde os 15 anos e sempre abracei, carreguei no colo e beijei no rosto as crianças que ensinava, de todas as idades. Hoje como educadora religiosa, parte do manual do ministério infantil da igreja onde trabalho indica que abraços longos ou frontais são proibidos – apenas abraços laterais, e curtos; se a criança sabe sentar sozinha (o que ela normalmente aprende a fazer entre 4-10 meses de idade) não é permitido colocá-la no colo, e se ela sabe andar (o que ela normalmente aprende a fazer entre 8-18 meses de idade) não é permitido carregá-la no colo; beijos são permitidos apenas na cabeça, mas não recomendados. Qualquer cuidado é pouco quando se trata de proteger nossas crianças.

Também levando em consideração o fato de que um terço dos casos de abuso são cometidos por menores de 18 anos em menores de 18 anos, é essencial que os limites sejam estabelecidos entre os adolescentes e jovens da igreja. Enquanto muitos pastores e líderes são rápidos em estabelecer limites para evitar o pecado sexual da fornicação, a maioria não está atenta aos perigos do abuso sexual, que infelizmente alcançará pelo menos um quarto de sua moças e um sexto de seus rapazes, muitas vezes dentro da própria igreja.

Limites entre adultos também precisam ser claros: um líder ou uma pessoa casada não deve trocar mensagens privadas com um solteiro ou cônjuge de outrem; nenhuma situação onde duas pessoas estejam sozinhas em um ambiente privado deve ser aceita na igreja, por exemplo. Lembro de ficar muito chateada uma vez com meu pastor por não deixar que outro jovem da igreja me levasse sozinha em casa, ainda que fosse ele quem morasse mais perto de mim. Uma família estava disposta a me dar carona, mas demoraria pelo menos mais meia hora e eles fariam um pequeno desvio do seu caminho, isso porque eu morava a menos de 10 minutos da igreja. Hoje sou grata ao meu pastor por me proteger, não porque o rapaz fosse perigoso, mas porque ele estabeleceu limites de proteção claros para mim.

Aprendendo a praticar Mateus 18.15-17 nos menores detalhes

“Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão. Mas se ele não o ouvir, leve consigo mais um ou dois outros, de modo que ‘qualquer acusação seja confirmada pelo depoimento de duas ou três testemunhas’. Se ele se recusar a ouvi-los, conte à igreja; e se ele se recusar a ouvir também a igreja, trate-o como pagão ou publicano.” Mateus 18:15-17

Aqui na igreja, quando um jovem, professor ou pai vê alguém quebrando qualquer das nossas regras de conduta, seja carregar uma criança no colo ou ficar sozinho num ambiente com outra pessoa, ele é responsável por ir diretamente à pessoa e “lembrar gentilmente” qual regra está sendo infringida. Não precisamos esperar ver o abuso para denunciá-lo (até porque dificilmente iremos dar um flagra em alguém). Podemos criar uma cultura que não aceita que limites sejam ultrapassados ou regras sejam quebradas.

Além disso, a pessoa que vê é obrigada a não apenas exortar o “transgressor”, ainda que não mal intencionado, mas a contar para o líder direto da pessoa. O primeiro benefício é que caso o comportamento seja repetido, ou notado por várias pessoas, o processo de confrontação de Mateus 18 pode ser colocado em prática, e a pessoa pode ser corrigida em amor. O segundo benefício é que se cria uma cultura em que comportamentos que possam colocar os mais frágeis em risco não são tolerados e, assim, aquele que deseja cometer o crime sente que aquele lugar é, na verdade, um risco para ele.

Dando ouvidos às vítimas

Creio que essa seja a atitude mais importante dessa lista. A realidade é que muitos daqueles que conhecemos e com quem convivemos já sofreram abuso. Mas quantos desses casos você conhece? O silêncio das vítimas, que já é incentivado pelos agressores, não pode ser aceito por nós. Precisamos ser pessoas, ministérios e igrejas onde as vítimas se sintam seguras, e isto é biblicamente esperado de nós. No entanto,

“A igreja é um dos locais menos seguros para reconhecer abuso, porque o modo pelo qual (a vítima) é recebida e aconselhada é, mais frequentemente, danoso a ela. É com grande dor que digo que a igreja é um dos piores lugares para procurar ajuda“.(4)

Quem disse isso foi Rachael Denhollander, primeira ginasta americana a depor publicamente contra o médico da equipe, Larry Nassar, em um caso que chocou os Estados Unidos.(5) Infelizmente, nosso histórico deixa a desejar (mas isso é assunto para outro dia). Minha pergunta hoje é: Como podemos ser uma igreja segura? Como podemos dar suporte às vítimas dentro de nosso círculo de amizades, nossa família, nossa comunidade?

Em um espaco seguro:

  • Maus tratos de qualquer pessoa não são tolerados, seja por um estranho, um membro da família ou por alguém famoso;
  • Ninguém pode se esquivar de prestação de contas (Mt 18 & 1 Tm 5.19);
  • Qualquer alegação de abuso é tratada com seriedade e reportada à polícia;
  • Vítimas não são silenciadas ou envergonhadas, mas apoiadas com quaisquer recursos necessários (isso inclui aconselhamento por um profissional especializado em trauma, já que a maioria dos pastores não está preparado para fazê-lo);
  • Tristeza e lamento são considerados respostas apropriadas para o abuso, e ira justa,uma resposta apropriada para a injustiça (Sl 82);
  • Vítimas têm liberdade de tempo e espaço para chorar suas perdas e dor, e os que estão à sua volta choram com ela (Rm 12.15);
  • Vítimas não são forçadas a fingir que está tudo bem ou a seguir em frente (1 Co 12.26);
  • Vítimas são ouvidas, mais do que com ouvidos, com corações dispostos à empatia e ao aprendizado;
  • O ser humano é reconhecido como um ser imperfeito, mas de valor, e discernimento espiritual é aplicado para entender a diferença entre resposta involuntária ao trauma e pecado;
  • Compaixão é a única linguagem aceita para com a vítima;
  • A voz dos sobreviventes é valorizada, no entendimento de que quando Deus cura uma vítima, ela se torna um agente poderoso de justiça que cuidará dos outros.(6)

Corrigindo a linguagem

Infelizmente quando falamos de pessoas que amamos ou admiramos e que cometeram algum ato errado, tendemos a suavizar a linguagem, principalmente se a pessoa parece arrependida. No entanto, em casos como esse, isso seria um desserviço à vítima e à comunidade. Em um artigo sobre um caso ocorrido em um acampamento judeu, Rahel Bayar traz essas palavras de confrontação:

“É inaceitável chamar pedofilia, abuso sexual infantil ou pornografia de menores ‘atividades’ abomináveis. Essas coisas não são ‘atividades’, são crimes. É inconcebível chamar tal ato de ‘decisão ruim’, e dizer que agora o agressor entende ‘o erro que cometeu’ e que ele cometeu ‘um grave erro’. É horrível pensar que alguém possa defender perante um juiz que viu (o agressor) interagir com crianças e que ele foi sempre ‘honroso, respeitável, cuidadoso e gentil’ e ‘um profissional ilibado’. É imperdoável ouvir alguém louvá-lo por lutar com seu ‘problema’. Estas palavras minimizam os atos.” (7)

Eu acrescentaria aqui que a mesma atitude deve ser usada para se referir a qualquer tipo de abuso, não apenas contra crianças ou adolescentes. Nosso foco, como cristãos, é a preservação e a proteção da vítima. Infelizmente terapias, aconselhamento e punição de agressores têm tido pouca resposta, até porque na maioria das vezes não tratam o coração pecaminoso, mas apenas o crime. Somos chamados a proteger aqueles que estão em perigo. É nosso ato de amor por eles e obediência ao Deus justo a quem servimos.

“Liberte os que estão sendo levados para a morte; socorra os que caminham trêmulos para a matança! Mesmo que você diga: ‘Não sabíamos o que estava acontecendo!’ Não o perceberia aquele que pesa os corações? Não o saberia aquele que preserva a sua vida? Não retribuirá ele a cada um segundo o seu procedimento?” Provérbios 24:11,12

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  1. Tova Ross. Rahel Bayar – Warrior for Those Most Vulnerable. 36 under 36: Activism. Disponível em: https://jewishweek.timesofisrael.com/rahel-bayar/
  2. A descrição do processo de grooming acima foi baseada no seguinte artigo: https://betterbeingmainline.com/were-you-groomed-understanding-the-role-of-grooming-behavior-in-sexual-abuse/
  3. David Buckley. Child Sexual Offender: How They Select, Manipulate and Groom Their Victims. Disponível em:  https://www.jewishcommunitywatch.org/child-sexual-offenders-select-manipulate-groom-victims/
  4. Morgan Lee. My Larry Nassar Testimony Went Viral. But There’s More to the Gospel Than Forgiveness.” Disponível em: https://www.christianitytoday.com/ct/2018/january-web-only/rachael-denhollander-larry-nassar-forgiveness-gospel.html
  5. Rachael Denhollander’s full statement about Larry Nassar at court. Disponível em:  https://www.cnn.com/2018/01/24/us/rachael-denhollander-full-statement/index.html
  6. Jimmy Hinton. A Safe Place for Victims of Abuse. Disponível em:  https://churchleaders.com/outreach-missions/outreach-missions-articles/345873-a-safe-place-for-victims-of-abuse.html
  7. Rahel Bayar and Meira Bayar Ellias. Taking Care of the Victims. Disponível em: http://jewishstandard.timesofisrael.com/taking-care-of-the-victims/?/content/item/taking_care_of_the_victims/30533