De acordo com o World Resources Institute, a indústria da moda produz, em média, 140 bilhões de peças para vestuário a cada ano. Uma conta do 20 novas peças por habitante da Terra anualmente. (Vale lembrar que 1,3 bilhão de pessoas vivem em extrema pobreza, segundo a ONU.) Toda essa produção é consequência do padrão de consumo criado pela indústria Fashion: baixo custo de produção, preços atrativos e rápida rotatividade.
O que muita gente não sabe é que cada vez mais compramos coisas de baixa qualidade e com pouca durabilidade. Justamente por isso, mantem-se o ciclo produção-consumo, produzindo cada vez mais e não necessariamente melhor.
Mas aí eu te pergunto: como esse modelo insustentável passou a fazer parte de nossa rotina sem ninguém perceber? O apóstolo Pedro alerta que o desconhecimento, por vezes, permite um comportamento dirigido pelos maus desejos (1 Pedro 1.14). Da mesma forma, quando conscientemente decidimos não nos aprofundar nas origens e causas dos problemas, estamos decidindo por aceitar nosso egoísmo e viver assim.
Mas o que exatamente significa viver de forma egoísta quando o assunto é roupa? Como eu tomo decisões pouco sábias mesmo sem saber na hora de fazer compras?

Quando compramos o que não precisamos

Comprar muito pode ser um comportamento resultado da insatisfação, má administração e falta de contentamento com as coisas que já possui. Um sintoma comum é se a primeira opção sempre é procurar algo para comprar. Por exemplo, constantemente buscar algo perfeito para usar em toda ocasião. Avalie se consumir não está te trazendo mais satisfação que deveria. Outro ponto importante é perceber que gratidão pelas coisas que você tem não elimina a falta de contentamento. Quem nunca parou na frente do armário e afirmou: “não tenho roupa!”?
Existe uma diferença significativa entre desejo e necessidade. Você sabe todas as roupas que tem? O número total de sapatos, blusas, shorts, casacos, calças, etc? Existem peças que você não usa a mais de um ano ou que ainda estão com etiqueta? Já pensou que você pode abençoar pessoas que não tem condições de comprar roupa sem nem sentir falta da roupa doada?

Quando compramos barato

Não, não é errado comprar na promoção. Muito menos pedir desconto! Porém, não é preciso ter estudado economia para entender que tudo tem seu preço, inclusive o de produção. O material, a logística, a mão de obra, etc. Cada elemento compõe um pedaço do preço que pagamos no final. A questão é que para o preço ser muito atrativo ele não pode ser alto. Por exemplo, nos Estados Unidos, aproximadamente 97% da produção total de roupas são feitas em países que não existe regulamentação para salário mínimo e muito menos leis trabalhistas. Por causa da escassez de trabalho e sobra de mão de obra, milhares de pessoas aceitam condições precárias de trabalho para sobreviver.
São essas pessoas que pagam o preço de roupas baratas demais. E ao comprar sabendo disso, incentivamos esse mercado escravizador. Permanecer na ignorância não é uma opção para quem ama o próximo. Busque saber como são feitas as roupas das marcas que você gosta de comprar.

E agora, como escolher minhas roupas?

Na primeira carta a Timóteo, no capítulo 2, Paulo incentiva as mulheres a viverem para agradar a Deus se vestindo com boas obras. Quando entendemos que somos pecadoras e aceitamos o presente da Salvação, as decisões da vida se voltam para amar a Deus e o meu próximo. Então, não importa tanto a roupa que irá vestir, e sim a intenção e decisões que envolveram a sua escolha.
Se você, menina, já entendeu o sacrifício de Jesus em sua vida, pode hoje abrir o armário e pensar na boa ação para o dia. Podendo se vestir com amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio, entre muitas outras coisas! Esses looks, pode ter certeza, nunca são demais.

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Sobre a autora: Rebeca Manzano não é nenhuma fashionista ou influencer de moda. Gosta mesmo é de uma básica branca e um jeans confortável. Recomenda o documentário The True Cost, com conteúdo extremante relevante para nossos dias atuais e incentiva a reflexão de como cristãs podem fazer a diferença até com as roupas que vestem, independentemente das roupas que vestem.

Fontes de informação:

Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção

Referências: