Começou a “cair a ficha”, como em muitos outros momentos da minha vida, dentro do meu carro.

Estava parada em frente ao meu primeiro apartamento em Nashville conversando no telefone com um rapaz que estava namorando a distância há alguns meses. Nós estávamos tendo mais uma daquelas difíceis conversas “deveríamos estar namorando?”, na qual eu estava nervosa enquanto ele, confiante, tentava argumentar comigo.

Finalmente ele me fez a pergunta que eu não queria responder, não para mim, e certamente não para ele: “Você tem borboletas no estômago quando está comigo?” Fiquei em silêncio. A resposta eu já sabia há algum tempo, e era não, mas eu não podia falar isso para ele. Da mesma maneira, absolutamente, não poderia continuar do jeito que estava, sabendo que não estava tendo os sentimentos por ele que achei que deveria sentir. Então, em um momento de inexplicável ousadia e honestidade eu respondi: “Não, não tenho. Eu aprecio estar com você, mas eu não tenho aqueles sentimentos que já tive com outros caras no passado”.

Me senti aliviada. Finalmente eu tinha falado, mas ao mesmo tempo, eu sabia que essas palavras significavam um término.

Mas, em vez de ouvir uma voz surpresa, com o coração partido e decepcionado na outra linha, eu ouvi, um homem ainda confiante imperturbável dizer: “Eu não sinto as borboletas no estômago por você como eu senti por meninas no passado também.”

O QUÊ? VOCÊ NÃO TEM? POR QUÊ? ENTÃO POR QUE AINDA ESTAMOS JUNTOS? Meu coração não bate tão forte cada vez que você pega na minha mão, e o seu também não. Claramente, isso não vai dar certo.

Então ele começou a falar sobre algo que eu não tinha entendido: a ideia de que relacionamentos não são somente sobre sentimentos. E com sua calma explicação, a ficha começou a cair.

Se você fosse minha amiga na faculdade e começasse a namorar alguém, com certeza eu te questionaria sobre seus sentimentos: “Gosta realmente dele? Ele te dá borboletas no estômago?” Se você hesitasse na resposta de alguma dessas perguntas, eu te encorajaria a não continuar com esse cara. Não, você não gosta dele. Vá em frente, a fila anda. Você precisa de paixão, sentimentos, felicidade, borboletas no estômago, “fogos de artifícios”. Se alguma dessas coisas está faltando, então você está errada – e sim, eu quero dizer errada mesmo – em namorar aquela pessoa.

De onde eu tirei essa ideia? As suspeitas normais: de um filme romântico, de revistas, da Disney, da minha fértil imaginação. E de onde eu não tirei essa ideia? Da Bíblia, de onde todas as ideias para uma pessoa cristã, como eu, deveriam se originar. Ainda assim, de alguma maneira, eu ignorava a  verdade bíblica quando havia um “partido” para um relacionamento com potencial.

Você sabia que Jesus nunca falou sobre borboletas no estômago? Nem Paulo ou outro livro bíblico. Na minha ignorância sobre o que era importante nos relacionamentos, eu não estava entendendo o amor como ele realmente é.

Sabe aquela passagem que você sempre escuta em casamentos? “O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Co 13.4-7). Não procura os seus interesses. Eu estava ignorando esse ponto e estava criando as minhas filosofias sobre namoro que satisfizessem meus desejos.

Foi naquele momento, no carro e ao telefone, que percebi que havia deixado de lado a intenção de Deus para o casamento e que estava sendo muito esgoísta nos meus relacionamentos até então, riscando da minha lista os homens de Deus que não me faziam ter borboletas no estômago. Eu achava que precisava disso para sustentar um relacionamento.

Mas é claro, é preciso um equilíbrio.

Antes do pêndulo ir demais para só um dos lados, eu também percebi que não podia concordar em passar o resto da minha vida com um cara só porque ele é cristão. Se você está entediada em um jantar com um cara ou tem repulsa quando ele pega na sua mão, então você estará entediada quando estiver casada com ele e terá repulsa quando ele pegar em sua mão. Pessoas entediadas não são pessoas realmente vivas. E de acordo com Ireneu, “A glória de Deus é um homem completamente vivo”.

Então, eu agora me percebo navegando nas águas de não ser tão dependente de sentimentos, mas não completamente alheia a eles. É complicado, mas acredito que é preciso um equilíbrio, e estou aliviada por não precisar depender dos meus sentimentos inconstantes.

Epílogo: O cara do telefone e eu não demos certos no final, mas sou eternamente grata pelas lições que ele me ensinou e por ter iluminado meus pensamentos distorcidos sobre como duas pessoas deveriam viver juntas.

 

Por Andrea Lucado

Traduzido por  Marília Berti e Elisabeth Bergmann

Fonte original: http://loveandrespectnow.com/2014/07/is-love-a-feeling-balancing-butterflies-by-andrea-lucado/