Nota do editor: Este artigo faz parte de uma série sobre o feminismo publicada toda quarta e quinta feira do mês de abril. Procuramos abordar os principais tópicos deste tão relevante assunto, no entanto, sabemos que não cobriremos todas as suas faces. Nosso desejo não é criar polêmica, mas sabemos que a Bíblia quase sempre nos coloca na contramão do mundo. Nosso objetivo nesta série é estudar o que a Bíblia tem a nos dizer sobre a mulher, seu papel e seu valor, enquanto olhamos para o feminismo e o comparamos com as verdades encontradas nas Escrituras. Responderemos perguntas como: O que é feminismo? O que ele advoga? Há quanto tempo ele existe? O que afirmamos quando dizemos ser “feministas”? O que a Bíblia tem a nos dizer sobre masculinidade e feminilidade? É possível ser cristã e feminista? O feminismo é o que diz ser? Se não é, então qual a alternativa bíblica para o feminismo?


Hoje em dia as mulheres estão em foco. Muitos livros, propagandas, produtos, filmes e série são voltados especificamente para o público feminino. Muito tem se falado sobre beleza natural, sobre ser você mesma, sobre renunciar padrões, sobre os direitos da mulher… E tem muita coisa boa rolando! Mas juntamente com o que é bom, algumas ideias perigosas têm sido divulgadas e assimiladas por muita gente. Um dos grandes motivadores desse fenômeno ao redor das mulheres é o Feminismo, que está em alta e tem mudado a forma de pensar de muita gente. Será que a Bíblia tem algo a dizer sobre isso?

Se você não crê na Bíblia, não crê na suficiência e inerrância das Escrituras, se você acha que o cristianismo é um sistema de crenças opressor que exalta uma cultura patriarcal em detrimento das mulheres; eu gostaria de dizer, com muito respeito e humildade, que este texto não é para você. A não ser que você esteja disposta a conhecer uma nova perspectiva sem entendê-la como uma afronta pessoal. Do contrário, não entraremos em discussões que não levam ninguém a mudar de opinião, então é melhor que você não leia.

Mas, se você se diz cristã, acredita piamente que a Bíblia é a Palavra de Deus entregue aos homens para ensino e instrução daqueles que O amam, se você crê que ela não contém erros e revela a vontade perfeita de Deus, e se você estiver aberta a uma reflexão e um diálogo sincero sobre o feminismo à luz da Bíblia, então eu te convido a ler este artigo até o final, levar em conta cada texto bíblico mencionado aqui e pensar sobre as implicações de aderir ao movimento em questão.

Para um melhor desenvolvimento de ideias, este artigo será dividido em três tópicos: (1) A origem do Feminismo à Luz da Bíblia; (2) As bandeiras feministas e a resposta bíblica; (3) A esperança do Evangelho.

1. A ORIGEM DO FEMINISMO À LUZ DA BÍBLIA

Como foi visto na semana passada, o feminismo prega a batalha contra a supremacia machista por meio da supremacia da mulher. Estudiosos afirmam que ele vem tomando forma desde a Revolução Francesa, no entanto, essa luta entre os gêneros começou muito tempo antes, nos primeiros capítulos de Gênesis para ser mais específica.

Deus criou homem e mulher essencialmente iguais, à imagem e semelhança de Si mesmo (Gn 1.27). Iguais em valor, iguais em dignidade, porém, diferentes em função. A mulher foi criada para ser auxiliadora do homem (Gn 2.18), mas em momento algum a Bíblia coloca isso de maneira depreciativa, pois o próprio Deus diz de si mesmo que é o auxiliador do seu povo (Sl 33.20; Os 13.9) (o mesmo termo hebraico é usado para se referir à mulher e a Deus, também traduzido como “socorro” e “ajuda”), e isso não o torna um Deus fraco, inferior ou oprimido. O papel do homem é a liderança amorosa (1 Co 11.3) e isso não o coloca numa posição superior sobre a mulher, mas confere-lhe uma responsabilidade diferente. A História ensina que anarquia gera caos, por isso é necessário liderança. Uma empresa possui um líder, uma cidade possui um líder, uma igreja possui um líder, até mesmo uma revolução possui um líder pois tal papel é necessário. Aprouve ao Senhor, em sua divina sabedoria, conceder essa responsabilidade ao homem. Antes do pecado, ambos os papéis eram vividos em perfeita harmonia entre homem e mulher: iguais em valor, iguais em dignidade, porém, diferentes em função.

No entanto, sabemos que já nos primeiros capítulos das Escrituras a corrupção tomou conta do coração humano, e esse é o real foco do problema. A desobediência orgulhosa de Adão e Eva abriu portas para que o pecado entrasse em cena trazendo consequências avassaladoras. A santidade de Deus foi manchada e era preciso que os autores de tal feito assumissem a responsabilidade por isso. Dentre as consequências destinadas ao casal, Deus afirma para Eva: “Seu desejo será PARA o seu marido e ele a DOMINARÁ” (Gn 3.16).

A palavra usada no original hebraico traduzida para o português como “para” pode ser traduzida como “contra”, que é a mais apropriada ao contexto: “Seu desejo será CONTRA o seu marido […]”. A NET Bible, por exemplo, traduz a frase como “sua vontade será CONTROLAR seu marido”.

Por causa da desobediência, a consequência do pecado da mulher foi que seu desejo seria contra o seu marido. Por isso, no que diz respeito à natureza pecaminosa da mulher, ela olhará para o seu marido como um opositor, terá um desejo contrário ao dele. Isso é o natural, isso é a carne e seus efeitos. E aqui nasce o FEMINISMO como fruto do pecado: é a mulher querendo guerrear contra o homem, enxergando-o como inimigo, não confiando nele, competindo com ele, tirando a autoridade do marido em casa. Uma mulher que tem seu desejo contra o seu marido quer assumir o controle, ela quer sua vontade sobre a de seu marido. Por mais que a esposa ame seu marido, ela perceberá esses impulsos carnais conflitando dentro dela.

Fazendo jus à igualdade de gêneros,  o texto em questão não trata apenas sobre a mulher. A segunda parte da frase diz: “[…] e ele a DOMINARÁ.”  A consequência do pecado do homem fez dele um opressor da sua mulher, seu desejo de dominar falará mais alto muitas vezes, até mesmo no intuito de ser um folgado em cima dela. Ao se defender diante de Deus pelo seu pecado, o homem foi protetor de si próprio e expôs sua esposa ao perigo para proteger sua própria pele. Ele era o líder, ele foi o responsável pela desobediência pois a ordem havia sido dada a ele, e foi dele que Deus cobrou. Assim, por mais que a ame, o impulso carnal conflitante no coração do homem é o desejo de oprimir, dominar e tirar vantagem sobre sua esposa. Este é o MACHISMO.

Talvez você já tenha ouvido a seguinte frase: “o feminismo surgiu por causa do machismo”. O que a verdade bíblica nos aponta é que essa afirmação é mentirosa. Ambos surgiram pela disfuncionalidade causada pelo pecado, os dois são consequência da dureza do coração do homem. Basta olharmos para o lado, para a nossa sociedade, ou até mesmo para dentro de nossas famílias e seremos capazes de perceber que essa realidade relatada pelo texto bíblico acontece, e tem acontecido através dos tempos. Por isso tantos casamentos terminam em divórcio, por isso a luta entre feminismo e machismo é tão vívida.

Uma vez demonstrado que essa disputa de gêneros tem início nas inclinações naturais da nossa carne, é importante refletirmos a respeito das ideias que o feminismo como ideologia tem propagado atualmente. Não sei qual é a sua posição, não sei se você flerta com ideais feministas, mas meu convite humildemente sincero é que você reflita sobre o que você está defendendo quando diz ser feminista e o quanto isso fere os princípios santos de Deus.

2. AS BANDEIRAS FEMINISTAS E A RESPOSTA BÍBLICA 

Algumas vertentes feministas condenam a Bíblia e o cristianismo por incitar uma sociedade patriarcal que oprime as mulheres, quando, na verdade, Deus criou homem e mulher essencialmente iguais em valor e dignidade, mas com funções diferentes. A natureza pecaminosa, fazendo mal uso de suas funções, é que gerou a opressão. Diante disso, vale ressaltar que dentro do contexto judaico dos tempos bíblicos no qual, por causa do pecado, a mulher era considerada inferior e não era digna de ter um diálogo com um homem que não fosse seu marido, Jesus dirigiu-se em plena luz do dia (às vistas de todos) à mulher samaritana e falou com ela, ofereceu-lhe a água que traria vida ao seu interior sedento (Jo 4.5-14). Dentro de uma cultura na qual, por causa do pecado, a palavra de uma mulher não valia nada, duas mulheres – Maria Madalena e Maria – tiveram a honra de serem as primeiras a receberem a notícia da ressurreição e foram incunbidas de anunciá-la aos discípulos (Mt 28.1-10). Jesus ministrou aqui a dignidade e o valor que as mulheres receberam de seu Criador. Também no Antigo Testamento, diante da omissão da liderança masculina, Deus levantou a juíza Débora para liderar o povo (Jz 4); e quando o reino de Judá estava afundado em pecado, imoralidade e idolatria, longe dos caminhos do Senhor, Deus levantou a profetisa Hulda para ministrar Sua Palavra (2 Cr 34.21-28). Esses são apenas alguns dos muitos exemplos que poderiam ser citados aqui. Em virtude disso, é possível afirmar que a Bíblia não é machista e trata tal atitude como uma disfunção do plano perfeito de Deus para o homem e para a mulher.

Ao longo da história, o feminismo tomou forma, ganhou força política, teve diferentes e renomadas teóricas discutindo o tema, passou por diferentes fases e, atualmente, tem consolidado seu espaço entre as massas. Dentre as ideias difundidas, alguns conceitos têm tomado forma e mudado a maneira de pensar de muita gente, até mesmo dentro do contexto cristão. As argumentações, revestidas de um verniz igualitário e de defesa de direitos, são perigosas e atacam princípios bíblicos claros. A Bíblia diz que aquele que verdadeiramente ama a Deus, obedece aos Seus mandamentos (Jo 14.21). Se uma mulher que se diz cristã e que afirma amar a Deus entitula-se feminista, ela assume não apenas o direito de igualdade entre homens e mulheres, mas todas as ideias disseminadas pelo movimento. E é aí que mora o perigo. Todas as vertentes possuem pontos em comum que ferem o caráter de santidade das Escrituras, e é aqui que reside o convite a que você reflita se as bandeiras que você assume ao se dizer feminista estão em concordância com a vontade de Deus revelada através de Seus mandamentos. A Bíblia tem respostas a dar às principais ideias feministas difundidas na sociedade brasileira atualmente.

A. Igualdade de direitos

Historicamente o feminismo tem lutado pelo acesso da mulher à educação (sim, houve um tempo em que só homens podiam estudar e isso é absurdo!), pelo direito da mulher ao voto, pela igualdade de salários entre homens e mulheres que ocupam o mesmo cargo, pelo fim da “cultura do estupro”. Todas essas causas são igualmente nobres e legítimas! É claro que toda mulher precisa ter acesso à educação, ao voto, a salários justos. Toda mulher deve ser tratada com respeito por seus parceiros e nada legitima um estupro, nada! No entanto, será que eu preciso dizer que sou feminista para defender essas causas? Todos os pontos levantados aqui são referentes à justiça social.

Eu sou a favor das lutas citadas simplesmente porque é o certo, porque é o justo a se fazer uma vez que homens e mulheres são iguais em dignidade e valor diante de Deus (Gn 1.26-27, Gl 3.28). O próprio Deus revela nas Escrituras o seu desejo por justiça entre os homens. O livro de Habacuque, por exemplo, demonstra o quanto Deus abomina a injustiça, perversidade e violência pois é tão puro de olhos que não pode contemplar o mal (Hc 1.13). Devemos clamar e lutar por justiça porque nosso Deus é um Deus justo, e quando lutamos pelo que é certo aqui refletimos Sua glória a um mundo afundado em perversidade por causa do pecado. O problema de dizer que sou feminista é que não estou comprando apenas essas lutas citadas até aqui, mas também outros ideais que ferem princípios bíblicos que serão tratados nos três pontos a seguir.

B. “Meu corpo, minhas regras” 

Sob tal slogan, tem-se defendido três ideias principais: (i) o direito das mulheres de vestirem-se como quiserem, mostrando qual parte do corpo lhes parecer mais razoável; (ii) o direito de terem relações sexuais com quem quiserem e com quantos parceiros quiserem; (iii) o direito ao aborto. Antes de discutir cada um desses três pontos, é muito importante afirmar que se de fato você entregou sua vida a Cristo, o seu corpo não pertence mais a você (1 Co 6.19-20). Você foi comprada por um preço muito alto: a morte do Filho de Deus. Se eu e você pertencemos a Ele, isso quer dizer que as regras são dEle! E essas “regras”, ou melhor dizendo, os padrões bíblicos estabelecidos para nós são condizentes com uma vida santa que reflete a imagem dEle, para que sejamos luz e testemunho neste mundo mau (Ef 4.1).

(i) Charo Washer (esposa do famoso pregador Paul Washer) diz para nós, mulheres, que nossas roupas devem emoldurar nosso rosto, e não nosso corpo. Com isso, ela quer dizer que precisamos nos vestir decentemente, sem nada que evidencie nossos corpos de maneira intencional e sexualmente provocativa ( 1 Tm 2.9, 1 Co 6.18, 1 Ts 4.3-8). Em primeiro lugar porque somos templo do Espírito Santo e queremos agradar a Deus, em segundo, porque os homens são facilmente atraídos pelo corpo feminino. Agora, antes que você fique muito brava comigo e pare de ler este artigo, vou reiterar que nada legitima um estupro. Se uma moça com roupa provocante é estuprada não é culpa dela, é do homem que não conteve seus impulsos. Os homens que temem a Deus devem buscar santificar seus olhos e suas mentes ao olhar para as mulheres, o que é possível pela capacitação do Espírito Santo (1 Tm 5.2); e nós, como servas de Deus, devemos nos vestir de maneira decente e com a motivação de glorificar a Deus, porque o que nos move na comunhão do Corpo de Cristo é o amor ao próximo. Tanto homens quanto mulheres cristãos têm a responsabilidade diante de Deus de cuidar uns dos outros, encorajando e ajudando uns aos outros a viver uma vida em santidade.

(ii) O desejo sexual é santo e foi dado por Deus, tanto ao homem quanto à mulher, para que seja desfrutado dentro da união do casamento (1 Co 7.2-5; Pv 5.18-19). Para nenhum dos dois é válida a opção de ter relações sexuais com vários parceiros e sem o compromisso de uma aliança divinamente estabelecida (Hb 13.4), nem são permitidas relações entre pessoas do mesmo sexo, por afrontarem o padrão divino da criação.

(iii) Somente Deus tem o direito sobre a vida e sobre a morte. Se uma vida foi concebida no útero de uma mãe, se um óvulo foi fecundado por um espermatozoide, foi pela graça e soberania divinas (Sl 139.15-16), e cabe a Ele decidir o fim de uma vida (1 Sm 2.6). Deus abomina o homicídio e as mãos cheias de culpa pelo sangue inocente derramado (Pv 6.16-19, Ex 20.13).

C. “Empodere as mulheres”

Por mais inofensiva que esta frase pareça, o conceito por trás dela é muito perigoso. Recentemente, sem que tenhamos plena consciência de toda a força impulsionadora que tem trazido isto à tona, uma série de filmes, programas de TV e propagandas têm apresentado suas tramas sem uma figura de liderança masculina relevante, ou até mesmo sem a presença masculina e paterna. A ideia transmitida é que a mulher é autosuficiente, ela deve ser independente de qualquer homem (mesmo casada) e bastar-se por si só. No entanto, não fomos criadas para sermos independentes! Quer você goste ou não, a Bíblia ensina que a mulher foi criada por causa do homem (1 Co 11.9), para ser sua auxiliadora (Gn 2.18). E não há nada de errado nisso, pelo contrário, é lindo. Deus dá o casamento como exemplo maior de complementaridade e ilustração da relação existente entre a própria trindade. Homem e mulher interdependentes, dentro da aliança do casamento testemunham ao mundo verdades espirituais e espelham o próprio Deus (Ef 5.33). Mas você pode se perguntar: “e uma mulher que não se casa? Será que ela está fora da vontade de Deus?” De maneira nenhuma, desde que seu estado civil não seja decorrente de uma atitude orgulhosa por achar que não deve depender de nenhum homem e pode se bastar sozinha. A mulher solteira experimenta a comunhão da Igreja, a interdependência emocional e espiritual de uma família formada em Cristo (Ef 2.19-22, Ef 4.15-16). Fato é, Deus não nos criou para sermos independentes nem caminharmos sozinhas. Complementaridade é plano de Deus.

D. “[In]Submissão”

E aqui chegamos ao auge da discussão. Se, por acaso, os outros pontos deixaram você com dúvidas, neste aqui não tem para onde fugir. Não há feminista sobre a face da terra que não se arme com cinco pedras na mão quando o assunto é submissão. No entanto, é preciso esclarecer alguns pontos importantes sobre o assunto.

Submissão é um princípio bíblico e se você é contra ela, não é contra mim, contra o Conselhos para Meninas ou contra a Igreja que você se levanta, mas é contra o próprio Deus! Se você se diz cristã, se você ama a Jesus, então a Verdade, seu padrão de vida e fé deve ser a Bíblia. Também é bom lembrar que submissão não é uma responsabilidade exclusivamente feminina. Todos devem submissão a alguém. Em primeiro lugar, todos devem ser submissos a Deus (Tg 4.7). Depois, os filhos devem submissão aos pais enquanto solteiros e dependentes deles (Ef 6.1; Cl 3.20), os cidadãos aos seus governantes (Rm 13.1-7), os empregados aos empregadores (Ef 6.5-8; Cl 3.22), os membros de uma igreja local aos seus líderes (Hb 13.17) e a mulher casada ao seu marido, conforme veremos a seguir (Ef 5.22-33; Cl 3.18). Em cada um desses casos, a insubmissão à autoridade humana é, também, insubmissão a Deus, que designou aquela autoridade. Porém, como a nossa submissão é, em primeiro lugar, a Ele, isso também significa que nunca devemos obedecer nem apoiar qualquer ordem que envolva pecar ou ser conivente com um pecado.

Tendo feito essas observações, olhemos agora para Efésios 5.21-33, onde podemos aprender lições muito importantes sobre o princípio da submissão no casamento.

V. 21_ Sujeitar-se um ao outro: no casamento, um deve se sujeitar ao outro, dentro dos papéis divinamente estabelecidos. Esses papéis estão distorcidos pelo pecado, mas em Cristo há esperança de restauração para que o homem sujeite-se à sua mulher em liderança amorosa e a mulher sujeite-se ao seu marido em submissão respeitosa.

Em outras palavras, por obediência e para a glória de Deus, um deve olhar para o outro e perceber como pode contribuir para trabalharem juntos, para o bem do outro, para que o outro seja mais parecido com Jesus. É uma mútua cooperação.

V.22_ Submissão: não é ser escrava, empregada ou capacho. Não é uma posição inferior, mas é estar ao lado como auxiliadora. Não é ser omissa, mas consiste em que a mulher olhe para o seu marido de modo bíblico, enxergue qual é a função dele dentro do lar e auxilie para que sua liderança seja estabelecida. Ela deve olhar para ele como responsável pelo lar, porque o marido é o cabeça da mulher (1 Co 11.3). (Note que a Bíblia não ensina que as mulheres devem ser submissas a todos os homens, apenas ao marido.)

Submissão é a provisão amorosa de Deus para a proteção da mulher. O desejo de sentir-se segura é algo comum e intrínseco às mulheres, ainda que em algumas isso permaneça latente, e a resposta de Deus a essa necessidade feminina é a submissão. Certa vez, ouvi um professor do seminário onde estudei explicar o conceito de submissão. Para isso ele usou duas ilustrações: um muro de contenção e um guarda-chuvas. Calma, vou explicar. A submissão é a provisão de Deus para a proteção da mulher. É como se o marido fosse um muro de contenção em uma praia onde a maré sobe muito e as águas ficam agitadas na ressaca. A ondas furiosas batem contra o muro como forma de proteger a rua, a cidade, as casas em frente, de modo que apenas alguns respingos caem sobre elas. O marido amortece todas as lutas e dificuldades, toma a frente sobre o que fazer e como agir, para que sobre sua esposa caiam apenas respingos ao compartilhar a caminhada com ele. Ou, como se o marido estendesse um guarda chuva sobre sua esposa, ele fica todo molhado, enfrenta os ventos gelados, mas abraça sua mulher e a cobre para protegê-la. É lindo, é a vontade de Deus e é o melhor para nós.

V. 32_ Cristo e a Igreja: Quando homem e mulher submetem-se ao modelo divino de casamento, testemunham ao mundo sobre o relacionamento de Cristo com a Igreja, revelam verdades sobre o amor e a graça do próprio Deus. É um privilégio e uma grande responsabilidade.

De fato houve distorção no conceito de submissão, houve abusos incontáveis por parte dos homens. No entanto isso é expressão do pecado e responder com insubmissão, como nossa cultura tem incentivado as mulheres, é lutar contra um pecado fazendo-se uso de outro pecado. Tanto homens quanto mulheres estão trazendo à tona sua disfuncionalidade que foge aos padrões de Deus. A natureza carnal afunda-se em competição, mas em Cristo é possível viver o padrão de Deus que consiste em mútua cooperação. E para isso é preciso uma renovação de mente que vá contra toda a cultura vigente em nossa sociedade (Rm 12.1-2).

Deus quer usar o casamento e a família para serem testemunhas dEle e da ação dEle aqui nesse mundo. É um testemunho de quem Ele é através da atitude do marido de amar sua esposa como Cristo, e através da atitude da esposa de submeter-se ao marido como a Cristo. A despeito de tantos divórcios e pessoas frustradas, a família e o casamento ainda são planos de Deus e nós, como Igreja, devemos lutar para que esse valor seja seja resgatado. Por isso, minha oração por vocês, meninas, é que vocês não sonhem apenas em ter uma família, mas em ser humildemente submissas aos seus maridos em obediência a Deus. Ser submissa é viver em santidade, para que a família funcione de acordo com os papéis divinamente estabelecidos, para a glória de Deus – e por isso a importância de escolher um homem que ame a Deus e queira amá-la com o respeito, devoção e sacrifício com que Cristo amou a Igreja. De igual maneira é importante ressaltar que, ainda que uma mulher não se case, a vontade de Deus para ela é que ela não se oponha a esse ensino, mas submeta-se à igreja e sua liderança, entendendo que é a família em Cristo que Deus lhe providenciou, dentro da qual deve viver em mutualidade e dependência.

3. A ESPERANÇA DO EVANGELHO

É possível acabar com a distorção que o pecado gerou em nossos corações. Na dependência de Cristo e para a glória de Deus, é possível que nós, mulheres, lutemos por justiça social e por direitos cabíveis a todo ser humano. Na dependência de Cristo e para a glória de Deus, é possível que nós honremos ao Senhor com nossos corpos, entendendo que é o templo do Espírito Santo, vestindo-nos com modéstia e guardando-nos em pureza. Na dependência de Cristo e para a glória de Deus, é possível entender que fomos criadas para sermos co-dependentes – seja no casamento ou no Corpo de Cristo – pois precisamos uns dos outros. Na dependência de Cristo e para a glória de Deus, é possível ser submissa, ainda que seja muito difícil e ainda que ninguém à sua volta o faça. O padrão de Deus, revelado na Palavra, para uma vida em santidade exige renúncia dos desejos da carne e transformação de mente. Mas traz consigo a certeza de que não estamos sozinhas nem lutamos sozinhas, a convicção de que vivemos por uma Verdade maior do que nós mesmas, o entendimento de que a vontade de Deus é sempre perfeita e melhor do que nossos próprios caminhos; e, por fim, a promessa de que caminhamos para uma eternidade sublime ao lado daquele a quem chamamos de Pai.

Para concluir, eu não sei o quanto você flerta com as ideias feministas. Não sei se você se considera uma feminista não radical ou uma feminista cristã. Mas se você ama a Deus verdadeiramente, bem como a Sua Palavra, convido você a uma reflexão sincera sobre os textos bíblicos abordados aqui e os princípios de uma vida em santidade que eles trazem. A Bíblia nos alerta sobre ideologias, argumentações e maneiras de pensar que seriam construídas na mente humana e posicionadas contra os padrões divinamente estabelecidos para aqueles que são chamados filhos de Deus (2 Co 10.4-6). O desafio do Evangelho é justamente uma mudança da maneira de pensar e enxergar a vida, deixando a fôrma desse mundo e pondo-se em conformidade com a Palavra de Deus (Rm 12.1-2).  Será que a ideologia feminista, com todas as suas implicações, é um convite a que esse mandamento seja posto em prática? Com base em tudo o que foi tratado aqui, vou deixar que você mesma responda à pergunta que entitula este artigo. Que Deus te abençoe.