Confesso que nunca pensei que trabalharia no mercado financeiro. Hoje, eu sou capaz de saber mais sobre qualquer pessoa do que ela pode imaginar. Por exemplo, com o histórico de compras de alguém consigo obter informações específicas: faixa de idade, gênero, local que mora e com quem, hobbies, se é fitness ou não, se tem animais, etc. Posso ir ainda mais a fundo e, a partir do seu extrato bancário, consigo saber se você gasta mais do que tem, ou se é boa administradora. Sei se você é generosa, ou apenas preocupada com as próprias necessidades.

O que fazemos com o nosso dinheiro diz muito sobre nós. Tomamos decisões a todo momento em relação aos nossos gastos e muitas vezes não paramos para refletir o que isso tem mostrado sobre quem somos, no que acreditamos e se essa fé faz diferença em nossa vida. Tomar boas decisões em relação ao uso do nosso dinheiro não é fácil. Um homem muito sábio um dia perguntou: “De que serve o dinheiro na mão do tolo, já que ele não quer obter sabedoria?” (Provérbios 17:16)

Em um mundo repleto de possibilidades para desperdiçar nossos recursos e cheio de pessoas vivendo para acumular riquezas, te convido a repensar alguns princípios úteis para escolhas a respeito do dinheiro.

Sei que tudo o que eu tenho vem de Deus.

“Não digam, pois, em seu coração: ‘A minha capacidade e a força das minhas mãos ajuntaram para mim toda esta riqueza’. Mas, lembrem-se do Senhor, o seu Deus, pois é ele que dá a vocês a capacidade de produzir riqueza, confirmando a aliança que jurou aos seus antepassados, conforme hoje se vê.” (Deuteronômio 8.17,18)

Quando uma batata é cultivada por um agricultor, a responsabilidade dele é de plantar, regar e esperar o tempo certo de colher. Porém, pode ele dizer que foi quem fez crescer o vegetal? Quanto mais nós podemos falar por aí: “eu consegui o meu emprego”, “eu mereço o meu salário/mesada”, “tudo o que tenho fui eu que conquistou.”

Podemos dizer que nossa vida é o resultado de escolhas humanas sob a providência de Deus. O Senhor promete comida e roupa (Mateus 6), isso não descarta nossa responsabilidade de poupar com prudência e administrar com sabedoria.

Sei que preciso ser satisfeita com o que tenho e, ainda, ser boa administradora disso.

“Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará; e quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isto é vaidade.” (Eclesiastes 5.10)

Riqueza é uma característica muito relativa. Duas pessoas podem ter a mesma quantidade de recursos e uma se considerar extremamente pobre e outra extremamente rica. Não é errado comprar coisas ou buscar um emprego que pague melhor, o problema está em viver em função disso. Desde não tomar cuidado com suas coisas, reclamar do que você tem, sempre ter em mente sua próxima compra ou até gastar demais seu dinheiro são atitudes que podem indicar ingratidão, insatisfação e uma administração ruim do que Deus tem te dado.

Não tem uma quantidade certa, Deus dá a seus filhos o quanto quer e espera nada menos do que uma boa mordomia disso. O segredo é entender o que nos é suficiente, e tudo o que vem depois é extra. Quando compreendemos quão valiosa é a salvação do nosso Senhor Jesus Cristo e as consequências disso em nossa vida, consideramos esse o nosso maior tesouro. Todo o resto são presentes de Deus, que sempre nos trata com graça e não como realmente merecemos.

Uma dica: saiba o quanto você gasta e com o que gasta – ter uma visão clara disso nos mostra o que tem sido prioridade e o quanto estamos deixando de lado. Assim você tem base para saber onde gastar, com o que gastar e, ainda, saber dizer não a você mesma quando for necessário.

Sei que a generosidade molda caráter.

“Ordene-lhes que pratiquem o bem, sejam ricos em boas obras, generosos e prontos a repartir. Dessa forma, eles acumularão um tesouro para si mesmos, um firme fundamento para a era que há de vir, e assim alcançarão a verdadeira vida.” (1 Timóteo 6.17-19)

É verdade, a generosidade não é algo natural. Mas quando me forço em ser sensível ao próximo, percebo que aos poucos isso vai se tornando cada vez mais natural. Ao exercitarmos a generosidade, colocamos nosso foco no outro. Tiramos a atenção que temos com nossos problemas e vontades e fixamos os olhos nas coisas que realmente importam (Colossenses 3).

E como fazer isso? Seja intencional. Use seus recursos a serviço do Senhor. Saiba o quanto você pode doar e contribua para expandir o Reino. Não tem dinheiro? Gaste seu tempo em orações por pessoas queridas e/ou inimigas. Contribua na sua casa com as tarefas domésticas. Ajude em algum lugar que precise de voluntários. Dê caronas! Com isso, sentimo-nos mais satisfeitos com o que temos pois vemos o real valor das coisas que realmente importam.


Não sei quanto tempo ainda vou trabalhar nessa indústria, muito menos como vai ser minha vida financeira no futuro. Porém minha tranquilidade está na decisão mais importante da minha vida: ter contentamento em obedecer e seguir a Cristo, independentemente da quantidade de dinheiro que eu tiver.

Com isso, posso descansar na promessa de sustento do Pai, usar todos os meus recursos para a glória dEle e experimentar do convite que Ele faz para uma vida em abundância do que realmente importa.