*** Esta é a última devocional de uma série em Filemom. Se você perdeu as anteriores, sugiro que volte e leia para que aproveite melhor o que vai ler. Você pode conferir a primeira aqui, a segunda aqui e a terceira aqui.

Se você me considera companheiro na fé, receba-o como se estivesse recebendo a mim. Se ele o prejudicou em algo ou lhe deve alguma coisa, ponha na minha conta. […] Eu pagarei.

Nas devocionais anteriores, vimos, entre outras coisas, que a fé em Cristo leva ao amor pelos irmãos, incluindo atitudes radicais e sacrificiais. Hoje veremos porque isso acontece. Para isso, vamos lembrar da atitude de Paulo em favor de Onésimo. Onésimo provavelmente tinha uma dívida com Filemom — talvez o tivesse roubado antes de fugir. Não era Paulo quem tinha essa dívida. Pelo contrário, parece que Paulo tinha um ótimo relacionamento com Filemom. Porém, é possível que Onésimo não tivesse condições de sanar essa dívida por si próprio. O apóstolo, então, coloca-se como mediador. Ele se propõe a pagar a Filemom quaisquer dívidas de Onésimo e pede, então, que Filemom receba Onésimo como se estivesse recebendo o próprio Paulo. Você consegue perceber de que maneiras a atitude radical de Paulo em favor de Onésimo imita a atitude radical de Cristo em nosso favor? Veja os versículos a seguir:

Ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados. Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós. (Isaías 53.5-6)

Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus. (2 Coríntios 5.21)

Ele mesmo levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, a fim de que morrêssemos para os pecados e vivêssemos para a justiça; por suas feridas vocês foram curados. (1 Pedro 2.24)

Cristo sofreu pelos pecados uma vez por todas, o justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus. (1 Pedro 3.18)

O que Paulo fez por Onésimo diante de Filemom é um paralelo do que Cristo fez por nós diante de Deus Pai. Nós tínhamos uma dívida impagável diante de Deus, a dívida do pecado. Mas Jesus Cristo, o Deus Filho encarnado, assumiu a nossa dívida e, embora fosse perfeitamente bom, santo e justo, morreu para pagar o preço da nossa maldade, corrupção e injustiça. Ele ofereceu a Si mesmo como pagamento pelo pecado para que nós pudéssemos ser perdoadas. Pela fé em Cristo não temos mais dívidas com Deus. Não estamos mais debaixo de condenação, porque Cristo já pagou tudo o que devíamos em nosso lugar (Romanos 8.1). Não carregamos mais um histórico de culpa, mas de justiça, porque pela misericórdia e graça de Deus a nossa culpa foi lançada na conta de Jesus e a justiça de Jesus foi lançada em nossa conta.

Por causa dessa troca duplamente maravilhosa, Deus nos recebe como Cristo — como filhas amadas e justas. Não, não somos completamente justas na prática. Mas Deus já nos considera justas porque os méritos de Jesus nos foram concedidos gratuitamente, pela fé nEle como nosso Substituto, nosso Salvador. Como se não bastasse, temos a garantia de que Deus está nos transformando à imagem de Jesus e um dia seremos como Ele (Romanos 8.28-29; 1 João 3.1).

Você consegue perceber como essas realidades gloriosas impactaram a vida de Paulo, Onésimo e Filemom? Consegue perceber como elas devem impactar as nossas vidas hoje? Consegue ligar os pontos entre a fé em Cristo e o amor pelos outros? Muitas pessoas acreditam que precisam fazer o bem a fim de ganhar o favor de Deus, mas na verdade, é justamente o fato de termos recebido a misericórdia, a bondade e o amor de Deus — de graça, sem que merecêssemos, pela fé em Cristo — que nos motiva a viver uma nova vida, marcada pela prática do bem (Efésios 2.1-10; Tito 2.11-14; 3.3-8).

É por isso que Onésimo foi transformado. É por isso que Paulo estava disposto a sofrer prisão e prejuízo, e é por isso que Filemom era marcado pelo amor e deveria também colocá-lo em prática para com aquele que o havia prejudicado anteriormente. Afinal, Filemom era tão indigno do amor de Deus quanto Onésimo, mas havia sido agraciado por um amor e perdão tão maravilhoso que não poderia deixar de estendê-lo. Nós também não podemos.

Pois o amor de Cristo nos constrange, porque estamos convencidos de que um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos para que aqueles que vivem já não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. (2 Coríntios 5.14-15)

Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Amados, visto que Deus assim nos amou, nós também devemos amar-nos uns aos outros. (1 João 4.10-11)

Essa é a ligação entre a fé em Cristo e o amor aos outros. Nós vivemos para aquEle que por nós morreu e ressuscitou. Nós amamos (a Ele e aos outros) porque Ele nos amou primeiro.

Oração: Senhor, meu Deus e Pai, obrigada pelo sacrifício de Jesus em meu favor, que me trouxe perdão sem que eu merecesse e transformou a minha vida para sempre. Ajuda-me, Pai, a viver uma vida de amor por Ti e pelos outros, em resposta ao teu grande amor.