É curioso como algumas moças estão preocupadas com a questão da autoestima. Umas se assumem como seguras de si, com uma autoestima alta, outras, se afirmam uma autoestima baixa. Será?!

Claro que o primeiro engano vem do famoso e clássico ensino: ame o seu próximo como a si mesmo. Daí vem a afirmação que saiu não sei de onde: para amar o próximo, você precisa se amar primeiro. O texto em momento algum dá essa sugestão! Muito pelo contrário, há diversos textos bíblicos, assim como esse, que nos mostram o tamanho do engano do nosso coração e o quanto somos egoístas e tendemos a olhar para o nosso próprio umbigo. Já nos amamos tanto, que assim também devemos amar nosso próximo. Por exemplo, o texto de Filipenses 2.3 diz, considere os outros superiores a vocês, e o verso 4, nos convoca a considerar os interesses dos outros e não somente os nossos.

Em Efésios 5:28,29 o apóstolo, dando orientações conjugais diz: “Da mesma forma, os maridos devem amar cada um a sua mulher como a seu próprio corpo. Quem ama sua mulher, ama a si mesmo. Além do mais, ninguém jamais odiou o seu próprio corpo, antes o alimenta e dele cuida, como também Cristo faz com a igreja”. Os textos revelam o quanto já olhamos pra nós mesmos, mas por causa do incentivo da psicologia moderna, muitas moças têm se enveredado no engano de que precisam se amar mais e acham que por não se acharem tão bonitas, tão magras, tão inteligentes, tão qualquer coisa quanto gostariam – certamente porque definiram um padrão para cada um desses e estão se comparando a outras – elas se olham, e concluem que têm autoestima baixa.

Quer mesmo testar se sua autoestima é baixa, vá à feira e escolha uma fruta. Vá ao shopping com dinheiro e escolha algo para comprar para você. O que você escolheria? Por acaso você escolheria uma fruta estragada?! Por acaso você compraria algo de péssimo gosto e que você odeia no shopping só porque teoricamente você está se amando pouco?! Creio que não! Isso ilustra que por mais que você afirme ter pouco amor próprio a verdade é que não tem! Você tem amor próprio suficiente para olhar pra si e sempre buscar suas próprias vontades, desejos e interesses.

Mesmo quando as práticas parecem levar para autodestruição (deixar de comer ou comer demais, por exemplo) a motivação se baseia num alvo desejado e a prática em si pouco importa. Não quero ser simplista, mas em última instância, o próprio suicídio, normalmente, é cometido por alguém que não quer lidar com algo e por isso acredita que a melhor maneira de acabar com o seu sofrimento será destruindo sua vida. Embora o discurso seja de um amor próprio diminuído, a prática é de quem se tem em alta conta.

Alta conta é também o ponto em que encontramos aquelas moças que se assumem seguras de si, que talvez já investiram tanto nesses apelos para estar bem consigo mesma que agora estão resolvidas. Será que estão mesmo?!?  Romamos 12:3 diz “Por isso, pela graça que me foi dada digo a todos vocês: Ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, ao contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu”. O apóstolo Paulo, depois de nos chamar a não nos amoldarmos ao padrão do mundo, diz que devemos ter um conceito equilibrado a respeito de nós mesmas.

Infelizmente, muitas moças não sofrem com o autoengano da estima baixa, mas estão com um conceito elevadíssimo de si mesmas. Quer testar se é o seu caso?! Já foi o meu, e muitas vezes ainda luto para me colocar no meu devido lugar. Você costuma, ainda que só com você mesma, a se inflar quando um professor, pastor, chefe, diretor ou líder faz algum comentário elogioso a seu respeito? Você pensa consigo mesma, “eu sou muito inteligente”, “muito boa”, “muito capaz” ou coisas do tipo? Você já concluiu que um rapaz esteve interessado em você só porque estava se aproximando, ainda que ele não tenha dado evidência clara de interesse (evidência clara entenda-se algo objetivo e não subjetivo como eu acho que ele me trata diferente)? Você já se frustrou por fazer parte de um ministério e não ter sido convidada para alguma atividade desse ministério? Você já sentiu inveja de alguém? Creia, é bem possível que você esteja com um conceito mais elevado do que deve ter de si mesma.

O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo (Jr 17:9)? Mas apesar de termos um coração caído e corrupto, temos sempre a esperança da mudança por causa da graça de Cristo. Se você já entregou seu coração ao senhorio de Cristo um dia, então, não se permita sentar no trono que é dEle.

O caminho de volta é:

  1. Ter um conceito correto de quem somos: pecadoras ainda com tendências a fazer escolhas que desagradam a Deus, mas salvas pela graça e com os recursos necessários para viver piedosamente (2 Pe 1:3).
  2. Saber que tudo de bom que temos em nós provém de Deus e é Ele quem deve ser glorificado, exaltado, reconhecido e engrandecido quando fazemos algo de bom (Tg 1:16-17).
  3. Vigiando nosso coração e nossa mente pra não nos amoldarmos ao padrão desse século. (Rm 12: 1-2)

Como bem orou o salmista, que essa seja nossa oração constante: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece as minhas inquietações. Vê se em minha conduta algo te ofende e dirige-me pelo caminho eterno.” (Salmos 139:23-24).

Por Deisidi Fortes