Uma das melhores sensações que já tive foi andar numa montanha russa. Aquele “friozinho” na barriga na hora que o carrinho começa a andar, a mistura de emoções da vontade de ficar de olho aberto e fechado ao mesmo tempo, o medo da altura, a expectativa da adrenalina. A subida é lenta, o coração vai batendo mais rápido e, de repente, menos de um minuto de muita velocidade, loopings, subidas e descidas seguem-se freneticamente, acompanhado por gritos, cabelos e pés ao vento, estômago na boca e movimentos travados pela resistência do ar. No entanto, quando sinto a mesma sequência de emoções dentro de mim mesma, já não soa tão divertido.

Quem nunca se sentiu numa montanha russa emocional com oscilações constantes de humor em resposta a um mundo que parece conspirar contra nós? Num momento você é tomada por uma ira que te consome por dentro e no momento seguinte seu coração se aperta e você se desfalece em prantos. Emoções! A palavra chave do universo feminino. Salvo raras exceções, nós, meninas, somos guiadas pela nossa inconstância emocional. E na TPM então? Nem se fale. Normal, não é? “Mulheres!!!” – é o que os homens dizem sem entender a lógica do “nosso mundo” (que faz tanto sentido para nós). Será que é realmente normal? A Bíblia fala alguma coisa sobre isso?

Sim, é normal se você analisar pela ótica de um mundo corrompido pelo pecado, mas não é normal para aquelas que estão buscando uma vida coerente com a Palavra de Deus. Pasmem vocês, assim como eu, quando descobri que minhas “emoções à flor da pele” eram pecaminosas e não glorificavam a Deus. Quando eu descobri que, na dependência de Deus, eu poderia ser dona das minhas emoções e não permitir que elas ditassem a dinâmica do meu dia, a minha perspectiva de vida cristã mudou. Como assim? Calma, eu vou explicar.

Nós fomos criadas à imagem de Deus (Gn. 1:27) para sua glória, o que significa que Ele nos capacitou com intelecto, vontade, sentimentos. No entanto, o pecado corrompeu essa imagem que era perfeita, e, consequentemente, deturpou nosso intelecto, vontade e sentimentos. A partir do momento em que nos rendemos a Deus e damos início à nossa caminhada com Cristo, seguimos num processo de santificação aqui nesta vida até que a obra em nós seja completa, quando seremos totalmente regeneradas à imagem inicial, quando estivermos na glória com Cristo (Fp. 3:20-21). Assim, enquanto estivermos de passagem aqui por este mundo, existe uma luta pela santidade, e essa luta envolve nossas emoções. Tudo o que nos domina, tudo o que nos consome, dita nosso humor e nos impede de refletir o caráter de Cristo, que é manso e humilde, é pecado. E colocado nestes termos, nossas emoções desenfreadas ocupam os primeiros lugares no ranking de obstáculos contra nossa busca por santidade.

Um versículo muito importante na luta contra emoções pecaminosas é Filipenses 4.8, onde nós lemos: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.” Nossas reações pecaminosas começam na nossa mente. Precisamos analisar que tipo de pensamento nós temos quando reagimos mal à alguma circunstância. E quando analisamos nossos pensamentos, percebemos que eles decorrem de frustrações quando as pessoas não agem como esperávamos ou quando as circunstâncias não acontecem conforme tínhamos planejado. Uma fórmula simples equaciona o problema: expectativas frustradas = pensamentos pecaminosos = emoções pecaminosas = reações, o que revela um coração orgulhoso que quer ditar as regras no reino do seu próprio ego.

Como você se sente quando suas amigas saem e não te chamam? Como você reage quando sua mãe pede para você lavar a louça enquanto você está assistindo um programa “muito importante” na televisão? Ou no seu único dia de descanso em casa? E quando seu namorado vai jogar bola ao invés de ficar com você, ou não supre sua carência emocional? Ou como você lida com o fato de você ainda estar solteira e todas as suas amigas namorando? Você cantou no louvor e ninguém te elogiou, você passou o dia todo na igreja trabalhando e ninguém reconhece o seu trabalho, o que isso gera no seu coração? Sua ideia era muito melhor, mas ninguém quis aceitá-la. O que você pensa? Considere os possíveis pensamentos e sentimentos que viriam no seu coração nessas circunstâncias. Eles se encaixam no versículo de Filipenses?

Se você for muito sincera consigo mesma, creio que a resposta será não. É aí que o Evangelho precisa agir, o convite do Cristianismo diz respeito a uma mudança de mente (Rm. 12:1-2). Perceba que o final do versículo contém um imperativo: “seja isso que ocupe o vosso pensamento”. Um imperativo é uma ordem e, se Deus mandou, é porque podemos obedecer.  O padrão que Deus exige de nós é muito alto, mas nada do que Ele ordena Ele exige que executemos sozinhas. A carta de II Pedro, no verso 1.3, nos ensina que Deus já nos tem abençoado com tudo que precisamos para viver uma vida cristã coerente que O glorifique, ou seja, NEle nós temos tudo o que precisamos. Quando reconhecemos nossa incapacidade, Ele nos capacita. Ele nos dá Seu Espírito para que, na dependência dEle, possamos lutar contra o pecado. Quando você se depara com o a insuficiência e o cansaço de uma vida tomada por emoções descontroladas que machucam você e as pessoas  ao seu redor, é hora de olhar para cruz e desfrutar da liberdade que Cristo te oferece.

A capacidade de sentir é um presente de Deus. Que suas emoções sejam permeadas por um espírito manso e humilde moldado à imagem de Cristo. Que o próprio Deus seja seu refúgio e constância em meio à sua luta contra suas emoções oscilantes.