Eu perdi o emprego faz três meses. Por que expor isso? Porque talvez durante esses três meses eu vivi com uma vergonha absurda desse fato. Acordava e dormia pensando nisso. Onde eu falhei, o que eu posso ter feito de errado, a péssima profissional que eu sou, comecei até a sofrer porquê cheguei a conclusão que jamais chegaria onde sonho chegar. Drama queen que chama, né? Só sei que era uma espiral descendente, e cada pensamento era um degrau mais baixo. Eu cresci aprendendo em todos os lugares que “eu preciso dar resultados”. E óbvio, eles tem que ser positivos. Mas…tem mesmo?

Se você já passou algum tipo de situação semelhante a minha, talvez também na área profissional, talvez acadêmica, ou até mesmo no âmbito familiar com alguma pressão dos pais, do casamento, da maternidade entende o que eu digo sobre a pressão nos ombros que te empurra para baixo, parecendo um monstro que te lembra a cada segundo o quanto você é “incapaz”, te comparando com os outros porque “fulaninha dá conta de tudo, ela é uma esposa incrível, está em 5 ministérios na igreja, é gerente da empresa e está no segundo mestrado e eu estou aqui empacada na minha vida”, mas, quem disse para você que os resultados dos outros são os resultados que você tem que alcançar? E quem disse que você será mais feliz se alcançar todos os resultados que você criou? Porque, ninguém nunca me disse isso…mas eu acreditei com toda força no meu coração.

Essa cobrança em cima da nossa geração, gerou dois problemas: uma quantidade de pessoas encostadas porquê tem medo de tentar e uma quantidade de pessoas com ansiedade por se cobrar e tentar demais. E existe o terceiro grupo, como eu, que cada dia passeia em um dos dois grupos. Tem dia que eu desisto. Tem dia que eu surto tentando. Mas, esse realmente é o resultado que eu preciso dar na minha vida? Ser a melhor aluna? Ser a melhor funcionária? Ser a melhor? Mas para que? É para isso que eu existo? Para dar resultados?

Esses mesmos problemas são reflexos de apenas uma coisa: uma vida vivida para nós mesmos! Quando o alvo é sobre MIM, quando a meta é sobre MIM, quando o sonho é sobre MIM, quando a expectativa é sobre MIM, a única coisa que eu realmente estou fazendo é me tornando deusa de mim mesma, ao mesmo tempo em que me escravizo em mim mesma.

 Mas, como assim se endeusar e se escravizar ao mesmo tempo? Quando nós endeusamos algo ou alguém que não seja o próprio Deus Trino, todas essas coisas ou pessoas nos farão escravas porquê elas não são capazes de satisfazer os anseios do nosso coração, apenas colocar mais pressão e desespero. Então, quando eu comecei a idolatrar meus objetivos, sonhos, metas, carreira, ministério, ou qualquer outra coisa, e me senti em um espiral descendente a cada sentimento, bom, a culpa foi só minha mesmo. Não foi à toa que Salomão mandou guardar o coração, porquê dele provém à vida – isso quer dizer, tudo que eu sou (Pv 4.23).

 Perder o emprego me deu o chacoalhão de perceber que talvez estivesse colocando quem eu sou em algo que não define quem eu realmente sou. E a gente é campeã em fazer isso. Deixar que nosso emprego, diploma, relacionamento, ministério ou qualquer outra coisa nos definam. E quando isso que não nos define nos é tirado – até porque não é capaz de nos suprir – esquecemos quem nós somos.

 Nós nos tornamos aquilo que adoramos. E se falamos que adoramos a Cristo, é Ele quem eu devo me tornar um pouco mais a cada dia. Eu quero me lembrar em Cristo todos os dias quem eu sou nEle. Eu quero ser como Ele. Eu não quero dar resultados se esses resultados não forem glória para Ele. Não faz sentido viver fora do que Ele quer. 

Qualquer objetivo de dar resultados, de fazer, de acontecer, fora de Cristo não passa de idolatria disfarçada. O objetivo, o resultado, só faz sentido quando focado nele. 1Coríntios 10.31 é um versículo bem “clichê” já, mas, as coisas só se tornam “clichês” porque são as coisas mais verdadeiras. “Quer comais, quer bebais, quer façais quaisquer outras coisas, façam tudo para glória de Deus”.

Coragem minha irmã em orar para que Deus tire de nós tudo que nos afasta dEle, ou que nos faz idolatrar algo que não seja Ele. Esse tipo de oração costuma doer muito. Mas minha irmã…que vida é essa de resultados que se ganha o mundo mas se perde a alma?