Vamos recordar: vimos que antes estávamos mortas em nossos delitos e pecados e por isso agíamos como tais. Mas Cristo Jesus nos resgatou, dando-nos vida, e essa vida deve refletir a nossa nova identidade. A segunda carta de Paulos aos Coríntios diz: “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas! (2Co 5.17). Ou seja, temos que ter uma vida que demonstre que somos novas criaturas por meio de Cristo.

No primeiro artigo, vimos que precisamos ter uma vida coerente com Deus e Sua Palavra. Também vimos que essa coerência deve ser vivida em nossas redes sociais, com aquilo que postamos, curtimos, compartilhamos e com o tempo que gastamos na internet. Já no terceiro artigo, vimos que as nossas amizades também devem glorificar a Deus e, devido ao funcionamento do corpo de Cristo, amizade entre menino e menina deve existir. Contudo, como ainda somos pecadoras, precisamos tomar alguns cuidados. E neste último artigo, vamos ver que também precisamos refletir a Cristo com nossas emoções.

O ano de 2014 foi um ano muito difícil para mim em muitas áreas. Deus me colocou em situações novas que exigiam de mim coragem e dependência dEle, mas confesso que, muitas vezes, não agi como deveria. Nesse tempo, procurei ajuda e pude abrir meu coração com uma grande amiga. Ela me ajudou muito, mostrando-me que eu estava agindo conforme minhas emoções. Eu não enxergava isso, era tão difícil para mim entender o que ela estava falando. Em uma das nossas conversas, ela recomendou um livro chamado “Mentiras em que as mulheres acreditam e a verdade que as liberta” da autora Nancy Leight DeMoss, que já citei várias vezes nesta série. Foi enquanto lia este livro que tudo o que ela havia me falado passou a fazer sentido. Deixei minhas emoções tomarem conta de mim e por isso parecia que eu estava em uma montanha-russa emocional, uma hora estava confiante e outra, frustrada. Você já se sentiu assim? A principal característica de uma pessoa que se deixou dominar pelas emoções é a inconstância. E eu estava exatamente assim nesse período: inconstante!

Quando olhamos o início da história da humanidade – Gênesis 3 – sabemos que por causa de Adão, toda a humanidade se tornou pecadora (Romanos 3.23, 5.12-19) e esse pecado distorceu nossos pensamentos e, consequentemente, nossas atitudes. Deturpou também as nossas emoções. É por isso que em vez de nossas emoções estarem ligadas a Deus a fim de glorificá-lO, elas estão estritamente ligadas às circunstâncias. Se acordamos de bom humor nosso dia será agradável, porém, se acordamos de mau humor, tudo será difícil e chato. Se algo de bom acontece, estamos felizes, contudo, se algo ruim acontece, então ficamos infelizes. Sobre isso, Nancy L. DeMoss diz:

“[…] devido à nossa condição decaída, em geral nossos sentimentos têm muito pouco a ver com a realidade. Em diversas situações, os sentimentos simplesmente não são um indicador confiável do que é realmente verdadeiro. Quando permitimos que eles se conectem às nossas circunstâncias – que estão em constante mudança – em vez de se conectarem às realidades imutáveis de Deus e de sua verdade, nossas emoções tendem a oscilar descontroladamente. Não é preciso muita coisa para melhorar as emoções – um dia claro e ensolarado, um aumento de salário, um elogio de um amigo, a conclusão bem-sucedida de uma grande projeto ou perder cinco quilos. Enquanto isso, emoções negativas podem ser resultado de uma variedade de fatores, incluindo (mas não se limitando a) uma série de dias nublados, um dia difícil no escritório, um telefonema decepcionante, a percepção de que as roupas ficaram muito apertadas, aquele período do mês, uma noite maldormida ou uma pizza que comemos muito tarde na noite anterior.” (Página 191)

Por causa das constantes mudanças em nosso dia, nossas emoções se tornam confusas e por isso temos atitudes contrárias ao que a Palavra de Deus nos ensina. Nós brigamos, falamos alto, culpamos os outros, batemos portas, dizemos o que não devíamos e assim vai. Se as nossas atitudes devem agradar a Deus, logo as nossas emoções também (1Co 10.31).

O pior período para nós é durante a TPM. Lembro-me um dia em que estava nesse período e precisava viajar. A pessoa que ia me dar carona até a rodoviária cancelou em cima do horário e eu poderia perder o ônibus – imagina como meus nervos estavam! Um querido amigo ficou sabendo da situação e se dispôs a me levar. Enquanto estávamos a caminho da rodoviária ele tentava puxar papo, mas a minha cabeça estava a “mil por hora”. Era uma mistura de TPM, raiva da carona anterior, medo de perder o ônibus, entre outros sentimentos. Estava tentando controlar minhas emoções, mas não consegui. Até o perfume do rapaz estava me incomodando e comecei a não corresponder na conversa. Quando chegamos à rodoviária, ele pegou a minha mala para me entregar, quando eu simplesmente puxei da mão dele, falei um “tchau” bem rápido, virei as costas e segui em direção à bilheteria. Durante a viagem, aquela “ceninha” que fiz voltava à minha mente e percebi como havia deixado as minhas emoções se descontrolarem. O rapaz não tinha nada a ver com a minha falta de paciência, nervosismo e TPM. Me senti muito culpada. Orei a Deus para que me ajudasse a controlar minhas atitudes e que me desse sabedoria para não usar a TPM como desculpa para fazer o que quisesse e me fazer de vítima. Pedi perdão a Deus pelo o que havia feito com meu amigo e logo em seguida mandei uma mensagem para ele pedindo perdão por minha falta de educação.

Essa não foi a primeira vez em que fiz isso. Muitas vezes durante a minha adolescência falei coisas que não devia para os meus pais e irmãos. No segundo ano no seminário em que estudei, teve um dia que fui tão grossa com a bibliotecária e com outro rapaz porque ele também precisava ler o mesmo livro que eu, mas só havia um exemplar. Dias depois, precisei voltar e pedir perdão para a bibliotecária e para o rapaz. Nossa falta de paciência, milhões de tarefas para fazer, fome, falta de sono, cansaço e TPM não devem ser usados como desculpas para sermos grossas e sem educação. Nancy, em seu livro, dá o segundo conselho para nós:

“Se quisermos andar em liberdade, temos de perceber que nossas emoções não são necessariamente confiáveis e estar dispostas a rejeitar quaisquer sentimentos que não sejam consistentes com a Verdade […] A verdade é que, independente de quais emoções estejam borbulhando dentro de nós, pela graça de Deus podemos escolher fixar nossa mente nEle e ‘confiar e obedecer'”. (p. 191, 193)

Só será possível obedecermos a Deus quando decidimos isto com firmeza, o que é bastante difícil. Para nos ajudar, listarei abaixo alguns versículos que você poderá escrever em um papel e colar em seu quarto, banheiro, escritório ou em qualquer outro lugar que você achar necessário:

  • Filipenses 4.4-8: “Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: alegrem-se! Seja a amabilidade de vocês conhecida por todos. Perto está o Senhor. Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus […] Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, PENSEM NESSAS COISAS”. RESULTADO: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus.”
  • Colossenses 3.1,2: Portanto, já que vocês ressuscitaram com Cristo, procurem as coisas que são do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus. Mantenham o pensamento nas coisas do alto, e não nas coisas terrenas.
  • 2Coríntios 10.5: Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo.
  • Isaías 26.3: Tu guardarás em perfeita paz aquele cujo propósito está firme, porque em ti confia.
  • Salmo 19.14: Que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a ti, Senhor, minha Rocha e meu Resgatador!
  • 1Tessalonicenses 5.23,24: Que o próprio Deus da paz os santifique inteiramente. Que todo o espírito, alma e corpo de vocês seja conservado irrepreensível na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. (Inclusive nossas emoções).

Deus não nos prometeu uma vida isenta de momentos difíceis. Ele não prometeu uma vida sem TPM, afinal, foi Ele mesmo quem permitiu sua existência. Porém, Ele nos dá força por meio do Espírito Santo para nos ajudar a vencer as nossas próprias vontades e desejos que, muitas vezes, são incoerentes com a Palavra dEle. Deus prometeu que sempre estará conosco e que tudo o que acontece conosco é para que nos tornemos mais parecidas com Ele:

“Sabemos que Deus age em todas as coisas PARA O BEM daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito” (Rm 8.28).

Para terminar, quero compartilhar uma frase de Francis de Sales, bispo de Genebra em XVII, que diz o seguinte:

“Não olhe com medo para as mudanças e as oportunidades desta vida. Em vez disso, olhe para elas com a esperança plena de que, à medida que surgirem, Deus, a quem você pertence, a ajudará a enfrentá-las. Ele a sustentou até agora – e você permaneceu, mas se apegue à sua mão querida e ele a conduzirá em segurança por todas as coisas e, quando você não conseguir se manter em pé, ele a levará em seus braços […] O mesmo pai eterno que cuida de você hoje cuidará de você amanhã e em todos os dias. Ou ele a protegerá do sofrimento ou lhe dará força infalível para suportá-lo. Desse modo, fique em paz e coloque de lado todos os pensamentos e imaginações que lhe tragam ansiedade”. [1].

Praticando: Que tal espalhar versículos pela casa para se lembrar que suas emoções devem estar controladas a fim de agradar a Deus? Quando estiver de TPM, ore a cada manhã pedindo para que Deus a ajude a controlar seus sentimentos. Louve a Deus por estar sempre com você e pelo Seu Espírito que a auxilia a lutar contra a carne.


[1]SALES, Francis de, Daily Strength for Daily Needs, Mary W. Tileston, org., Boston: Little, Brown, 1899, p. 29.