Confesso que quando pensei em escrever esse artigo sobre a vontade de Deus, eu achei que seria incrível pesquisar a vontade soberana de Deus e o Seu plano para mim, mas eu me deparei com uma questão que estava me intrigando muito… Eu sei que Deus espera a minha santificação (1 Ts 4.3,7), espera que eu viva para Ele, que eu tenha uma vida de oração, dependência e de ações de graça (2Ts 5.16-18 ) e esse tipo de coisa. Isso é realmente o correto a se fazer, mas e as minhas indecisões nas pequenas coisas? Como solucionar algo que talvez seja pequeno demais? Fico me perguntando: é pecado ter muitas dúvidas? Simples dúvidas como: dormir um pouco a tarde ou não, sentar em qual mesa do refeitório e tantas outras do mesmo tipo estavam me afligindo e foi então que eu decidi investigar o problema das minhas indecisões nas pequenas decisões.

As indecisões são comuns à vida cristã e são até naturais do ser humano, mas devem ser avaliadas quanto à sua frequência e importância, por exemplo: gastar horas pensando no que vou vestir não é saudável, pois não estarei remindo o tempo precioso que Deus me deu como Efésios 5.15-16 mostra que devemos fazer. Agora, passar algum tempinho pensando nisso não é algo que vai ferir o caráter de Deus, pelo contrário, dependendo da motivação, muitas vezes Ele irá se agradar ao saber que estou demorando para escolher a roupa afim de ser discreta e glorifica-lO.

A caminhada com Cristo se resume em decisões e em pequenas coisas que mostrarão o meu caráter. É claro que grandes acontecimentos vão ocorrer, é claro que vão ter decisões muito grandes que precisarão de aconselhamento e muita dedicação, mas essas decisões gigantes só serão escolhidas de forma correta se soubermos escolher as pequenas coisinhas, se soubermos estabelecer nossas prioridades e motivações. Ou seja, nada é pequeno demais para Deus, Ele se importa com as pequenas coisas! Ele quer que avaliemos cada escolha, sem que nos preocupemos.

As nossas escolhas devem sempre refletir a Cristo, e vale lembrar que a decisão se torna pecado quando isso não sai do meu pensamento, me tira a paz e o sono, quando é a última e a primeira coisa que ocupa a minha mente.

Quanto às pequenas decisões, elas devem nos levar a curto, médio ou longo prazo a uma mudança e discernimento pessoal, submissão humilde e sabedoria adquirida, confissão e abandono de pecado, fé intrépida, escolha pela obediência, abandono do ego e busca pelo reino de Deus, abandono de adoração à criação em adoração ao Criador.

O que nos possibilita essa mudança é a graça superabundante e transformadora que atua em todos os pequenos momentos. Jesus não é somente Emanoel porque habitou na Terra, mas porque ele habita em nós, e por sermos morada de Deus, Ele sempre estará presente e ativo em todos os momentos da vida diária.

Deus caminha conosco e nos conhece desde antes de nascermos: “Os teus olhos me viram a substancia ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda”. Salmo 139.16. Quer maior incentivo do que esse? Ele sabe tudo o que já aconteceu e o que está para acontecer na nossa vida. Basta dependermos e confiarmos Nele, que o melhor será feito.

Ao perceber o plano de Deus para a vida dos santos, vi que é muito difícil alcançar em total plenitude o que Deus espera de nós, afinal todo homem foi manchado pelo pecado (Rm 3.23) e distorcido pelo próprio ego.

O plano de Deus visa à paz interior do cristão, aquela paz que só os crentes têm, pois só eles sabem o que é ter Aquele que é o melhor de todos ao seu lado, e, para viver de maneira digna dessa posição devemos sempre recorrer a Ele, devemos sempre agir de maneira que O agrade e que O glorifique. É para isso que estamos aqui. Visto isso, é possível entender que se não temos essa paz que Cristo nos oferece, algo está errado e não estamos dando o devido lugar para as nossas decisões, elas estão ocupando lugar maior do que deveriam e estão nos deixando inquietos ou, por outro lado, estão sendo ‘‘tomadas’’ com temor a homens e preguiça, por isso devemos estar em paz quando uma decisão for tomada: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus”. Filipenses 4.7 .

E essa paz que Deus nos fornece pode ser um medidor se as minhas decisões estão sendo corretas ou não, só é preciso um alerta: CUIDADO COM A CONSCIÊNCIA CAUTERIZADA. (Consciência cauterizada é aquela consciência que foi tomada pelo pecado e por isso já não sabe diferenciar o que é certo e ético do que é errado e imoral). É válido lembrar que para termos a paz de Deus como medida na hora de decidir algo, devemos estar num nível espiritual em que estamos realmente buscando a nossa santificação e em que seremos capazes de perceber nossa consciência ativa e a ação constante do Espírito Santo, ambos apontando os nossos pecados.

Também é interessante notar que a Bíblia nos traz esperança quanto ao assunto vontade de Deus. Basta olharmos para Cristo e ver que, o que Ele já fez por nós, nos leva à uma posição que nada pode mudar: a nossa salvação (garantia de vida eterna ao lado do Pai).  Por isso, podemos ter esperança porque já nos tornamos Filhos de Deus (Jo 1.12), e, por consequência disto, Ele nos guiará no caminho que devemos seguir (Pv 3.5-6). Ele estabelecerá planos muito melhores do que os nossos (Pv 16.9), se confiarmos nEle. Ele ajustará nossos pensamentos, pois Ele instruirá e organizará nossa mente (Pv 16.3).

Concluindo, indecisão não é pecado, contanto que a causa dela seja agradar a Deus. É importante ressaltar que Deus nos revela Sua vontade por meio da Bíblia, portanto, em qualquer situação, recorra à Sua revelação. É necessário que estejamos prontas para procurar entender o que Ele quer (Ef 5.17) e todo o resto Ele fará e não deixara que nada nos falte (Fp 4.13). Então, escolher a mesa do refeitório e decidir se devo dormir ou não, pode não me leva a pecar, mas por confiar no plano soberano de Deus até para essas coisas, não terei tantas dúvidas e essas atitudes decisivas vão se tornar mais frequentes com a prática. Para colocá-las em prática é necessário um ponto de partida: estipule metas para tomar alguma decisão, elabore planos em que você será forçada a decidir algo, leia livros sobre o assunto, ore e siga em frente. Deus se alegra quando buscamos agradá-lO.

Por Fernanda Almeida