De vez em quando visitando outros blogs, paro pra pensar em como temos lido, ouvido, visto e recebido tanta informação nos dias de hoje e quantos de nós tem realmente usado de discernimento para avaliar aquilo que ouvimos. Crescemos com uma quantidade de informação midiática que nenhuma outra geração teve. Televisão, rádio, internet, e agora temos tudo no celular – milhares de imagens, melodias e palavras sendo enviadas ao nosso cérebro sem que paremos para refletir. No passado, nossos pais e avós ouviam menos e pensavam mais. Hoje não temos tempo para pensar.

Ouvimos sobre política ou artes, mas não temos uma opinião própria. Se perguntarem porque, copiaremos o que alguém disse. Conversamos sobre superficialidades, porque não podemos nos aprofundar naquilo que não conhecemos. Por favor, vejam que estou sendo bem generalista, se você é exceção, parabéns! Mas acredito que, como geração, deixamos muito a desejar nesse quesito – nós somos a geração ctrl+c/ctrl+v. É triste. Em Colossenses 2:8, Paulo diz:

“Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo”.

Será que suas opiniões sobre papel homem-mulher, homossexualismo, sexo pré-marital, aborto, evolução/criação, e por aí vai, estão embasadas? Cientificamente? Biblicamente? Estão elas fundamentadas nas filosofias do mundo? Ou em suas tradições culturais? Nos princípios que o mundo impõe a nós? Além disso, suas respostas seriam do tipo “certo ou errado” ou você poderia explicar-se? Ou até mesmo: você aceitaria ser questionada? Um dia desses ouvi um programa na rádio onde a entrevistadora ao ouvir o entrevistado mencionar aborto ou evolução irritava-se e pedia a ele que mudasse de assunto – “eu penso diferente”, “nossas opiniões não combinam”. Ela não conseguia escutar uma opinião diferente.

Desde quando nos tornamos tão fracas que não sabemos mais dialogar? Não ouvimos o que o outro tem a dizer porque temos medo de que nossas opiniões sejam “balançadas”. O problema é que achamos que diálogo e discussão são a mesma coisa. Esquecemos como discordar. Ou seja, se tentarmos falar sobre áreas em que discordamos, o outro considerará isso discussão. Desculpem-me, mas se minhas opiniões são biblicamente embasadas e eu creio na Bíblia como verdade, não preciso ter medo. Ouvirei aquilo que o outro tem a me dizer, concordarei ou não, de acordo com a Bíblia. Não preciso levantar minha voz, ficar nervosa ou irritada pelo fato de alguém não concordar com o que penso. Eles estão discordando da Bíblia, não de mim. E é isso que preciso ter certeza – se estou embasando minha vida e ideias na Bíblia ou em mim mesma.

Ao mesmo tempo, vale lembrar que a Bíblia nos ensina a combinar verdade com amor. Jogar a verdade na cara de alguém não conta. Ter medo de expor a verdade por amar alguém também não. Precisamos estar firmes na verdade e fundamentados no amor. Há maior amor do que mostrar a alguém que nos importamos ao compartilharmos com eles o Evangelho da Verdade?

O segundo problema é que esta situação não acontece apenas na sociedade, acontece dentro das igrejas. Lembro de quando era membro da 1a Igreja Batista da Penha, ainda adolescente, e uma das minhas amigas disse que não gostava quando outros pastores  que não o pastor titular pregavam. A fixação dela era grande a ponto de apenas a palavra daquele pastor ser a verdade. Se eu discordasse do pastor, eu estava errada. Ela ficaria irritada comigo!!! Deixe-me apresentar-lhes o modelo bíblico. Em Atos 17.10-12 encontramos um exemplo de uma igreja sábia, a de Beréia:

E logo, de noite, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Beréia; tendo eles ali chegado, foram a sinagoga dos judeus. Ora, estes eram mais nobres do que os de Tessalônica, porque receberam a palavra com toda avidez, examinando diariamente as Escrituras para ver se estas coisas eram assim. De sorte que muitos deles creram, bem como bom número de mulheres gregas de alta posição e não poucos homens.

O que podemos aprender com eles? NÃO ACEITE TUDO O QUE VOCÊ OUVE! Mas esteja  focada em pensar biblicamente. Preste atenção: eles estavam sendo ensinados por Paulo e Silas. Nós sabemos quem era Paulo, o quanto ele se dedicava ao ministério e o quanto era conhecido pelas suas viagens missionárias. Ele teve uma experiência pessoal profunda com Deus, que transformou sua vida completamente. Ainda assim, quando os bereianos ouviram a mensagem de Paulo e Silas, eles não a aceitaram de primeira. Eles pararam, ponderaram, pensaram, compararam com as Escrituras DIARIAMENTE com o objetivo de “ver se estas coisas eram assim”. Qual o resultado disso? “De sorte que muitos deles creram”.

As Escrituras (no caso dos bereianos, o Antigo Testamento) provaram ser verdadeira a mensagem de Paulo. Da mesma forma que ela provará se a nossa mensagem é verdadeira – se nossa opinião e aquilo que consideramos verdade – realmente é. Este trecho nos ensina que a verdade esta nas Escrituras – não no que o Pastor prega, não no que ouvimos em mensagens de rádio, da internet, não nos blogs que lemos, não nas nossas opiniões. Eu não sou dona da verdade, mas eu tenho o Evangelho da Verdade.  E essa Verdade me orienta e me ensina a viver.

Meu encorajamento a vocês, leitoras de hoje, é que dediquem-se ao estudo da Verdade. Debrucem-se na Bíblia e pesquisem sobre aquilo que as interessa: ciência, sociedade, família, comportamento, relacionamento conjugal, amizade, política. A Bíblia tem tudo o que precisamos para a vida aqui e na eternidade. Não aceite tudo o que você ouve na sociedade E na igreja como verdade. Seja um bereiano e volte-se para as Escrituras. E não tenha medo de ser questionada. Esteja aberta para expor o Evangelho sem afrontar, deixando que o Santo Espirito confronte, mas esteja também aberta para ouvir. Muitas vezes é ouvindo que recebemos o respeito do outro e a possibilidade de expor o Evangelho.