Nós, meninas e mulheres, que somos super emocionais, temos pisado na bola quando o assunto é relacionamento – namoro, noivado ou casamento. Em nossa carência, seja a falsa necessidade de ser desejada ou mesmo o medo de ficar sozinha, trocamos rapidamente a vontade de Deus pela nossa própria, jogando no lixo a bênção de viver protegida e amparada pela Palavra do Senhor.

Se alguém te pergunta “quão disposta você está a viver o que não agrada a Deus?”, acredito que você irá responder imediatamente “não estou disposta, quero viver o que Deus tem para mim!”, no entanto, será que você tem demonstrado isso em seus relacionamentos?

Sobre isso, no texto de hoje, quero focar no namoro que, infelizmente, começa a desagradar a Deus antes mesmo de sua oficialização – na escolha do parceiro. Basta encontrarmos alguém atraente e que nos queira que já nos entregamos, mesmo que ele seja incrédulo. Sabemos que isso não é certo, mas por que não é certo? Bom, vou te dar três motivos.

  1. PORQUE É UMA ORDEM

Antes de ir diretamente para o texto bíblico que nos orienta a não nos relacionarmos com incrédulos, há algo que precisa ser fundamentado antes:

“Por isso, meus filhos, ouçam-me, pois todos que seguem meus caminhos são felizes. Ouçam minha instrução e sejam sábios; não a desprezem. Felizes os que me ouvem, que ficam à minha porta todos os dias, esperando por mim na entrada de minha casa! Pois quem me encontra, encontra vida e recebe o favor do Senhor. Quem não me encontra, prejudica a si mesmo; todos que me odeiam amam a morte”. (Provérbios 8.32-36)

Muitas vezes, olhamos para Deus como o “senhor estraga prazer”, pois nós não gostamos de muitas ordens e princípios que Ele nos deixou na Palavra. No entanto, se dermos a devida atenção ao que Ele diz, percebemos que tudo o que disse é para o nosso bem, felicidade e proteção.

No trecho acima, vemos a personagem principal de Provérbios – a sabedoria – gritando por atenção. Ela pede para que demos ouvidos ao que ela diz pois só assim andaremos por caminhos felizes, sábios, vida e favor do Senhor; e no final afirma que quem não a escuta só prejudica a si mesmo.

Meu pai costuma dizer que sabedoria é “praticar o que Deus diz”. Se sabedoria é obediência, então o que o texto nos ensina acima é que quando obedecermos ao que Deus diz em Sua Palavra, teremos caminhos felizes, sábios, vida e favor do Senhor. As ordens de Deus expressas na Bíblia não são estraga-prazeres, mas existem para nossa própria proteção. Deus quer cuidar de nós e sabe como. Que tal parar de bater a cabeça e reconhecer que o Ele ele tem o melhor caminho para você? Seguir as ordens e princípios de Deus é garantir uma vida longe de consequência desagradáveis e dolorosas, e Deus, em Sua Palavra, nos ordena a não nos relacionarmos com incrédulos:

“Não se ponham em jugo desigual com os descrentes. Como pode a justiça ser parceira da maldade? Como pode a luz conviver com as trevas? Que harmonia pode haver entre Cristo e o diabo? Como alguém que crê pode se ligar a quem não crê? E que união pode haver entre o templo de Deus e os ídolos? Pois somos o templo do Deus vivo. Como ele próprio disse: “Habitarei e andarei no meio deles. Serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Portanto, afastem-se e separem-se deles, diz o Senhor. Não toquem em coisas impuras, e eu os receberei. Eu serei seu Pai, e vocês serão meus filhos e minhas filhas, diz o Senhor Todo-poderoso”. (2Coríntios 6.14-17)

Este texto é o mais famoso quando se trata de jugo desigual, no entanto, ele não fala somente sobre namoro, noivado e casamento. Seu contexto é mais abrangente, porém suas implicações são claras quanto a relacionamentos.

Como filhas de Deus, nós somos templo do Deus vivo. Como pode o templo do Deus vivo ser profanado por aquele que não crê nEle? Sobre isso, David Merkh, em seu livro “Comentário Bíblico Lar, Família & Casamento”, diz que “Homem e mulher devem complementar-se mutuamente em serviço espiritual, unidos com uma só alma, enquanto “cultivam” os campos do mundo”.(1) Ou seja, um casal que não está unido por Cristo não cumpre seu papel principal – o testemunho. Não tem como haver união completa se o casal não está unido em Cristo.

Portanto, quando a Bíblia nos ordena não namorar um incrédulo, é Deus querendo nos dar o melhor e maior prazer que poderíamos encontrar – um relacionamento protegido, onde ambos têm a Cristo como regenerador e sustentador. Escolher quebrar este princípio que Deus nos deu é dizer que Deus não sabe nada sobre namoro e que você sabe mais do que Ele. É deixá-lO de fora do seu relacionamento. É escolher pecar a agradar a Deus. É dizer a si mesma que você prefere dividir a vida com uma pessoa que não dobra os joelhos diante de dEle do que ficar só e honrar a Deus.

  1. PORQUE NÃO HÁ SOLUÇÕES EFICAZES PARA CONFLITOS

Por causa do pecado que existe em nosso coração é óbvio que em qualquer relacionamento haverá conflito. Mas quando um dos indivíduos da relação não conhece a Deus é impossível uma resolução completa. Por quê?

“…a realidade é esta: todas as lutas horizontais são frutos de uma guerra mais profunda. A guerra mais importante, que precisa ser vencida, não é a que estão travando um contra o outro, mas a que está sendo travada neles individualmente. Para que a transformação verdadeira possa ocorrer, essa guerra precisa ser vencida”. (2)

Nossos conflitos interpessoais são reflexo do maior conflito que existe: nós e Deus. Por causa do pecado, estamos afastados de Deus, porque Ele é santo; somos como água e óleo. Mas Cristo, em Sua morte e ressurreição, é o elemento que precisávamos para que pudéssemos nos reconciliar com Deus. Somente aqueles que estão reconciliados com Ele podem reconciliar-se um com o outro.

Um incrédulo não tem condições de entender quem é Deus e de confiar na Bíblia como guia perfeito para vida do ser humano, por isso, em um relacionamento onde um dos dois não é filho de Deus, há dois sistemas de valores completamente diferentes, o que causa divisão, e como o próprio Jesus disse: “todo reino dividido internamente está condenado à ruína.” (Mateus 12.25). Logo, é impossível encontrar soluções eficazes em um relacionamento se Deus não é Senhor dos dois.

Querida moça, relacionamentos não são fáceis. Eles são difíceis porque o pecado que está no mundo está também em nós. O pecado tornou tudo desafiador, principalmente para o nosso coração, que precisa ser lapidado e moldado por Deus todos os dias. Por isso, não se envolva com alguém que não tem a Deus, o maior transformador de vidas. Somente nEle há libertação do poder e do domínio do pecado, e, consequentemente, resolução de conflitos!

  1. PORQUE SIGNIFICA PERDER PRIVILÉGIOS

Quando Deus nos deu orientações para relacionamentos, Ele quis, por meio delas, nos dar o melhor e mais prazeroso namoro. Por isso, quando não seguimos o que Ele diz, nós perdemos privilégios. E quais são eles?

  • Refletir o próprio Deus

O casamento é reflexo do próprio Deus trino, como David Merkh explica:

“Em primeiro lugar, o casal reflete unidade em diversidade, assim como vemos na Santa Trindade, onde há três pessoas distintas, com funções diferentes, mas com harmonia total. Assim Deus criou o casal para existir em duas pessoas distintas, numa união tão completa que se tornam “uma só carne” (Gn 2:24), com intimidade, harmonia e unidade. Imagine! O casal casado pode ser uma ilustração na terra da natureza divina! Por isso o casal precisa proteger o relacionamento a dois a qualquer custo, valorizando as diferenças e vivendo em harmonia.

Em segundo lugar, o casal reflete a imagem de Deus através de qualidades de relacionamento. Há aspectos da personalidade de Deus, seus atributos, que somente se veem em comunidade, tais como amor incondicional, bondade, longanimidade e misericórdia. Deus criou a família como o lugar ideal para ver estes atributos na terra.

Em terceiro lugar, descobrimos que esta imagem de Deus no casal inclui o aspecto de procriação de novas imagens. Em Gênesis 5:1-3 descobrimos que “No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez; homem e mulher os criou, e os abençoou… Viveu Adão cento e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e lhe chamou Sete.” Os filhos são fruto do amor dos pais, e pela graça de Deus também são novas imagens não somente de Deus mas também são pequenos espelhos do amor dos pais”.(3)

Quando você se relaciona com um rapaz que não tem Deus como seu Senhor e Salvador, você namora alguém que não entende quem é o Criador do casamento e o propósito do casamento e, por isso, consequentemente, não terá um relacionamento que reflete a Deus. Por isso, mulher, não perca este privilégio que é refletir a Deus em seu relacionamento. Isso é um presente enorme que Ele mesmo nos deu, pois quando O refletimos, desfrutamos do melhor namoro que podemos ter.

  • Crescer com Deus

Nosso coração peludo precisa ser depilado! Ou melhor, nosso coração pecaminoso precisa ser moldado por Deus. Para isso Deus usa os relacionamentos. Dentro de um namoro, as diferenças interpessoais são instrumento de Deus para um lapidar o outro; e isso só acontece de verdade quando ambos sabem quem é o modelo a ser seguido – Jesus.

“Dois animais ligados por um jugo precisavam ir na mesma direção e fazer a mesma coisa. (Talvez por isso Jesus chame seus discípulos a tomar sobre si o jugo dEle – Ele estabelece a direção, Ele carrega o peso e Ele nos alivia – Mt 11.28-30). Deuteronômio 22.10 adverte: “Não lavrarás com junta de boi e jumento”. Um jugo desigual entre animais de índole, força e disposição diferentes, levaria à confusão, tensão, brigas e um trabalho malfeito. Quando aplicado ao ideal divino para o casamento, cada parceiro deve fortalecer o outro em virtude do “jugo” de compromisso mútuo ligado aos dois. Assim, reforçam as fraquezas mútuas, encorajando e levantando um ao outro”.(4)

Querida leitora, ter um relacionamento crescente com Deus é algo maravilhoso. Poder ver a nós mesmas no decorrer da vida amadurecendo, tornando-nos mais sábias e desfrutando dos benefícios de ser mais parecidas com Jesus é um prazer inexplicável. Por isso, não perca o privilégio de viver isso juntamente com o amor da sua vida. Mesmo que vocês passem por momentos difíceis, é uma delícia crescer junto.

  • Desfrutar do sexo como selo do amor compromissado

Quando o nosso namorado não é crente, ele não entende que o sexo é um presente de Deus a ser desfrutado em uma fase protegida – o casamento. Deus instituiu nisso: que o casamento seja o lugar perfeito para desfrutar o nível mais profundo que poderemos chegar em um relacionamento.

Seu namorado incrédulo, não sabendo nem valorizando isso, trocara a ordem das coisas: servir a si mesmo ao invés de servir ao outro. Ou seja, o sexo vira antes do compromisso; o desejo antes do servico. 

Infelizmente, trocar essa ordem é causar confusão no relacionamento, pois a sexualidade impulsiona um falso sentimento de amor e desejo de estar junto. Muitas vezes queremos estar com alguém só pelos prazeres que o contato físico proporciona, e não pela pessoa em si. Se em nós, cristãs, nosso coração pecaminoso já tende a se relacionar com esse interesse, quanto mais o de alguém que não conhece a Deus! Como Paul Tripp disse:

“Quando vivemos em prol do reino do ego, nossas decisões, pensamentos, planos e palavras são guiadas pelo desejo pessoal. Sabemos o que queremos, onde o queremos, por que o queremos, como o queremos, quando o queremos e de quem queremos. Nossos relacionamentos são moldados por uma infraestrutura de expectativas sutis e exigências silenciosas. Sabemos o que queremos das pessoas e como consegui-lo delas. Procuramos a companhia de pessoas que sirvam aos propósitos do nosso reino, e não avaliamos essas pessoas partindo da perspectiva das leis do reino de Deus, mas da perspectiva das leis do nosso próprio reino”.(5)

Quando trocamos a ordem de Deus para o desfrute do sexo, nós refletimos um coração que tem o ego como rei, que procura um parceiro(a) para ter o que quer, que, na maioria das vezes, é o prazer sexual.

Moça, nossos desejos sexuais são naturais, por isso, manter-se pura até o casamento é um desafio para casais cristãos. No entanto, quando um relacionamento é composto por um incrédulo e um cristão, não há barreiras mútuas para a abstinência sexual, o que pode levá-la a perder o privilégio de desfrutar do sexo na hora certa e com a pessoa certa. Como Tim Keller disse em seu livro “O significado do casamento”, o ápice do ato sexual é quando o prazer dela é o prazer dele e o prazer dele é o dela(6). Esse entendimento e objetivo sexual só existe na mente daquele que tem o Senhor como centro de sua vida. Por isso, não namore um incrédulo. Caso seu namorado seja cristão, fica aqui mais um incentivo para buscarem santidade em seu namoro. O sexo é lindo e bom, desde que se aguarde o momento certo para obtê-lo. Você com toda certeza dirá “valeu a pena”!

Querida leitora, namorar é muito bom, mas, melhor ainda é namorar alguém que teme ao mesmo Deus e, consequentemente, tem a mesma direção e objetivo! Casamento é a segunda maior decisão da vida, por isso, não se deixe levar por carência, a falsa necessidade de ser desejada ou o medo de ficar sozinha. Confie em Deus e no plano que Ele tem para a sua vida! Lembre-se quem é a sua maior autoridade – Deus – e, siga o que Ele te diz. Por meio das instruções da Bíblia, Ele quer proporcionar a você o melhor da vida. Lembre-se que em seu relacionamento haverá muitos conflitos, mas somente em Deus há solução. Por fim, lembre-se que você irá perder muitos privilégios ao se relacionar com um incrédulo – como refletir a Deus, crescer nEle e desfrutar do sexo da hora certa com a pessoa certa.

Deus tem o melhor para você, Ele quer te direcionar, carregar seu peso e te aliviar e nada mais prazeroso do que viver isso juntamente com alguém que confia nEle também! Portanto, não fique ansiosa por um relacionamento, espere em Deus e obedeça-O. Esperar em Deus e obedecer a Deus pode ser difícil, mas viver uma vida cheia de consequências da nossa desobediência é bem pior!

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(1) David Merkh em “Comentário Bíblico Lar, Família & Casamento”, pg. 538

(2)  Paul Tripp em “O que você esperava?”, pg 37.

(3)  David Merkh em https://todahelohim.com/2015/04/o-proposito-de-deus-para-a-familia.html

(4) David Merkh em “Comentário Bíblico Lar, Família & Casamento”, pg. 538-539.

(5) Paul Tripp em “O que você esperava?”, pg 39.

(6) Tim Keller em “O significado do casamento”.