Antes mesmo de nossas vidas serem completamente transformadas por uma surpreendente pandemia mundial, muitas pessoas já lutavam com a ansiedade. Outra com o medo, a cobiça, a avareza…e eu poderia fazer aqui uma lista infinita de pecados que “tenazmente nos assediam”, como afirma a carta aos Hebreus. Claro que essa nova situação trouxe nos revelou um nível mais profundo de preocupação e desespero, mas a verdade é que tudo isso já estava lá dentro, no coração de cada um.

Quando eu estava começando a escrever esse texto (antes desse clima de “Walking Dead” ter tomado conta da nossa sociedade), pensei em falar de um problema recorrente que não só encontro dentro de mim mesma, mas também percebo quando converso com pessoas cristãs. Poderia resumir essa questão em uma frase: “eu não consigo”. Você sabe do que eu estou falando. “Eu sei o que a Bíblia fala sobre ansiedade, mas…”, ou “Eu sei o que a Bíblia me ensina sobre o ciúme, mas…”, “Eu sou cristã e creio verdadeiramente em Cristo, mas…” e aí vem uma longa lista de justificativas “…eu não consigo colocar em prática”, “…eu não sinto vontade de ler a Bíblia”, “…eu simplesmente não sinto alegria”, e a lista também é infinita.

Então hoje, quero que você pare e pense um pouco a respeito dessa situação. Você, cristã, crente em Jesus e em Sua obra redentiva. Por que você não consegue? Se Cristo prometeu uma vida plena, alegria inesgotável, poder do Espírito para vencer o pecado, e tantas outras coisas preciosas…por que não vivemos isso? Recentemente encontrei essa reflexão no livro “Mulheres aconselhando mulheres”, da Elyse Fitzpatrick (ótima indicação de livro, por sinal!) e gostaria de compartilhar um pouco do que aprendi nessa leitura. 

Normalmente vivemos um eterno ciclo improdutivo de “problema-esperança-desespero-problema-esperança-desespero”. Já passou por isso? Você tem um problema, por exemplo, de não conseguir vencer a ansiedade e a gula. Toda vez que fica ansiosa come e isso aumenta seu peso, diminui sua saúde e também diminui satisfação. A cada dia é necessário mais para trazer satisfação. Quando você busca ajuda, cada um fala que a solução está em alguma coisa: está em você mesma (autoimagem/autoestima), está na mudança de um comportamento (parar de comer, ser disciplinada), está na leitura de um livro (leia esse livro e você vai vencer esse pecado!), ou em um vídeo/pregação do youtube, ou conversar com alguém (fulana já passou por isso e com certeza pode te ajudar!), ou até mesmo na Palavra de Deus (leia versículos sobre a gula e a ansiedade!), mas nada realmente soluciona o problema. Assim você vai e volta e sente como se estivesse “correndo atrás do próprio rabo”, mas sempre acaba frustrada no mesmo pecado.

A verdade é que vivemos isso porque muitas vezes tentamos usar a Bíblia como um livro de autoajuda, que vai nos ajudar a “nos consertarmos” sozinhas. Mas uma verdade bíblica que temos que entender é que NÓS NÃO CONSEGUIMOS SOZINHAS. Como afirma o livro, “Entender essa verdade pode parecer algo desolador, mas na verdade é libertador. Aceitar nossa limitação é o primeiro passo para a verdadeira mudança bíblica.” (p. 24). 

Se o primeiro passo é aceitar sua limitação, então qual o segundo passo? Bom, se você finalmente entender que não vai conseguir mesmo e aceitar isso de uma vez por todas, então você tem que PROCURAR AJUDA NA PESSOA CERTA. Isso significa também mudar a sua perspectiva sobre o que Deus: quem Ele é, o que Ele PODE ou NÃO PODE fazer. Deixe-me compartilhar mais um trecho precioso:

“A Bíblia diz que o que está errado com nossas vidas e a vida de todos é que pecamos – essa pobreza de amor é chamada pecado. Pecado é uma recusa em amar a Deus ou ao nosso próximo, ignorando os dois grandes mandamentos da lei de Deus (Mt 22:36-40). Por que não amamos a Deus e aos outros como deveríamos? Não amamos porque não cremos que somos amados (1 Jo 4:19). Nos recusamos a crer que Deus seja tão amoroso quanto Ele diz ser. Porque não cremos que “Deus é amor” (1 Jo 4:8, 16), ficamos aquém da intenção amorosa de Deus para nossas vidas e criamos outros deuses menores para assumir Seu lugar – deuses que nos fazem sentir amados, deuses como a aceitação, o poder, a segurança e o conforto. Isso é chamado idolatria. Todo nosso pecado flui de incredulidade e idolatria: incredulidade que Deus é tão amoroso e bom como diz ser; idolatria que temos que viver para nós mesmos e cultuar a ninguém mais além de nós mesmas para sermos felizes. Apesar de várias de nós sermos cristãs há décadas, todas lutamos para crer na bondade de Deus e adorar somente a Ele.” (p.26)

Que verdade importante! O que a autora está dizendo, em outras palavras é que O QUE VOCÊ PENSA SOBRE DEUS DETERMINA COMO VOCÊ VAI VIVER. A pessoa que diz constantemente “Eu não consigo”, está na verdade afirmando “Eu não confio”: “Eu não confio que a Bíblia seja suficiente, preciso buscar algo mais para vencer o meu pecado”, “Eu não confio que o sacrifício de Cristo foi o suficiente, preciso carregar também a culpa pelos meus pecados e ficar remoendo ela em meu coração, pois a graça de Deus não pode cobri-los”, “Eu não confio que Deus possa ser bondoso e operar para o meu bem através de uma desgraça como essa”. Mas, queridas, Deus prometeu e afirmou o OPOSTO disso em Sua Palavra! Para aquela que não confia na Bíblia, ele disse que a Bíblia é poderosa para discernir o pecado e vencê-lo (Hb 4:12, Ef 6:17), para aquela que não confia no sacrifício de Cristo, Ele afirma que foi suficiente para todos os pecados (Hb 10:1-18) e para aquela que não confia em Deus em meio a adversidade, Ele promete que tudo que acontece conosco coopera para o nosso bem (Rm 8:28-29). 

Na verdade, o que acontece em nosso coração é a mesma coisa que aconteceu com Eva no Éden. “Foi assim que Deus disse…?”, perguntou a serpente, e então começou a sugerir que Deus não era amoroso (não deixava comer nenhum fruto), que Ele não era bondoso, mas sim egoísta (estava escondendo deles a verdade) e nem poderoso e soberano, pois a qualquer momento Eva e Adão poderiam se tornar como Ele, bastava comer do fruto. Então, com esse ataque ao que EVA PENSAVA SOBRE DEUS, a serpente conseguiu que ela não confiasse mais nEle, e aí o resto vocês já sabem.

Então, queridas, quando afirmamos como cristãs que “A Bíblia é suficiente”, ou que já temos “tudo o que precisamos para vencer o pecado”, não estamos afirmando que você deve ler a Bíblia como palavras bonitas de consolo, ou mantras para o sucesso. Estamos afirmando que a Bíblia contém TODAS AS VERDADES ESSENCIAIS SOBRE DEUS, e que se você confiar nEle de coração, VAI VENCER!

Pense aí, quais são os problemas que as mulheres cristãs costumam ter, crendo que a Bíblia não pode ajuda-las? E quais são os problemas que você tem e que não crê que Cristo ou a Bíblia possam ajudar? Com qual aspecto do caráter de Deus está relacionada a sua FALTA DE CONFIANÇA? Com a bondade dEle? Com a soberania dEle? Com o poder dEle? 

Como afirmou a autora no livro, “Cristo é a única solução real para problemas reais”, então pare de dizer apenas “Eu não consigo!” e assuma: “Eu não CONFIO!”. Comece a estudar sobre o caráter de Deus e experimente de vitória, na medida em que confiar nEle!

OBS: Para aplicar de uma forma bem prática esse conceito, sugiro assistir o vídeo “Queda de confiança”, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=xsMKCJXteq8