A batalha é árdua por aqui, eu não sou tão santa quanto deveria, existe uma guerra dentro de mim!

Conhecem esse sentimento? 

O nosso máster apóstolo Paulo também se sentia assim:

Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim.” (Rm 7:19,20)

Tenho a impressão de que nós mulheres estamos muito focadas em falar sobre feminilidade bíblica, e isso é muito bom. Há uma infinidade de livros, grupos de discipulado, “design divino”, palestras em nossas igrejas, que benção!

Por outro lado, quando se trata do tema santidade, não nos engajamos da mesma maneira. 

Será que estamos muito mais interessadas em aprender a ser “doces e boas meninas”, “esposas excelentes”, mulheres como aquela de provérbios 31, do que em ser santas?

Por que é tão mais fácil falar sobre feminilidade Bíblica, do que sobre as dificuldades na busca por santidade?

Doces e boas meninas também enfrentam lutas relacionadas à santidade, inclusive no quesito pureza sexual e nós precisamos falar sobre isso!

  1. O que santidade tem a ver comigo?

O nosso Deus ordena que sejamos santos, porque Ele é santo (1 Pe 1:15-16). 

Você pode pensar: “Ah, tá! Fácil falar… como supostamente devo fazer isso? Você não sabe o que se passa aqui dentro, pra falar uma coisa dessas…”. 

Realmente, se essa ordem fosse desprovida de qualquer providência divina, não seriamos capazes de cumpri-la. Ainda que empreendêssemos todos os nossos esforços e boa vontade, jamais seriamos capazes de nos tornar santos.

A boa nova é que Deus é sábio e bom em tudo o que faz e ordena, Ele não nos deu ordens impossíveis de serem cumpridas, muito menos nos deixou sozinhas nessa tarefa.

Pela fé em Cristo Jesus, fomos feitas filhas de Deus (1:12), nascemos de novo nEle. Na prática, isso significa que quando Deus olha pra nós, ele não vê o nosso pecado, Ele vê perfeição, Ele vê Cristo!

Fomos lavadas e purificadas pelo sangue do nosso redentor. Na cruz, Ele nos tornou SANTAS.

  1. Quer dizer que, pela fé, Cristo me tornou santa, então porque ainda peco?

Precisamos adentrar um pouco na doutrina da santificação. Existe uma diferença entre santidade posicional – aquela que recebemos como dom de Deus (Hb 10:10) – e santidade progressiva, relacionada à vida diária; aquela, sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb 12:14).

Kevin Deyoug explicou essa questão da seguinte forma, na obra “Brecha em nossa Santidade”, cuja leitura recomendo fortemente:

Em Cristo, cada crente possui a de-uma-vez-para-sempre santidade posicional, e por meio dessa nova identidade cada cristão recebe a ordem de crescer no processo de santidade contínuo-pela-vida-toda (Fl 2.12-13).”

Por isso, apesar de termos sido tornadas santas em Cristo, ainda vivemos sob a influência do pecado e lutamos contra desejos carnais, dada a inclinação natural do nosso coração para o mau (Mt 15:19; Mc 7:21).

  1. O que faço com os meus desejos pecaminosos?

Não tenho a pretensão de esgotar um tema tão complexo num simples tópico deste artigo, mas gostaria de trazer um pouco do que Deus me ensinou quando travei minhas próprias lutas contra o meu coração cobiçoso. Meu desejo é que o Espírito as ilumine para enfrentar e vencer em Cristo as suas próprias questões.

Quando moças solteiras enfrentam tentações na área sexual, elas tendem a acreditar que o problema está em seu estado civil, não em seu coração. Elas podem ser tentadas a culpar a Deus por esses desejos não satisfeitos, afinal, foi o Senhor que ainda não as deu um marido piedoso.

O problema dessa abordagem é que ela tira o foco de nós mesmas e o direciona para as circunstâncias. Não são as circunstâncias que nos fazem pecar, muito menos Deus a ninguém tenta, mas sim a cobiça do nosso próprio coração (Tg 1:13-15).

Para vencer essa batalha precisamos reconhecer em humildade o nosso pecado, primeiro diante de Deus; pedir perdão e clamar ao Santo Espírito que interceda por nós e nos capacite a crescer em sabedoria e graça para vencer a luta conta o pecado.

Além disso, algumas estratégias nos ajudam a perseverar nessa batalha:

> Não lute sozinha: confesse o seu pecado a uma mulher cristã apta a te instruir na Palavra e acompanhar em oração e prestação de contas.

> Guarde o seu coração: não sei qual especificamente luta você enfrenta, mas você precisa se poupar de influências malignas, identifique os gatilhos que te fazem cair e seja radical, guarde os seus olhos e a sua mente (lembre-se da orientação de Jesus: “se o teu olho te faz pecar: arranque-o).

> Vença pelo poder do Espírito: o maior interessado na nossa santificação é o próprio Senhor, Ele a opera em nós. Pare de tentar vencer pelas suas próprias forças e invista num relacionamento real com Deus. À medida em que o buscamos, somos santificados e quanto mais cheios dEle somos, temos menos necessidade de satisfazer aos nossos desejos egoístas e autocentrados.

> Se cair, desfrute do perdão de Deus e recomece de onde parou: há júbilo no céu quando um pecador se arrepende (Lc 15:7). Não importa o quão longe você tenha ido ou quantas vezes tenha falhado, a graça do Senhor é suficiente para te lavar de todo o pecado e te fazer avançar no processo de santificação, até chegar o dia em que não haverá mais luta, nem choro, nem dor (Ap 21). 

Tenha fé na promessa de que obedecer ao Senhor e alegrar-se em sua presença te trará mais gozo do que qualquer a satisfação de qualquer desejo fugaz!

Vitória Maria Carvalho