“Eu vou ficar sozinha pra sempre”. “Estou gorda”. “Será que eu sou realmente salva?”

Se você é mulher, essas e outras “paranoias” já passaram pela sua cabeça. Às vezes não estamos nem em uma situação que nos faça pensar nisso, mas quando percebemos, não só estamos pensando como também sofrendo, criando teorias, fazendo planos e, se duvidar, até chorando (principalmente na TPM).

O termo “paranoia” é usado na psiquiatria para designar problemas psíquicos e tem origem na língua grega, tendo sua tradução literal algo como “além da mente”, (“pará” – ao lado, além; “nóous” – mente). Assim, as “paranoias” femininas nada mais são do que uma visão turva da verdade, que ultrapassa a razão. Nós, mulheres, temos o nosso coração pecaminoso muito mais inclinado que o dos homens para a emoção (e isso usado de maneira equilibrada é algo bom), mas, muitas vezes, nós deixamos que nossos sentimentos nos guiem ou controlem nossa mente, perdendo de vista o culto racional que Paulo ordena que tenhamos em nossa vida (Rm 12.1).

Pensando nestas situações, que muitas vezes causam problemas reais em nossa vida e relacionamentos, vamos hoje, juntas, aprender a identificar uma paranoia e como lidar com ela.

“Por fim, irmãos, quero lhes dizer só mais uma coisa. Concentrem-se em tudo que é verdadeiro, tudo que é nobre, tudo que é correto, tudo que é puro, tudo que é amável e tudo que é admirável. Pensem no que é excelente e digno de louvor” (Filipenses 4.8).

Neste capítulo, Paulo nos ensina a não andarmos ansiosos por nada, mas a buscarmos a Deus em oração (v. 6). Muitas vezes, as “paranoias” que criamos em nossas mentes não passam de ansiedades e falta de confiança em Deus, quando pensamos que Ele não é bom o suficiente para cuidar daquela situação e, então, somos nós que temos que resolvê-la.

É justamente a partir desse tipo de pensamento que surgem as mentiras, e a nossa cabeça começa a nos pregar peças. Pensando no versículo acima, vamos analisar quatro palavras que Paulo usa para definir como devem ser os nossos pensamentos, e usá-las como um “passo-a-passo” para avaliar um pensamento como verdadeiro ou como “além da mente”.

Tudo que é verdadeiro.

Essa é fácil. O oposto de tudo que é verdadeiro é tudo aquilo que é mentira. Pensemos, por exemplo, em uma frase comum na boca de muitas mulheres: “Meu corpo é horrível, não consigo me sentir bem com ele”. Por que isso é uma mentira? Porque o Senhor criou cada um de nós com total cuidado e carinho (Sl 139.13), como um oleiro que esculpe sua obra de arte com foco e capricho (Gn 2.7). Se tudo que Deus faz é bom (Gn 1.31), essa primeira “paranoia” já pode ser rejeitada, porque se seu corpo é realmente horrível e não é bom, então Deus é um mentiroso.

É por essa razão que ideias como “talvez fosse melhor que eu morresse” ou “todos viveriam melhor sem mim” não fazem o menor sentido. Deus nos ama, nos sustenta, e cuida diariamente de cada um de nós, tornando nossa existência digna e cheia de significado. Lucas 12.7 diz “Vocês valem mais que muitos pardais”.

Por isso, o primeiro passo, para identificar um pensamento que surge, é ver o que a Palavra de Deus tem a nos dizer sobre ele: se ele nega algo que a Bíblia diz ou nega algo sobre quem Deus é, já podemos riscar ele da nossa mente, porque nunca será verdadeiro.

Tudo que é nobre.

Um possível sinônimo para este termo é “respeitável” e tem a ver com a reverência que temos diante daquilo que é digno. Se o Senhor diz que algo merece respeito, então eu preciso valorizar esse assunto também, zelando por ele com atenção.

Na prática, isso implica em submeter todas as nossas ideias aos valores do próprio Deus e não àquilo que julgamos ser correto (2Co 10.4-5). Em meio a pensamentos como “será que consigo namorar alguém mais bonito?” ou “será que vou ser feliz sem a condição financeira que desejo?”, devemos observar aquilo que realmente merece nossa “reverência” e tem valor intrínseco. Isso é definido por Deus e não pela sociedade.

Tudo que é correto.

Essa expressão pode ser traduzida como “tudo que é justo”. Nós temos muitos pensamentos injustos, principalmente em nossos relacionamentos. É comum meninas ciumentas ou inseguras não lidarem bem com estes sentimentos e terminarem em pensamentos como: “se ele demora pra responder é porque está falando com outra”. Os nossos julgamentos devem também ser justos para com o caráter da outra pessoa envolvida, seja Deus, namorado, noivo, pais ou amigos.

Não devemos pensar algo sobre alguém sem um julgamento justo. O melhor caminho, em casos como estes, é fazer perguntas como: “esse meu pensamento faz sentido? Essa pessoa já me deu razão ou motivos para levantar dúvidas do sentimento e da palavra dela?” Se a resposta continuar sendo “não”, então você já sabe: pode riscar. Ideias como “não tenho amigos de verdade” ou “ninguém liga para mim” também são exemplos de julgamentos precipitados.

Seja justa com as pessoas que você tem ao seu redor. Lembre-se que elas não são obrigadas a lidar com todas as suas paranoias. Muitos namorados terminam seu relacionamento porque a menina fala coisas sem pensar que não são verdadeiras e ofendem o rapaz. Se você ainda não tem certeza sobre seus pensamentos serem verdadeiros ou não, guarde-os para você por um tempo e ore a respeito deles antes de sair compartilhando-os com os outros, e se arrependendo depois.

Tudo que é puro.

O oposto de puro é tudo aquilo que é impuro. A Bíblia usa o sentido de pureza para se referir a santidade muitas vezes. Então, um pensamento impuro é qualquer pensamento que nos leve a pecar por ferir a nossa santidade. Muitas mulheres, por já terem experimentado contato com masturbação ou pornografia, criam em suas mentes ideias distorcidas sobre o sexo que vão “além da mente”, fugindo daquilo que Deus planejou para o casamento. Suas “paranoias” sobre as expectativas de seu marido ou seus próprios temores quanto à realização da vida conjugal podem tornar-se impuro à medida que “misturamos” padrões mundanos àquilo que Deus criou para ser puro. Foi ele quem disse que “o casamento deve ser honrado por todos; o leito conjugal, conservado puro; pois Deus julgará os imorais e os adúlteros.” (Hb 13.4)

Outro caminho para definir uma “paranoia”, é ver se aquele pensamento te leva a ferir a santidade de Deus e, depois, o seu processo de santificação. Ideias como “Deus não é justo comigo” podem revelar um coração rebelde à santidade daquilo que Deus faz, por mais “injusto” que possa parecer.

Meninas, nossa mente pecaminosa muitas vezes nos levará a pensar coisas que não devíamos, que não são verdadeiras, mas que acreditamos que são. Criamos uma tempestade em copo d’água e afetamos as pessoas ao nosso redor com nossas reações a estes pensamentos. Faz parte da nossa luta contra o pecado disciplinar e treinar a mente para resistir a esses pensamentos quando eles surgirem. Não é por acaso que Paulo dá uma ordem para que nos “concentremos” em virtudes.

Vamos enumerar uma entrevista para identificar uma possível “paranoia”:

  1. Veja se aquilo é verdadeiro. O que a Bíblia tem a dizer sobre isso?
  2. Veja se é nobre. Esse pensamento reflete os valores de Deus?
  3. Veja se é justo. O meu julgamento está sendo justo com o caráter e as atitudes da pessoa em meus pensamentos?
  4. Veja se é puro. Esse pensamento fere a minha santidade ou ofende a Deus?

Se o seu pensamento for reprovado em uma (ou em todas) as perguntas, trata-se de um pensamento “além da mente” e deve ser eliminado antes que cause mais problemas.

Pecados da mente são, muitas vezes, mais difíceis de tratar do que pecados “externos” por se tratarem de coisas que nem todos podem ver além de você e Deus. Se você luta contra esse tipo de pensamento, não desista! Continue confiando na graça de Deus e peça ajuda a Ele nessa caminhada. Procure uma pessoa de confiança e compartilhe da sua dificuldade para que ela possa te exortar caso você volte a ter pensamentos como esse. Nesta guerra, lembre-se que “na luta contra o pecado, vocês ainda não resistiram até o ponto de derramar o próprio sangue” (Hb 12.4).