Foi uma longa jornada até aqui. Meu nome é Natália, tenho 22 anos e sou completamente apaixonada pelo curso que faço hoje na faculdade. Mas nem sempre estive feliz com a minha escolha, na verdade foi uma grande dificuldade para encontrar o que eu realmente queria fazer. Vou contar um pouco da minha história.

Creio que existem dois tipos de estudantes no ensino médio: existem aqueles que não fazem a mínima ideia da carreira que querem escolher, e por isso se preocupam mais em passar ou não no vestibular – seja o curso que for – e existem aqueles que já tomaram uma decisão de carreira e acabam focando tanto nessa escolha que se fecham para conhecer outras possibilidades.

No ensino médio, eu estava no segundo grupo. Já tinha decidido o que queria fazer e mesmo que conversasse com pessoas da área que me alertassem dos pontos negativos da profissão que estava prestes a escolher, eu decidi não dar ouvidos. Fiz um teste vocacional – e recomendo para todos passarem por algum tipo de experiência que faça você pensar sobre você mesmo, suas habilidades, vontades e sonhos, porque de fato não sabemos muito bem quem somos na adolescência, precisamos nos conhecer melhor. Mas quando fiz o teste, cometi um erro muito comum: fui responder as perguntas tendenciosamente, pensando já no curso que eu havia escolhido. Isso, obviamente, fez com que o teste apontasse exatamente para aquela carreira. Mas o teste não funciona assim! Você deve ser sincero, o mais neutro que puder, para que o resultado não seja direcionado, mas realmente evidencie os cursos que mais tem a ver com você. Todas as profissões têm pontos positivos e negativos, mas quando ignoramos os negativos, corremos o risco de idealizar e criar expectativas que não tem a ver com a realidade prática da profissão.

De qualquer forma, eu estava decidida. Prestei vestibular, passei e comecei a cursar. De fato, era um curso interessante, mas ao longo do primeiro ano fui vendo que aquele não era o papel que eu queria ocupar. Não me via no futuro trabalhando com aquilo e isso começou a me desmotivar um pouco. Por outro lado, eu pensava: o que iria fazer? Abandonar o curso e começar tudo de novo? Simulados, redações, lista de livros, fórmulas…não, eu não poderia voltar atrás! Tinha me esforçado muito para chegar até ali.

Nas férias, porém, tive uma experiência muito marcante. Participei de uma viagem missionária no sertão nordestino que mudou minha perspectiva de vida. Conviver com pessoas em condições de pobreza tão extrema, tanto material quanto espiritualmente, me fez pensar muito no meu papel como seguidora de Jesus e na perspectiva eterna da minha vida. O que eu estava fazendo com meu tempo? Com a faculdade que estava cursando? Com certeza não estava levando em conta como a vida é passageira (Salmos 144:3-4), estava como que brincando com o meu tempo, investindo em coisas sem importância e sem estar certa de um propósito. Entendi com essa experiência que todos nós, como filhos de Deus, temos um chamado para pregar o evangelho e fazer discípulos aonde quer que estivermos, qualquer que seja nossa profissão (Mateus 28:18-20). Mas entendi também que tinha em minhas mãos a oportunidade de escolher me dedicar integralmente a isso, e que por ainda estar na faculdade, poderia escolher um curso que me ajudasse nesta missão.

Assim voltei, cheia de ideias e sonhos e fui conversar com a liderança da minha igreja – outra coisa que recomendo: além de terem um conhecimento mais profundo da Palavra, os líderes são normalmente pessoas com mais experiência e podem nos exortar, instruir e orientar (Provérbios 24:6). Para a minha surpresa, quando voltei dizendo que queria dedicar minha vida para o ministério, nenhum dos líderes me orientou a abandonar a faculdade e ir para um seminário. Eles me orientaram a completar uma faculdade, sendo habilitada para uma profissão que me pudesse ser útil no ministério e só depois considerar a possibilidade de estudar em um seminário.

O que eu fiz? Fui fazer minha faculdade, porém decidi trocar de curso. Foi um tempo difícil, fui muito julgada por diversas pessoas, mas estava tranquila por dois motivos: primeiro, porque pela primeira vez eu estava realmente convencida de que estava mudando com o propósito correto – ser mais útil para o Reino do nosso Deus. Segundo, porque entendi que Deus é o dono da minha vida, do meu tempo e dos meus esforços, e não eu mesma. Mudar de curso, para muitos, pode significar desperdício de tempo, por ter que gastar mais um ano no cursinho e começar tudo de novo ou até mesmo humilhação, por ter que voltar atrás em uma decisão (Tiago 4:13-15). Mas não creio ser esta a perspectiva correta. Fazer uma faculdade só por fazer, sem ter um propósito, isso sim é perda de tempo. Ganhar um diploma em algo que você não gosta, que não fará de todo o coração para o Senhor, isso sim é humilhação.

Hoje, continuo cursando a faculdade e tenho me empolgado muito diante da perspectiva de utilizar a minha formação profissional para o ministério. Aproveito meus períodos de férias para conhecer outros campos missionários, ter contato com diferentes trabalhos (com indígenas, ribeirinhos, pescadores…). Tenho aproveitado também as oportunidades de formação teológica a que tenho acesso – como o Curso de Treinamento de Líderes (CTL), do Seminário Bíblico Palavra da Vida, que trabalha muitas das disciplinas do seminário em módulos que podem ser cumpridos progressivamente, enriquecendo meu conhecimento sobre a bíblia e ministério. Creio que este é um tempo precioso e que não posso desperdiça-lo! Ser universitária não significa estar parada no ministério, pelo contrário: devemos enxergar até mesmo a faculdade como um campo missionário!

Portanto, meninas, incentivo vocês que estão no ensino médio: busquem conhecer diferentes profissões, façam testes vocacionais e sejam sinceras nessa busca. Procurem entender qual o propósito de escolher esta ou aquela profissão, compreendam qual o papel que ocuparão nessa sociedade que precisa tanto de pessoas fiéis a Deus. Você pode servir a Deus com qualquer profissão, desde que entenda a relevância do seu papel no Reino e a missão que todos nós temos: pregar o evangelho e fazer discípulos onde estivermos!!