A Solidão é um sentimento que, normalmente, vem mais forte nos momentos de dor e sofrimento, como no luto, por exemplo. Nessas horas, ninguém sabe exatamente como agir perto de nós, o que dizer ou perguntar. Nenhuma ação, por mais amorosa e gentil que seja, parece satisfazer a nossa expectativa e nos tirar daquele escuro insano. Parecemos inalcançáveis, sozinhas, deixadas ao léu. 

É possível, no entanto, nos sentirmos isoladas também quando estamos felizes, recebemos uma bênção ou conquistamos algo, só que, por alguma razão, não temos com quem compartilhar (ou não podemos). 

À vezes, a solidão é algo da nossa cabeça, algo que acontece dentro de nós (temos amigos, família, igreja, pessoas com quem poderíamos contar, mas escolhemos nos fechar); outras vezes, é totalmente REAL (estamos de fato sozinhas, todos nos abandonaram). 

Mas, afinal, solidão é algo ruim? Qual o problema da solidão? E se eu quiser escolher ficar sozinha?

Bem, primeiramente, consideremos Gn 2.18a:

“Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só”. Pelo menos duas grandes verdades emergem desse texto: (1) não era bom que o homem ficasse só porque isso não contribuiria para a vontade de Deus (ser glorificado em toda a Terra); e (2) Deus nos criou como seres relacionais. Nós precisamos de relacionamentos (não necessariamente de um cônjuge).

Ao longo de toda Bíblia, aprendemos que Deus nos criou para vivermos em comunidade: Ele escolheu um POVO, que seria o seu CORPO aqui na Terra – a igreja, que deve ser unida. A vida que Deus planejou para nós, não pode ser vivida sozinha.

Isso quer dizer que um crente nunca vai sentir solidão?

A solidão (no sentido de estar só) é uma realidade, algo que realmente acontece, períodos pelos quais todas nós passamos. Não precisamos negar essa realidade. E não é vergonha admitir que tem se sentido sozinha.

Porém, há reações adequadas (de maturidade) e inadequadas. Uma reação inadequada muito comum é o pecado da AUTOCOMISERAÇÃO. 

Autocomiseração é quando usamos nossa mente para ter pena de nós mesmas. Está frequentemente presente em momentos de solidão, pois pensamos “já que eu não estou recebendo a compaixão que eu penso merecer, irei demonstrar compaixão por mim mesma”. Normalmente vem em forma de muitas queixas e reclamações. Querer demonstrar para os outros o quanto estamos sofrendo. Por exemplo, gemer a cada movimento quando estamos com gripe, para os outros perceberem como estamos mal de saúde. Além disso, ficamos pensando que não merecíamos passar por aquilo, ou achamos que só nós estamos passando por momentos difíceis, enquanto todos à nossa volta estão ótimos.

Cuidado! Estar envolvida com a autocomiseração é como usar binóculos e se olhar no espelho. Nosso eu fica ampliado e distorcido, enquanto qualquer outra coisa fica fora do nosso campo de visão. 

Quando nos sentimos sozinhas, nosso coração tenta nos enganar de diversas formas. Porém a verdade é que somos egoístas (pensamos demais em nós mesmas e esperamos ser servidas), cheias de incredulidade (não cremos na soberania de Deus, achamos que nem tudo o que acontece conosco é controlado por Ele). Nosso desejo é ser soberana sobre as coisas e estarmos no controle, de maneira soberba (isso acontece, por exemplo, quando desejamos a morte – essa decisão, somente o Senhor pode tomar), somos idólatras (valorizamos mais a compaixão, atenção e presença de outras pessoas; não nos satisfazemos em Deus).

Se você percebe que se entrega a autocomiseração e consegue identificar alguns outros pecados surgindo em seu coração nos momentos de solidão, pare tudo! Você precisa mudar. E o primeiro passo para a mudança é o arrependimento. Busque o Senhor em arrependimento e confesse. Ele pode transformar seu coração.

Pronto. Já sabemos o que não fazer quando atravessarmos períodos de solidão. Por isso, a seguir estão três conselhos de como reagir adequadamente nessas situações:

I) Aproveite a solidão para se relacionar pessoalmente com Deus e aprender as lições que Ele quer ensinar para você, sozinha. Leia a Bíblia, Medite e Ore. Ore, ore, ore! Nos Salmos vemos belos exemplos de orações sinceras em tempos de angústia e solidão. Você pode, inclusive, ler os salmos como orações.

II) Continue amando e servindo as pessoas à sua volta (cf. 2Tm 4.16-17). Por exemplo, faça uma lista de Oração. Coloque o nome de pessoas que você sabe que estão sofrendo ou passando por alguma luta (são muitas! Sua lista vai ficar gigante). Olhe para essa lista pelo menos uma vez por dia e interceda por essas pessoas.

III) Busque outros para estarem ao seu lado quando você precisar. Todavia, ainda que todos venham a te decepcionar e te deixar na mão, continue firmemente apegada a Deus e satisfeita nEle – a sua graça nos basta. 

Escrito por Tamires Alves

 

Escrito por : Tamires Alves