As meninas que nos acompanham desde o início sabem que adoramos fazer entrevista, pois acreditamos que elas nos ensinam de uma forma mais descontraída e pessoal.

Após entrevistarmos a cantora americana, Moriah Peters, e a banda, também americana, Waiting Hill, nós almejavámos muito entrevistar um artista brasileiro. Até que…. Deus ouviu as nossas orações!! Tivemos a oportunidade de entrevistar a querida cantora Lorena Chaves, uma moça muito acessível, simpática e educada. ♡

Queremos aproveitar esta pequena introdução para agradecer a Lorena pela disposição em fazer parte da nossa história. Foi uma experiência maravilhosa para a equipe CM e sabemos também que será para as meninas que lerão este post! Lorena, que Deus continue te abençoando, guiando, ensinando e usando para a glória dEle! 😉

Bom, sem mais delongas, vamos ao que interessa! Esperamos que gostem!

ENTREVISTA

CM: COMO VOCÊ DESCOBRIU A MÚSICA E A VONTADE DE SEGUIR CARREIRA NELA?

Lorena: Na verdade eu não a descobri, acho que já estava plantada em mim desde sempre. Quando era criança, meus pais colocavam música na sala, aumentavam o volume do som, e eu e minha irmã ficávamos dançando e fazendo altas performances. Eu sempre quis trabalhar com música, sempre pensei que fosse seguir carreira e, graças a Deus, meus pais me apoiaram desde o início.

CM: NESTE MEIO TEMPO – DE ENTRAR E INICIAR SUA CARREIRA NA MÚSICA – VOCÊ SE CONVERTEU. COMO FOI ESSA TRANSIÇÃO PARA VOCÊ PESSOALMENTE E PROFISSIONALMENTE?

Lorena: Mudei a minha forma de ver o mundo depois que conheci a Cristo, né? Minha vida foi transformada juntamente com tudo o que faço. Busquei a Deus, mais do que tudo, pra saber o que faria daquele momento em diante. Cogitei ir pra fora do país, estudar e trabalhar como missionária, porque não conseguia conceber a ideia de que Deus me queria na arte e na música. Tinha uma visão bastante distorcida do que era a vida com Ele. Sentia que eu precisava estar num trabalho mais “espiritual” (risos). Estava completamente enganada. Busquei dia e noite uma resposta pra isso. E Ele me respondeu, claramente, que era para continuar compondo e gravar um disco, e que era Ele quem iria cuidar de todo o resto. Foi o que aconteceu e é o que tem acontecido. Glória a Deus pela liberdade, pela música, pela arte e diversidade!

CM: SUAS MÚSICAS NÃO SÃO EXPLICITAMENTE CRISTÃS, MAS TEM UM FUNDO CRISTÃO. EXISTE UM PROPÓSITO PARA ESTE ESTILO?

Lorena: Sinceramente não consigo entender quando falam que minha música não é “explicitamente cristã” ou que ela apenas tem um “fundo cristão”. Dizendo abertamente, acho isso totalmente sem sentido. O que torna uma música “cristã”, afinal? Não acredito nisso. A música não se converteu e nem vai. Eu, sim. Sou cristã, mas a música ou qualquer outra coisa, não. Um designer não cria um abajur cristão, um estilista não desenha um vestido cristão e um arquiteto não projeta uma sala cristã. Jesus não morreu pelas minhas músicas, nem pelo vestido do estilista, nem pela sala ou o abajur. Ele morreu por mim e por todos nós. O problema está em pensar que o trabalho do pastor, do músico ou do missionário, é mais espiritual do que o do médico, advogado, pedreiro, bancário, etc. Simplesmente não faz sentido. É claro que hoje eu vivo outra vida. Eu nasci de novo e por causa disso, aconteceu uma transformação em minha vida por inteiro. Toda a minha forma de viver, meus valores, meus conceitos, obviamente mudaram. Eu escrevo sobre o que tenho vontade de escrever, sobre o que leio, o que vivo, o que sinto, o que me faz bem, e até sobre angústias e decepções que fazem parte da vida. Acho que é isso que torna algo autêntico. A vida é feita disso! Há pessoas que vão escrever belíssimos hinos ou canções que vamos cantar no culto de domingo, outras vão compor uma trilha de filme, outras vão gravar jingles, músicas românticas, ou talvez irão falar sobre a família, política, natureza ou sobre qualquer outro âmbito da vida. E há aqueles que vão compor apenas músicas instrumentais! O que dizer destes, então? Gosto de um trechinho de uma entrevista em que um jornalista pergunta ao cantor Jon Foreman, o porquê de Switchfoot (sua banda) não tocar “músicas cristãs”. Jon disse o seguinte: “vocações e propósitos diferentes demonstram ainda mais a soberania de Deus. A obrigação de dizer isso ou fazer aquilo não soa como a gloriosa liberdade que Cristo morreu para me dar. No entanto, eu tenho uma obrigação, uma dívida que não pode ser quitada por minhas decisões líricas. Minha vida será julgada por minha obediência, e não por minha capacidade de limitar as minhas letras a essa ou aquela caixa.” E é nisso que acredito. Ou seja, não acredito que não utilizar pronomes divinos nas canções seja um estilo ou que exista um propósito pra isso. É puramente música. É o que faço.

CM: COMO É A SUA RELAÇÃO COM O PÚBLICO NÃO CRISTÃO?

Lorena: Não divido o público dessa forma. A minha música é pra todos aqueles que apreciam a arte de alguma forma, todos os que se identificaram comigo ou com a música em algum aspecto, seja por minha crença, sonoridade, atitude, letras, enfim. É por isso que amo tocar em “ambientes neutros” como teatros, festivais na rua, casa de show, enfim. A música tem esse poder incrível de reunir pessoas das mais diversas tribos, crenças e valores. Isso é lindo demais!

CM: COMO CRISTÃ, QUAIS OS SEUS HÁBITOS PARA CULTIVAR SEU RELACIONAMENTO COM DEUS?

Lorena: Acredito que a solitude se faz necessária na vida cristã e é parte do amadurecimento espiritual. A  gente está tão viciado em perguntar tudo para o pastor ou para as pessoas que temos como referência (e que muitas vezes são péssimas referências, infelizmente) que esquecemos de olhar para dentro de nós mesmos e tentar nos conhecer mais, ficar mais em silêncio com Deus. Quanto mais tentamos seguir um conjunto de regras e achar que, nos comportando direitinho Deus vai nos abençoar e honrar, mais longe estaremos dEle. Isso é crer num evangelho de compensação que é extremamente mentiroso e nada tem a ver com o que Jesus veio fazer por nós. Dá pra notar que o nível de superficialidade em meio aos jovens de hoje, infelizmente, é preocupante. Muitos se acomodam em um relacionamento medíocre e insosso com Deus, sem intimidade, sem conhecer a liberdade, com uma fé totalmente sem fundamento, vivendo vidas tristes, e muitas vezes vazias, seguindo os “rituais evangélicos” que são pregados por aí, e se acumulando num submundo “gospel”. Galera que passa horas e horas no facebook, não senta pra estudar e nem ler um livro, não tem uma vida de oração, não leem a bíblia, não fazem a menor diferença na sociedade. Estes facilmente se desviam. Desistem da vida cristã sem ter ao menos a experimentado de fato. A era da geração “fast food”, que quer tudo rápido, fácil, que não sabe esperar, cujo o maior interesse é usar Deus e não ser usado por Ele. É preciso voltar ao quarto, à solitude, às experiências individuais, às revelações, à intimidade com Ele. Oro pra que ainda consigamos levantar uma geração de jovens relevantes e cheios de Deus.

CM: COMO VOCÊ LIDA COM SUAS FALHAS?

Lorena: Eu tento desfazer a imagem que faço de Deus todos os dias para não colocá-lO numa caixinha e passar a crer num deus que eu mesma criei. Ele é ilimitado e pode fazer o que quiser, quando, como e onde quiser. E, de verdade? Busco as minhas próprias experiências com Ele, para não pautar minha vida nas experiências dos outros. Ele nos fez únicos e tem planos pra cada um, individualmente. Oro por tudo MESMO (aprendi com minha mãe a orar até para fazer compras no supermercado. Dá certo!). Saber que cada um está num processo diferente. Ninguém sofre a dor do outro. Precisamos ter paciência. Saber e crer com todo o coração que nada que eu faça ou deixe de fazer fará Deus me amar mais ou menos. Cair, levantar e seguir adiante.

CM: QUAL MÚSICA QUE VOCÊ JÁ ESCREVEU E CANTA COM FREQUÊNCIA QUE SEMPRE “PEGA NO SEU PRÓPRIO PÉ”? POR QUÊ?

Lorena: Acho que tem uma música pra cada momento da vida. Teve uma época que “Aonde está o seu amor” mexia demais comigo. O lance de ter realmente um compaixão genuína pelo outro, de se importar e considerá-lo superior, de perdoar, enfim. Hoje, a música que tem falado comigo é “Em cada canto”, tema do próximo disco. A letra fala sobre pequenos prazeres da vida e sobre a graça de Deus sobre nós. Tenho experimentado essa leveza ultimamente.

CM: QUAL CONSELHO VOCÊ DARIA PARA AS LEITORAS DO CM QUANTO A VIDA DELAS COM DEUS VERSUS A INFLUÊNCIA DO MUNDO?

Lorena: Vivemos num mundo caído e é preciso decidir por Deus todos os dias. O que não podemos é viver numa bolha evangélica. Precisamos nos envolver! Jesus nos chamou para amar as pessoas e não criar panelinhas dentro da igreja e esquecer do resto do mundo. Não estamos imunes às tentações até a volta de Cristo! Dentro ou fora da igreja. Sejamos fortes e corajosas! Problemas e lutas virão, mas com Cristo somos mais que vencedoras!

CM: E SOBRE A MÚSICA, O QUE VOCÊ ACONSELHA PARA MENINAS CRISTÃS QUE DESEJAM SEGUIR NESTE CAMINHO?

Lorena: Sejam sinceras, autênticas e originais. Sempre vamos receber críticas (nem Jesus escapou disso) mas é preciso filtrar e ponderar cada uma delas e se achegar à Deus, a cada passo, para ouvir o que Ele tem pra nos dizer. Não desistam! Ninguém vai lutar pelos seus sonhos mais do que você.

CM: FALE UM POUCO SOBRE NOVO CD!

Lorena: Esse segundo disco é bem diferente do primeiro. Diferente na sonoridade, nas melodias, nos timbres, no gênero, em tudo! A começar pela capa totalmente artística e conceitual, criada pelo designer e artista plástico Thiago Thal. Sempre tive vontade de fazer algo inesperado e diferente. O som está extremamente pop e descompromissado. É um disco para ouvir e relaxar, para viajar na estrada com o vidro aberto, para jantar com os amigos, para agradecer a Deus pela beleza da vida e da criação. Tô bastante feliz com o resultado e muito ansiosa pro lançamento!

Muito obrigada!!!

Beijos, Lorena.