E Jonas obedeceu à palavra do Senhor e foi para Nínive. Era uma cidade muito grande; demorava-se três dias para percorrê-la. Jonas entrou na cidade e a percorreu durante um dia, proclamando: “Daqui a quarenta dias Nínive será destruída”. Os ninivitas creram em Deus… Então [o rei] fez uma proclamação em Nínive: “…Todos clamem a Deus com todas as suas forças. Deixem os maus caminhos e a violência. Talvez Deus se arrependa e abandone a sua ira, e não sejamos destruídos”. Deus viu o que eles fizeram e como abandonaram os seus maus caminhos. Então Deus se arrependeu e não os destruiu como tinha ameaçado. (Jonas 3)

Nínive era uma cidade grande, cerca de 7 quilômetros de área, uma circunferência de aproximadamente 100 quilômetros! Era a capital da Assíria e habitada pelo Rei Senaqueribe. O povo assírio era conhecido por sua barbaridade e técnicas de tortura. A cidade de Nínive também era conhecida como a cidade dos ladrões, pois costumavam invadir e despojar outras regiões. Naum 3 traça um perfil claro da maldade daquele povo.

Seria fácil entender Jonas ter medo. Jonas conhecia a reputação do povo de Nínive. Sabia que podia morrer. Mas a razão para sua desobediência foi outra, e aparece apenas no capítulo 4.

Mas Jonas ficou profundamente descontente com isso e enfureceu-se. “Senhor, não foi isso que eu disse quando ainda estava em casa? Foi por isso que me apressei em fugir para Társis. Eu sabia que tu és Deus misericordioso e compassivo, muito paciente, cheio de amor e que promete castigar mas depois se arrepende. Agora, Senhor, tira a minha vida, eu imploro, porque para mim é melhor morrer do que viver”. (Jonas 4.1-3)

A razão pela qual Jonas foge para Társis não é seu medo de morrer, mas seu medo de que Deus fosse perdoar Nínive! A justiça própria de Jonas dizia que o povo assírio merecia ser destruído. A justiça de Deus diz que a qualquer um que se arrepender Deus concede perdão.

Jonas era do povo de Deus, conhecia Sua lei e Seu caráter. Foi escolhido por Deus como profeta. No entanto, foi castigado porque se recusou a obedecer a Deus e agarrou-se à sua própria opinião e justiça.

Os ninivitas eram um povo pagão. Eram egoístas e cruéis, e desprezavam a Deus e aos outros povos. No entanto, foram perdoados por Deus pois expressaram arrependimento com palavras e gestos, clamaram a Deus e abandonaram seus maus caminhos.

Deus faz aquilo que lhe traz mais glória e coopera para o nosso bem – a Jonas, punição; a Nínive, perdão. A punição de Deus sempre visa o arrependimento e a obediência. Deus resolver ter pena da cidade e, naquela época, não os destrói. Se Jonas confiasse que Deus está no controle e tem capacidade de julgar, ele não teria passado três dias dentro de um peixe (cap.2) nem teria sofrido sob o sol escaldante (cap.4).

Mais tarde, como descobrimos em Naum, o povo assírio volta a sua desobediência e crueldade, e Deus os pune: foram destruídos pelos caldeus em 612 AC.

Quem ouve notícias a seu respeito bate palmas pela sua queda, pois, quem não sofreu a sua crueldade sem limites? (Naum 3.19)

Desde o século três DC, o número de assírios cristãos só tem crescido, de tal maneira que o cristianismo é parte inseparável da identidade assíria na atualidade. (1) Claro que há várias razões para isso, no entanto, não posso deixar de pensar que isto pode ser ainda efeito da pregação de Jonas séculos antes. Quantas famílias não foram afetadas pela obediência dele?

Ou seja, não cabe a nós escolher os resultados da obediência a Deus. Cabe a nós obedecê-Lo. A submissão a Deus não é algo que vem naturalmente a nós. É algo que exige intenção e prática, mas cujos resultados não podem ser calculados. Afinal, sabemos o que aconteceu com os assírios, mas não sabemos o que aconteceu com as famílias do capitão e demais tripulantes do barco tomado por Jonas para Társis.

Quais serão os efeitos da tua obediência hoje? Você está pronta para deixar de lado a sua justiça própria e compartilhar a Verdade de Deus com as pessoas à sua volta, mesmo com aquelas pelas quais você não sente compaixão?

Oração: Senhor Deus, troca a minha justiça pela Tua. Quero aprender a ter compaixão e amar aos outros como amas. Deixo de lado minha vontade e prossigo em conhecer e amar a Tua Palavra. Que a minha obediência alcance as próximas gerações com o Teu amor. Que eu possa confiar que a Tua justiça reina, mesmo que eu não veja todos os efeitos hoje. Confio que mesmo que Teus inimigos não sejam destruídos hoje, um dia toda maldade e crueldade e pecado e sofrimento serão destruídos e eliminados de uma vez por todas, pois Teu filho Jesus Cristo já derrotou a morte E o inferno, e reina eternamente à Tua destra. Em nome de Jesus, Amém.

  1. Simo Parpola. National and Ethnic Identity in the Neo-Assyrian Empire and Assyrian Identity in Post-Empire Times. Disponível em: http://www.jaas.org/edocs/v18n2/Parpola-identity_Article%20-Final.pdf