Homens têm um grande dilema quando vão escolher o que vestir: onde eu joguei a camiseta de ontem? Já as mulheres levam pelo menos o triplo do tempo pra decidir o que vão vestir. O mais engraçado é perceber como as mulheres geralmente erram, mesmo tendo levado muito mais tempo nisso. Refiro-me a garotas cristãs, que erram porque muitas vezes as roupas não cumprem uma de suas funções primordiais: cobrir o corpo. Mas, roupas são muito mais do que simples capas, elas são parte do complexo sistema cultural humano que merece nossa atenção.

A construção de alguém enquanto membro de uma sociedade ocorre num contexto repleto de símbolos e mensagens não verbais. Desde muito tempo, as roupas têm sido um importante elemento na interação dos membros dessa sociedade. Uniformes identificam uma função profissional ou preferência esportiva. Elas podem indicar comprometimento com uma cosmovisão, ou seja, com uma visão de mundo específica ou ainda indicar o pertencimento a um grupo com interesses comuns. A vestimenta também pode refletir a condição climática e, notadamente, a social. Por um longo período a roupa foi apenas um elemento de proteção contra as forças da natureza, mas os últimos séculos trouxeram uma nova percepção de como ela faz parte de quem alguém é, o que trouxe à tona uma grande discussão acerca da moda.

Movimentos e reações surgiram. Tendências vieram, foram-se e retornaram. Estar na moda passou a ser uma obrigação, especialmente para garotas. Esse movimento de imposição de um padrão único provocou, hoje, uma reação de rejeição a qualquer padrão. Estar na moda tem sido entendido como faça sua própria moda.  E mais, especialmente os movimentos ligados à esquerda passaram a entender a moda feminina como outro meio de subjugar as mulheres à cosmovisão machista.

Isso criou duas mentalidades dominantes no pensamento feminino: extremo zelo pelo que a sociedade espera que eu vista versus total descaso pelo “normal” e adoção de um estereótipo bizarro. Isso deve te levar a uma pergunta: quem define que tipo de roupas eu posso/devo vestir? A primeira mentalidade perde-se tentando escolher um entre os muitos padrões, o segundo tem uma resposta mais definida: eu mesma! Mas o que a Bíblia tem a dizer sobre isso? Aliás, ela se preocupa com isso?

Vamos começar do começo. A primeira menção a roupas está logo em Gênesis. “E ambos estavam nus, o homem e sua mulher; e não se envergonhavam” (2.25). Depois que cometeram pecado, “então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; pelo que coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais” (3.7). Deus sacrificou animais e deles produziu roupas para o primeiro casal (3.21). A maldição entrava no mundo, com ela a vergonha pela descendência corrompida, o que os levou a esconder os membros responsáveis pela reprodução. Além disso, a natureza tornou-se inimiga do homem, que passou a precisar defender-se dela.

Com o desenvolvimento da sociedade, as roupas passaram a tomar o sentido que tratamos nos primeiros parágrafos. Por isso, Paulo tratou desse assunto nas suas cartas notadamente às mulheres. Mas por que só com as mulheres? Aqui é preciso entender melhor como funciona a cabeça de um homem. Em geral, os homens tendem a ser mais receptivos a estímulos visuais e as mulheres aos verbais ou emocionais. Grosso modo, homens olham e mulheres ouvem. Esse é um valioso conselho para vocês meninas: homens são MUITO fracos quando o assunto é cobiça dos olhos. Numa intensidade que vocês não podem imaginar. Homens brigam quando o assunto é futebol ou política, mas nessa área o consenso é geral. Paulo sabia bem disso e percebia como o modo como uma mulher se vestia causava muitas reações entre os homens.

Duas importantes passagens falam sobre esse tema. A primeira está em I Timóteo 2.9-15, quando Paulo escreve a Timóteo sobre questões éticas. A palavra-chave aqui é moderação. Esse deveria ser o distintivo entre as mulheres cristãs e as demais. Elas não deveriam pautar-se pelo que a sociedade considera bonito, mas as boas obras eram muito mais valiosas do que enfeites externos. Essa mesma ideia é trazida por Pedro em sua primeira carta (3.1-7) adicionando também o exemplo de mulheres do Antigo Testamento. Além disso, ele lembra que a graça da vida está aguardando como herança dos santos.

O chamado cristão não é para uma situação tranquila (Mt 10.34-39) é para sair da zona de conforto. Na sua zona de conforto, você pode vestir o que quiser, mas em Cristo o padrão é o bem do outro (Mc 9.42). A forma como eu vivo deve levar em conta meus irmãos e, nesse caso, especialmente os homens. Se eu sei que vestir aquela roupa pode fazer meu irmão em Cristo ter pensamentos impuros, por que eu vestiria essa roupa? Meu desejo não é levá-lo a pecar, mas que todos caminhemos rumo à maturidade, segundo a imagem de Jesus (Rm 8.29). Isso é válido mesmo se eu tiver que abrir mão de algo que é meu “direito”. Isso é válido quando eu tenho que deixar de fazer algo que gosto, em nome do amor que Cristo me leva a ter pelo meu irmão.

Além disso, estamos no mundo em missão. E a forma como somos vistos pelos de fora da igreja pode interferir nessa missão. Quando um empresário viaja a negócios a forma como ele se veste indica a mensagem não-verbal que ele quer transmitir aos outros. Você precisa entender que não é você quem define qual mensagem cada roupa transmite, infelizmente, somos reféns do sentido comum que o mundo já atribuiu a elas. Muitas vezes os homens olham uma mulher vestida de forma indecente e a desejam de uma forma carnal. Só que, junto com esse desejo, vem um pensamento: essa não é pra casar. Esse é o principal motivo pelo qual uma garota é usada por homens que só querem satisfazer seus desejos sexuais. Uma vez satisfeitos, eles rejeitam a garota porque “ela não é pra casar”.

Claro que há exceções, mas quando tratamos de comunicação não se trata só do transmissor, mas também dos receptores. Você pode achar que tal roupa não é indecente, mas as pessoas te veem como você está, não como acha que está. Por causa disso, ao escolher como vai se vestir, leve em conta a mensagem não-verbal que ela vai transmitir e como você pode estar prejudicando seus irmãos homens. Decotes e outras partes do seu corpo à mostra fazem a mente dos homens borbulhar. Até mesmo roupas muito justas, marcando suas curvas, levam até os homens mais piedosos pra longe da pureza. Infelizmente, nenhum homem está livre desse tipo de tentação.

Mais do que isso, qual a atitude, gestos ou trejeitos você terá? E qual é a sua motivação? Seduzir o maior número de rapazes? Ser cobiçada por onde passar? Ser rotulada como “não é pra casar”? Mas como isso te faz uma colaboradora da missão de Deus no mundo? Como isso faz com que Ele seja mais engradecido e glorificado em toda a terra? Não é sobre você, é sobre Ele: “Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus” (I Co 10.31)

Por Gabriel Furlan

 


NOTA DE ESCLARECIMENTO

Queridas leitoras, sobre o último artigo postado, gostaríamos de enfatizar algumas questões. Em primeiro lugar, vamos lembrar que é um menino escrevendo sobre o mundo masculino que ele conhece muito bem. Em nenhum momento ele afirmou que o que os meninos criam em suas mentes não é pecado, ele apenas foi sincero em compartilhar a visão comum entre os homens quando eles olham para uma menina vestida de maneira sensual.

Em segundo lugar, endossamos o fato de que uma mulher deve vestir-se com modéstia porque ama a Deus. Mas porque ela ama a Deus, uma das implicações disso é amar ao próximo. Porque ela ama ao próximo, ela o ajuda a não pecar. Não estamos dizendo que você não possa se vestir como quer. Nosso argumento é que, para a glória de Deus, você deveria não se vestir de maneira vulgar ou sensual por também entender (além dos motivos já levantados) que essa é uma área de luta para os meninos.

Nossa oração é que vocês sejam edificadas e reflitam biblicamente sobre os temas abordados aqui. Que Deus as abençoe!

Att,

Equipe CM.