Era um sábado normal na casa das minhas amigas gêmeas e, como toda criança de nove anos, no fim do dia eu queria emendar uma festa de pijamas com elas. Quando minha mãe chegou para me buscar no horário combinado, a conversa foi mais ou menos assim:

– Vamos, filha, já é hora de ir para casa.
– Mãe, posso ficar até amanhã?
– Não, não dá. Temos que ir para casa. Não gosto que você fique na casa dos outros tanto tempo.
– Não acredito que você está fazendo isso! [Drama] Por favor, por favor, por favor, por favor!!!
– Hummm… – Sua hesitação foi uma brecha para eu continuar insistindo. Mas não funcionou. – Não. Vamos para casa.
– Você é a pior mãe do mundo! Nunca mais fale comigo!

Duro, né? Minha mãe obviamente ficou muito magoada. Naquele dia, fomos para casa e, é claro, não tive festa de pijama nenhuma. Sei que não sou a única que cometeu um erro como esse alguma vez. E essa com certeza não foi a última ocasião em que magoei minha mãe com palavras. Embora esse exemplo seja de criança, pense comigo: como filha, quantas vezes magoamos nossas mães? E quantas dessas vezes ocorrem porque esperamos que elas sejam perfeitas? Já parou para pensar nisso? Como é fácil “perdoar” as pessoas fora de casa, mas tão difícil ter misericórdia com nossa mãe! Alguns dias após aquela briga, senti um peso na consciência. Sabia que o que eu havia falado não era verdade, então pedi perdão para ela.

Você pode ser daquelas meninas que têm um relacionamento muito bom com a mãe ou daquelas que brigam com ela no mínimo uma vez por dia. Pode ser das que não conseguem concordar sobre qualquer assunto por acreditar que “ela simplesmente não entende” ou daquelas cujo relacionamento com a mãe é só de amizade e, por isso, têm dificuldades para enxergá-la como autoridade. Não importa em qual ou quais categorias você se encaixe; se você é crente no Senhor Jesus e acredita que Ele é seu Senhor, eis o que Deus quer que você saiba sobre sua mãe:

1. Ela é uma autoridade colocada por Deus em sua vida

Efésios 6.1 afirma: “Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo.” E em Colossenses 3.20, lemos: “Filhos, obedeçam a seus pais em tudo, pois isso agrada ao Senhor.” O contexto deste último texto é maravilhoso, porque, desde o começo do capítulo três, Paulo escreve sobre como, antes de conhecer a Jesus como nosso Salvador, vivíamos na desobediência, mas, agora que somos filhos de Deus, devemos e podemos, pelo poder do Espírito Santo, abandonar as nossas antigas práticas. Devemos deixar para trás a ira (falta de paciência), a maledicência (falar mal de alguém), a maldade (retribuir o mal com mal, buscar vingança) e mais.

Começar a obedecer aos pais em TUDO [1] não é fácil nem natural, porque a inclinação do nosso coração pecaminoso é a rebeldia. Mas a desobediência faz parte das coisas que devemos abandonar. Por isso, peça, implore que Deus lhe mostre o que precisa melhorar nessa área a fim de agradá-lO. Peça forças para ser a filha que Ele quer que você seja e, assim, poderá ser mais do que prazeroso obedecer aos nossos pais terrenos e ao nosso Pai Celestial. Sua mãe, assim como a minha, é uma autoridade à qual precisamos obedecer e respeitar.

2. Ela não é perfeita

Como a minha mãe, a sua também erra. A lembrança que compartilhei antes mostra que, naquele momento, minha mãe não soube como me dar uma ordem – ou provavelmente se deixou atrapalhar por seus sentimentos. Sim, nossas mães podem errar todos os dias – e talvez você não tenha dificuldades em reconhecer esse fato. Mas com frequência precisamos lembrar que elas também são pecadoras (como nós) que precisam do amor de Cristo. Elas também são (como nós) alvos da misericórdia de Deus, conforme lemos em Lamentações 3.22: “Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis.” As misericórdias de Deus são renovadas sobre a sua mãe também! Jesus Cristo morreu e ressuscitou pela vida dela também!

Como prisioneiro no Senhor, rogo-lhes que vivam de maneira digna da vocação que receberam. Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor. Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, assim como a esperança para a qual vocês foram chamados é uma só; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos. (Efésios 4.1-5)

O próprio Deus ensina que devemos suportar uns aos outros. E “suportar” significa não só “aguentar”, mas, também, levar o peso dos nossos irmãos. Se sua mãe é crente, ela não “apenas” leva o título de “mãe”; é sua irmã em Cristo também. As duas pertencem ao mesmo corpo e têm o mesmo Senhor. Se ela erra, você também é afetada como parte do mesmo corpo. No versículo acima, Paulo faz um chamado à unidade, e a unidade só pode ser alcançada com paciência. Porém, a paciência não é natural ao ser humano – e é por isso que devemos nos esforçar, negar a nós mesmas, entregar cada pensamento de impaciência ao Senhor e, toda vez que errarmos com nossa mãe, confessar e continuar lutando contra o pecado.

Se sua mãe não é crente, ainda assim merece todo, absolutamente todo o seu respeito e honra. Efésios 6.2, que muitas talvez saibam de cor (“Honra teu pai e tua mãe” – este é o primeiro mandamento com promessa –  “para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a terra”) não diz respeito às mães perfeitas, que nunca erram e que são o maior exemplo de moralidade e paciência. Não, esse versículo é para todas nós. Sim, nós, crentes – tendo mães crentes ou não – temos o dever honrá-las, tratando-as com todo o respeito que merecem como autoridades designadas por Deus e instrumentos que Ele usa para nos moldar.

Naquele dia, minha mãe errou e eu também. Não foi a última vez dela nem a minha, mas o que diferencia uma filha temente ao Senhor é que se arrepende e continua lutando contra si mesma. Luta contra a própria vontade de contradizer a mãe, rejeitar os seus conselhos, virar a cara quando ela repete algo pela “enésima” vez e demonstrar desprezo e impaciência. Por outro lado, a filha que não está interessada em fazer a vontade do Pai simplesmente continua errando repetidamente nas mesmas áreas sem sequer tentar fazer o certo. Essa é a diferença. A nossa luta contra o pecado, motivada pelo temor ao Senhor, reflete diretamente no relacionamento com a nossa mãe. Como Paulo escreve em Efésios 4.1-5, devemos procurar viver de maneira digna da vocação que recebemos. Minhas irmãs, não esqueçamos a nossa vocação.

[1] A única exceção para essa regra é se nossos pais pedirem para pecarmos. Conforme Atos 5.29, “É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens”.