Nota do editor: Este é o segundo artigo de uma série sobre o feminismo que continuará toda quarta e quinta feira do mês de abril. Procuramos abordar os principais tópicos deste tão relevante assunto, no entanto, sabemos que não cobriremos todas as suas faces. Nosso desejo não é criar polêmica, mas sabemos que a Bíblia quase sempre nos coloca na contramão do mundo. Nosso objetivo nesta série é estudar o que a Bíblia tem a nos dizer sobre a mulher, seu papel e seu valor, enquanto olhamos para o feminismo e o comparamos com as verdades encontradas nas Escrituras. Responderemos perguntas como: O que é feminismo? O que ele advoga? Há quanto tempo ele existe? O que afirmamos quando dizemos ser “feministas”? O que a Bíblia tem a nos dizer sobre masculinidade e feminilidade? É possível ser cristã e feminista? O feminismo é o que diz ser? Se não é, então qual a alternativa bíblica para o feminismo?_________________________________________________________________________

Hoje em dia, dentro da comunidade cristã, vê-se uma tentativa de buscar nas Escrituras suporte para a luta feminista. No entanto, quando o secularismo adentra as portas de nossas igrejas, as Escrituras passam a ser manipuladas para afirmar aquilo que elas nunca quiseram dizer. No assunto do papel do homem e da mulher, há duas posições conhecidas e defendidas dentro da nossa comunidade cristã: o igualitarismo e o complementarismo. Basicamente, o igualitarismo defende que o homem e a mulher são iguais em todos os aspectos, sem distinção de papéis, enquanto o complementarismo reconhece as diferenças de design entre homem e mulher na criação divina e seus papéis como complementares.

Temos visto nos Estados Unidos que igrejas que cedem ao igualitarismo, tendem a, posteriormente, ceder em suas posições quanto à liderança feminina e casamento homossexual, dentre outras questões. Mas como você irá perceber, o design divino para o homem e a mulher está não apenas no centro das nossas relações sociais, mas no centro do Evangelho e de nossa identidade. Acompanhe comigo enquanto estudamos como estas posições se definem e onde encontram suporte nas Escrituras.

IGUALITARISMO

Um Resumo Geral da Posição Igualitarista

  1. Criação em Igualdade – Deus criou homem e mulher iguais em todos os aspectos. Gênesis 1.26,27 não faz distinção entre homem e mulher no fato de que ambos são feitos igualmente à Sua Imagem (i.e. igualdade ontológica) e a ambos é dada a responsabilidade de dominar Sua criação (i.e. igualdade funcional).
  2. Desordem na Queda e Hierarquia – O pecado introduziu à ordem criada por Deus várias manifestações de desordem e relacionamentos corruptos. Entre os principais exemplo de corrupção está a introdução de uma hierarquia ilegítima entre homem e mulher. Gênesis 3.16 (a maldição da mulher) sugere que, por causa do pecado, a mulher teria uma disposição subserviente perante o homem, e o homem teria, na medida contrária, uma disposição à supremacia sobre a mulher. Assim, o relacionamento de igualdade entre o homem e a mulher pretendido por Deus na criação é agora degradado pela presença de uma tendência hierárquica pecaminosa e perigosa.
  3. Igualdade Restaurada pela Redenção em Cristo – Gálatas 3.28 expressa a grande verdade de que, em Cristo, as bases falsas e pecaminosas da hierarquia entre o homem e a mulher foram abolidas, portanto não há distinção legítima, no reino de Deus, entre homem e mulher. A igualdade entre o homem e a mulher é restaurada, a dignidade é dada de volta à mulher e as atitudes servis são exigidas do homem e da mulher.

Razões Principais de Defesa da Posição Igualitarista

A. Evidência que o Design do Criador Foi de Igualdade entre Homem e Mulher

  1. Gênesis 1.26,27 – Mostra que o homem e a mulher compartilham a mesma natureza humana, são feitos à imagem de Deus e recebem de Deus o mandado de dominarem a terra. Não apenas há igualdade de ser ou natureza entre o homem e a mulher, há também, mais importante ainda, igualdade de função ou tarefa – ambos devem dominar. E note: não é feita distinção para dar ao homem uma posição superior neste domínio.
  2. Gênesis 2.18 – A mulher como “auxiliadora” é melhor entendida como uma que vem para completar (i.e. tornar completo algo que está incompleto). Então, longe de colocar a mulher como subordinada ao homem, ela mostra quanto o homem deve à mulher. Interessante notar que a palavra para “auxiladora” é usada mais frequentemente para se referir a Deus (que não é de maneira alguma subordinado a aqueles a quem ajuda) em Seu auxílio aos outros. O ponto aqui, então, é que o homem e a mulher precisam um do outro e, por isso, são parceiros iguais no relacionamento, e não que a mulher esteja subordinada a ele.
  3. Gênesis 2.22-24 – Eles são uma só carne, ou a mesma carne, indicando completa igualdade de pessoa
  4. Gálatas 3.28 – Se o propósito de Deus através da redenção é o de abolir distinções falsas e pecaminosas que separem homem e mulher em classes ou em uma hierarquia, então este versículo deve ser entendido como um retorno ao que Ele havia desejado na criação, um desejo que foi distorcido pela Queda e pelo pecado mas agora é tornado real novamente em Cristo.
  5. 1 Coríntios 12.7-11 – Claramente Deus distribui Seu dons ao Seu povo como Ele mesmo deseja, mas o gênero não é um fator determinante em Sua entrega de qualquer dom especial a uma pessoa. Homens e mulheres são igualmente recipientes de todos os dons de Deus (veja 1 Coríntios 11.5 para uma afirmação sobre uma mulher detentora do dom de profecia). Como a entrega dos dons espirituais de Deus é neutra, e já que Deus espera que Seus dons sejam usados na igreja, segue-se que homens e mulheres  devem exercer igualmente seus dons na igreja.

B. Exemplos Bíblicos de Igualdade entre Homem e Mulher

Apesar da introdução da posição hierárquica entre os seres humanos com a Queda, há indicações de que Deus  empenhava-se para destruir esta manifestação de pecado e, no lugar disso, exibir relacionamentos igualitários neste mundo caído.

  1. Liderança Feminina em Israel – Apesar de Israel ser largamente patriarcal (assim como a maioria das outras culturas do mundo atingidas pelo pecado na história e no tempo), Deus resolveu dar a Israel algumas expressões de liderança feminina. Exemplos são: Miriam (Êxodo 15), Hulda (2 Reis 22) e Débora (Juízes 4-5) que foram profetizas; sendo Débora também juíza em Israel. Outros exemplos de mulheres que tiveram papéis proeminentes na formação espiritual e no desenvolvimento de Israel, mas não em papéis religiosos oficiais foram Ester, Rute e Noemi.
  2. A Mulher Ideal de Provérbios 31 – Este capítulo provê um elogio a esta mulher ideal que teme ao Senhor e que expressa serviço fiel a Ele por meio de negócios fora de casa, assim como provisão para o seu lar.
  3. Participação Feminina no Ministério de Jesus – Há numerosos exemplos de mulheres que tiveram um papel significante no ministério de Jesus, papéis que, embora inaceitáveis na cultura da época, ainda assim demonstraram a completa aprovação da parte de Jesus por mulheres e seu desejo de ministrar. Alguns exemplos:
  • Lucas 8.1-3 – Mulheres que proviam financeiramente para o ministério de Jesus  e até mesmo viajaram com ele, aprendendo dele enquanto ele ensinava de vila em vila, de cidade em cidade.
  • Lucas 10.38-42 – Maria foi elogiada por Jesus por assentar-se aos seus pés ao invés de correr para ajudar a preocupada Marta com os cuidados da casa. Novamente Jesus encoraja mulheres a vir aprender com ele, tanto quanto a homens.
  • Mateus 15.21-28 e Lucas 7.36-50 – Mulheres a quem Jesus usou como exemplos de fé e amor
  • João 4.39-42 – A mulher samaritana tornou-se a primeira evangelista entre os não discípulos de Jesus. Isto certamente indica que Jesus considerava mulheres capazes de ensinar a outros, pois um evangelista instrui a outros no ensino principal, o próprio evangelho de Cristo.
  • Mateus 28.1-10 e Marcos 16.1-8 – Certamente Deus é capaz de escolher aqueles que Ele deseja que descubram primeiro e contem aos outros sobre a ressurreição de Jesus. Quem deveria ser este grupo privilegiado? Quem foram as primeiras testemunhas da ressurreição de Jesus? Os evangelhos de Mateus e Marcos, ambos, dão nomes de mulheres (Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé) que foram à tumba e a encontraram vazia, e receberam do anjo a ordem de ir e contar o que elas agora sabiam aos discípulos e a Pedro (Marcos 16.7). Deus escolheu mulheres, ao invés de Pedro ou qualquer um de seus discípulos, para ser as primeiras testemunhas da ressurreição de Jesus. Isto novamente indica a total confiança de Jesus no papel das mulheres de compartilhar com as pessoas a mensagem mais importante.
  • Mateus 28.18-20 e Atos 1.8 – Evangélicos universalmente compreendem a comissão cristã de dar testemunho do poder do Espírito e fazer discípulos como uma ordem que se aplica a todos os seguidores de Cristo. Logo, a proclamação do evangelho como ordenada por Cristo não é específica para um gênero.

4. Envolvimento Feminino na Igreja Primitiva

  • Atos 2 (especialmente v.17,18) – Homens e mulheres são recipientes do Espírito Santo
  • 1 Coríntios 12 – Como dito acima, homens e mulheres são recipientes dos dons do Espírito Santo e ordenados a usá-los na igreja (v.7)
  • 1 Coríntios 11.5 – Aqui se faz menção de mulheres na igreja que estavam “profetizando”, claramente um dom de fala usado para instruir e edificar os participantes da igreja (de acordo com Atos 21.9)
  • Atos 18.26 – Priscila (mencionada primeiro) e Áquila tomaram Apolo consigo e, “com mais exatidão, lhe expuseram o caminho de Deus”. Priscila, então, estava exercendo um dom de ensino e instruindo um homem, que também era um professor (conforme Romanos 16.3-5)
  • Romanos 16.1,7 – Paulo recomenda duas outras mulheres (além de Prisca, no verso 3), Febe, que é uma serva, talvez diaconisa, na igreja; e Júnias, que (se de fato uma mulher) é considerada “notável entre os apóstolos”

Objeções e Respostas à Posição Igualitarista

  1. Objeção: A estrutura política e religiosa de Israel exibe uma liderança quase que exclusivamente masculina, e isto por ordem e chamado divinos. Por exemplo: Adão, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, os doze filhos de Jacó como doze tribos de Israel, sacerdotes masculinos, foco nos filhos primogênitos, reis homens (exceto Atalia, uma vil usurpadora do trono). Resposta: Isto reflete, primariamente, a cultura patriarcal da época. Assim como Deus tolerava a poligamia e até mesmo introduziu leis que a regulassem, apesar de Seu propósito monogâmico na criação, assim ele tolerava o patriarcado, mostrando Sua desaprovação através das mulheres que foram levadas à posição de liderança em Israel apesar da supressão cultural das mulheres.
  2. Objeção: Você diz que Jesus quebrou as expectativas e normas culturais ao permitir que mulheres participassem com Ele em seu ministério e no testemunho do evangelho. Porque, então, Ele não quebrou as mesmas convenções e chamou algumas mulheres como suas discípulas? Sua escolha de um grupo de discípulos totalmente masculino vai de acordo com a tradição de liderança masculina que encontramos por todo o Antigo Testamento. Resposta: Jesus continuou com o processo de restauração da mulher ao seu lugar de igualdade plena, um processo que continuou na igreja primitiva (ver Gálatas 3.28 e 1 Coríntios 12). Jesus sabia que poderia quebrar com a tradição apenas até certo ponto, de maneira que lhe permitisse, ainda assim, a oportunidade de ensinar e viajar com a frequência que fazia. Um caso paralelo pode ser visto quando Paulo deixa de denunciar a escravidão, por mais que ele a visse como contraditória à liberdade do Evangelho.
  3. Objeção: Paulo diz que as mulheres devem submeter-se aos seus maridos. Como ele pode fazer isto de maneira justa se, como você diz, ele havia declarado a hierarquia como resultante do pecado e abolida em Cristo? Resposta: É interessante notar que o tratado completo de Paulo sobre maridos e esposas (Efésios 5.22-33) é introduzido com uma afirmação transicional em 5.21 que diz “Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo.” O que se segue a este verso, então, não pode ser tomado como contraditório a este claro comando de que os cristãos devem se submeter uns aos outros. O que, então, ele quer dizer em 5.22? Ele dá este conselho como um (prime) exemplo do tipo de submissão que deve ocorrer de modo mais geral entre todos os cristãos. O propósito deste texto é ilustrativo e não deve singularizar as mulheres como submissas aos seus maridos.
  4. Objeção: Quando Paulo diz que o homem (1 Coríntios 11.3) ou marido (Efésios 5.23) é o cabeça da mulher, ele não quer dizer que o homem tem a posição de autoridade e responsabilidade sobre a mulher? Resposta: Não, e isto pode ser percebido ao olharmos para a palavra traduzida como “cabeça” (do grego: kephale). Este termo é largamente usado na literatura grega extra-testamentária como “origem” (assim como a cabeceira/origem de um rio). Logo, o que isto quer dizer, então, é que a mulher deve sua existência ao fato de que o homem foi criado primeiro e, em seu estado incompleto, Deus fez a mulher a partir dele. Assim, a mulher é “originada” do homem. Desta maneira, a palavra não sugere, como muitos pensam, que o homem tem alguma autoridade justa sobre a mulher.
  5. Objeção: Quando Paulo diz em 1 Timóteo 2.11-15 que as mulheres devem aprender em submissão e não ensinar ou exercer autoridade sobre o homem, e que isto deve ser assim por causa da ordem da criação e da Queda de Eva no pecado, isto não requer que mulheres devam estar em um relacionamento de subordinação na igreja, com apenas homens qualificados ensinando ou pregando? Resposta: Esta compreensão tradicional erra porque trata uma instrução específica de Paulo a uma igreja em particular como instrução normativa para todas as igrejas em todas as épocas. Há evidência que a igreja de Éfeso, pastoreada por Timóteo, está permeada de ensinos falsos, e que este ensino vinha primariamente de mulheres na igreja que usurpavam autoridade e ensinavam erroneamente a doutrina da criação e do pecado de Adão e Eva. Se este é o caso, então devemos ver este caso não como uma proibição de todo e qualquer ensino feminino na igreja, mas como uma proibição direta a estas certas mulheres na igreja de Éfeso que eram falsas mestres.

COMPLEMENTARISMO

Um Resumo Geral da Posição Complementarista

  1. Criação em Igualdade de Essência e Distinção de Papéis – Homem e mulher foram criados por Deus iguais em dignidade, valor, essência e natureza humana, mas também distintos em seus papéis, onde ao homem foi dada a responsabilidade de assumir amável autoridade sobre a mulher, e à mulher a responsabilidade de oferecer uma assistência submissa, disposta e alegre ao homem. Gênesis 1.26,27 deixam claro que o homem e a mulher são igualmente criados à imagem de Deus, e então, no design criativo de Deus, igual e completamente humanos. Mas, como vemos em Gênesis 2 (em seu próprio contexto e na compreensão de Paulo em 1 Coríntios 11 e 1 Timóteo 2), sua humanidade encontraria formas diferentes de expressão, num relacionamento de complementaridade, onde a mulher age em submissão à liderança e autoridade do homem.
  2. Desordem Gerada pela Queda no Design Criado por Deus – O pecado introduziu no design criativo de Deus muitas manifestação anômalas, entre elas uma falha na relação entre homem e mulher no cumprimento de seus papéis apropriados. Como a maioria dos complementaristas entendem, Gênesis 3.15,16 nos informam que o relacionamento entre o homem e a mulher, por causa do pecado, seriam afetados pela inimizade mútua. Em particular, a mulher teria o desejo de usurpar a autoridade dada ao homem na criação, levando o homem, por sua vez, a governar a mulher de maneira justa e corretiva ou de maneira indevidamente abusiva.
  3. Diferenciação de Papéis Restaurada pela Redenção em Cristo – Passagens tais como Efésios 5.22-33 e 1 Timóteo 2.8-15 demonstram o fato de que a intenção de Deus na criação de liderança e autoridade adequadas devem agora, em Cristo, ser completamente afirmadas, tanto na igreja como no lar. Esposas devem se submeter aos seus marido no modelo de submissão da Igreja a Cristo, e mulheres não devem exercer papéis autoritativos de ensino na igreja devido à sua ordem na criação ser em seguida a de Adão. A liderança masculina, então, é vista sendo restaurada na comunidade cristã, na medida em que homens e mulheres buscam expressar sua humanidade comum, de acordo com a criação original de Deus e seu bom design hierárquico.

Razões Principais de Defesa da Posição Complementarista

A. Evidência que o Design do Criador Foi de Igualdade de Essência entre Homem e Mulher

  1. Gênesis 1.26,27 – Mostra que o homem e a mulher compartilham a mesma natureza, sendo ambos feitos à imagem de Deus, tendo ambos recebido de Deus a ordem de reinar sobre a terra. Este texto não explica como eles devem, juntos, fazê-lo para Deus. Portanto, neste ponto, nem o igualitarismo nem o complementarismo é ordenado. Claramente, a verdade é que homem e mulher são iguais em essência (i.e. ambos completamente humanos, ambos à imagem de Deus, ambos de igual valor e dignidade para com Deus) e juntos comissionados ao reinado sobre a terra.
  2. Gálatas 3.28 – A redenção e a regeneração daqueles a quem Deus iria salvar não faz distinção entre homem e mulher. O gênero é absolutamente irrelevante em relação a quem deverá ou não ser salvo.  A implicação clara, então, é que homem e mulher são iguais em essência porque a salvação chega aos humanos sem considerar seu gênero.
  3. 1 Coríntios 12.7-11 – Claramente, Deus distribui Seus dons a Seu povo como Lhe apraz, mas o gênero não é um fator na entrega de qualquer um dos dons a qualquer pessoa. Homens e mulheres são igualmente recipientes de todos os dons dados por Deus (veja 1 Co 11.5 para um relato de mulheres com o dom de profecia). Novamente, isto indica que mulheres são iguais aos homens em essência aos olhos de Deus, mas isto também não exclui a possibilidade de que Deus possa prescrever como estes dons devem ser usados na Igreja.
  4. 1 Pedro 3.7b – Mulheres salvas (esposas, neste contexto) devem ser tratadas com honra, precisamente porque elas, juntamente com os homens salvos, são co-herdeiras da graça da vida em Cristo. É tão importante que maridos entendam este princípio e respeitem suas esposas dessa maneira, que Pedro alerta que maridos que não tratam suas esposas de acordo com a honra dada a elas por Deus não terão suas orações ouvidas por Ele.

B. Evidência que o Design do Criador Foi de Diferenciação de Papéis entre Homem e Mulher

  1. Gênesis 2 – Há pelo menos quatro elementos neste capítulo que suportam a ideia da liderança masculina (i.e., autoridade dada por Deus sobre a mulher): a) a ordem da criação (o homem criado primeiro) indica o design divino prioritário no relacionamento entre o homem e a mulher. Esta é também a orientação de Paulo tanto em 1 Co 11.8 como em 1 Tm 2.13; b) Deus dá instruções a Adão, antes da criação de Eva, para não comer da árvore proibida (2.16,17). Isto implica na responsabilidade de Adão em instruir sua futura esposa e guardá-la de violar esta proibição (dai a significância, no verso 3.6, de a mulher dar o fruto ao homem “que estava com ela”, mostrando que ele falhara em proteger sua esposa como deveria); c) Eva foi criada para ser auxiliadora de Adão. Enquanto é verdade que este termo hebraico é também usado para se referir a Deus “ajudando” seu povo, é claro que Paulo entende que o papel de Eva como auxiliadora requer que ela esteja sob a devida autoridade do homem (veja 1 Co 11.9,10 – “o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem. Por essa razão, a mulher deve ter sobre a cabeça um sinal de autoridade.”); e d) a atitude de Adão de nomear Eva indicava, num contexto antigo-testamentário, a autoridade legítima dada sobre aquele a quem ele nomeava. E, interessante notar, Adão nomeou sua esposa duas vezes, primeiro quando ela foi formada de sua carne (2.23) e depois que ambos haviam pecado (3.20), indicando que sua autoridade legítima sobre ela continuou após a chegada do pecado.
  2. Gênesis 3.1-7 – Eva foi tentada e enganada pela serpente e comeu do fruto proibido, e então deu a Adão. Eva, assim, pecou primeiro. Apesar disto, Deus se dirige a Adão para perguntar porque eles estavam escondidos (3.8). Deus considera Adão, e não Eva, responsável pelo pecado. Da mesma maneira, Paulo claramente ensina que a linhagem do pecado na raça humana começa com Adão (Rm 5.12, 1 Co 15.22). Mas ele o faz em reconhecimento pleno do fato de que Eva pecou primeiro (1 Tm 2.14). Adão apenas devidamente carregaria a responsabilidade por ser o cabeça da raça humana pecaminosa, quando Eva pecou primeiro, se ele fosse visto por Deus e por Paulo como tendo autoridade e responsabilidade final sobre a mulher.
  3. Gênesis 3.16 – O pecado trouxe não o inicio da hierarquia relacional entre o homem e a mulher, mas uma ruptura no papel de liderança do homem e de submissão da mulher dado por Deus no relacionamento entre eles. A maioria dos complementaristas compreende a maldição da mulher em Gn 3.16 como significando que o pecado traria a Eva um desejo errôneo de dominar seu marido (ao contrario do design divino da criação), e que, em resposta, Adão deveria afirmar  sua liderança sobre ela. Este entendimento vem da comparação da estrutura de sentenças e termos de Gn 3.16 com Gn 4.7. Neste último, Deus diz a Caim que o pecado buscava destruí-lo, e assim Ele diz que “o pecado o ameaça à porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve inainá-lo”. Isto, logicamente, significa que o seu pecado deseja dominar sobre você, mas, em resposta, você deve dominá-lo. Agora, a mesma estrutura de frase é encontrada em 3.16, quando é dito a Eva que “seu desejo será para o seu marido, e ele a dominará.” Isto significa, à luz de 4.7, que o desejo de Eva será ilegitimamente o de dominar sobre Adão (nota: obviamente o pecado não traria a Eva um desejo amoroso e carinho por Adão, certo?) e, em resposta, Adão deveria impor sua liderança sobre ela. A maioria dos complementaristas afirma, então, que o pecado causou uma ruptura na ordem de liderança masculina e submissão feminina, em que: a) a mulher estava inclinada, agora, a usurpar o direito masculino de liderar a mulher, e b) que o homem estava inclinado a usar erroneamente seu direitos de liderança, seja pela pecaminosa abdicação de sua autoridade dada por Deus, conformando-se ao desejo da mulher de dominá-lo (e portanto falhando em liderar como deveria), ou pelo pecaminoso abuso de seus direitos de liderança por meio de uma dominância dura, cruel e exploradora da mulher.
  4. 1 Coríntios 11.1-16 – Como já notado, Paulo usa Gn 2 para dar suporte à posição de que a mulher precisa exibir, na igreja, sua submissão à autoridade masculina. A mulher deve ter um símbolo de autoridade sobre sua cabeça (11.10), porque ela é a glória do homem (11.7), porque ela originou do homem (11.8) e porque ela foi criada para o homem (11.9). Porque Paulo conecta o papel submisso da mulher na igreja ao design divino da criação, é evidente que estas instruções para a igreja são aplicadas não apenas aqui, mas universalmente na igreja.
  5. 1 Coríntios 14.34-36 – Claramente a proibição da mulher de falar na igreja não pode ser absoluta porque Paulo reconheceu, anteriormente, que havia mulheres profetizando (1 Co 11.5). O que complementaristas entendem aqui é, usualmente, uma destas duas posições: ou que a mulher não deve assumir uma função oficial de ensino na assembleia geral, presumivelmente com homens presentes, ou que mulheres não devem ter a função de um presbítero de julgar profecias (a la Grudem, Carson). Em qualquer dos casos, o que é claro é o princípio de que mulheres devem exibir sua submissão à liderança masculina e aprender em silêncio dos (homens quando qualificados) responsáveis pelo ministério de ensino na igreja.
  6. 1 Timóteo 2.8-15 – Novamente Paulo conecta sua ordem de que as mulheres recebam instrução em submissão ao invés de ensinando ou exercendo autoridade sobre homens (2.11,12) com o design de criação divino para o homem e a mulher. Mulheres devem se submeter à liderança e ao ensino masculinos porque Adão foi criado primeiro (2.13) e porque Eva foi enganada e pecou primeiro (2.14). E, novamente, é evidente que estas instruções devem ser tomadas como aplicáveis universalmente à igreja porque estão baseadas no design criativo de Deus.
  7. Efésios 5.22-33 – Mulheres devem se submeter aos seus maridos em resposta à sua submissão à liderança de Cristo (5.22). A razão para isso, diz Paulo, é que o marido é o cabeça da esposa assim como Cristo é o cabeça da Igreja (5.23). O próximo verso torna este aspecto ainda mais explícito: “assim como a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos” (5.24). A razão chave aqui é o paralelo entre a liderança de Cristo e a liderança do marido. Assim como a igreja se submete a Cristo como aquele que tem autoridade sobre ela, assim a esposa deve se submeter ao marido como aquele que tem autoridade sobre ela. Maridos, por sua vez, devem amar suas esposas como Cristo ama a igreja (5.25-29). Quando maridos amam verdadeiramente suas esposas e esposas submetem-se aos seus maridos, vemos a distorção pecaminosa do relacionamento entre o homem e a mulher ser derrotada e, então, um retorno àquilo que Deus planejou desde a criação do homem e da mulher.
  8. 1 Pedro 3.7a – Enquanto a segunda metade do versículo enfatiza a honra igualmente concedida às mulheres e aos homens (como co-herdeiras da graça da vida), a primeira metade claramente indica uma diferença fundamental entre o marido e a esposa. Ela, de acordo com Pedro, é uma “parte mais frágil” e precisa ser tratada com ternura e compreensão. Isto implica que a) enquanto a mulher é igual ao homem em essência (3.7b), ela é constitucionalmente diferente dele como mulher (3.7a) e b) o marido carrega uma responsabilidade dada por Deus de cuidar de sua esposa, o que é indicativo de sua liderança e responsabilidade primordial no relacionamento deles.
  9. Analogia Trinitariana – Complementaristas compreendem a Trindade como analógica ao relacionamento homem-mulher como planejado por Deus. Deus é um em essência e três em pessoa. As três pessoas de Deus são absolutamente iguais em essência (de fato, eles compartilham completamente, simultaneamente e sem divisão, a essência divina), mas são distintos em função. Especificamente, sua distinção de função é marcada por uma relação intrínseca de autoridade dentro da liderança divina, pela qual o Filho está sujeito ao Pai, e o Espírito ao Filho. 1 Coríntios 11.4 apresenta parte desta relação: “Deus é o cabeça de Cristo.”  O exemplo mais claro da sujeição de Cristo ao Pai está em 1 Co 15.28, onde o Filho exaltado e vitorioso “se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou.” Dentro deste entendimento da Trindade, faz sentido Paulo dizer o que disse em 1 Co 11.3. Ele fala de três linhas de autoridade existentes: Cristo é autoridade (o cabeça) sobre todos os homens, o homem é autoridade (o cabeça) sobre sua mulher e Deus (o Pai) é autoridade (o cabeça) sobre Cristo. Assim como as pessoas de Deus são iguais em essência e ainda assim se relacionam dentro das linhas de uma estrutura de autoridade, também homem e mulher são iguais em essência enquanto se relacionam numa estrutura similar de autoridade.

C. Exemplos Bíblicos de Diferenciação entre Homem e Mulher

Apesar de o pecado ter produzido na mulher um desejo ilegítimo de usurpar a autoridade devida dada ao homem por Deus (Gn 3.16), Deus tem trabalhado em Israel e na Igreja para estabelecer a autoridade masculina como o padrão consistente e aprovado para a vida religiosa e para a vida doméstica.

  1. Liderança Masculina em Israel – Desde o Jardim do Éden, Deus tem chamado homens e dado aos homens responsabilidade pela liderança religiosa. Pense em Adão, Noé, Abraão, Isaque, Josué, Davi, a ordem sacerdotal masculina, os profetas de Israel e de Judá, etc. Claramente Deus propositalmente chamava e desejava trabalhar através da liderança masculina em Israel.
  2. Liderança Masculina no Ministério de Jesus – Sabemos com certeza que Jesus não era avesso a contestar costumes e tradições humanas que fossem contrários aos valores do reino. Não lhe faltava coragem para desafiar restrições fabricadas por homens aos bons e sábios propósitos de Deus (veja Mt 15.3-9; 23.1-36). E sua acolhida de mulheres durante seu ministério itinerante comprova isto. Mas o que Jesus nunca fez, apesar de poder e de não estar restringido pelas convenções sociais para fazê-lo, foi escolher mulheres entre seus discípulos. Sua escolha de 12 homens continua o padrão encontrado no Antigo Testamento, distinguindo que certo nível de liderança espiritual é restrito a um gênero.
  3. Liderança Masculina na Igreja – Como observado acima, Paulo explicitamente restringe as mulheres de um certo nível de liderança espiritual e instrução na Igreja. 1 Coríntios 11.1-16; 14.34-36 e 1 Timóteo 2.8-15 consistentemente requerem que a  liderança espiritual humana final da igreja seja restrita aos homens. Isto é reforçado pelas qualificações para a posição de presbítero, que requer dele que seja “marido de uma só esposa” (veja 1 Tm 3.2 e Tt 1.6), o que obviamente indica que apenas homens qualificados possam servir como presbíteros.
  4. Liderança Masculina no Lar – Efésios 5.22-33, Colossenses 3.18-20 e 1 Pedro 3.1-7 estabelecem a certeza da liderança masculina no lar. A passagem de 1 Pedro é instrutiva de uma maneira particular não abordada acima. Aqui Pedro imagina situações onde a esposa cristã está casada com um marido não-cristão. Alguém poderia esperar que Pedro dissesse “como você conhece a Cristo e seu marido não, você deve assumir a liderança no seu lar. Não deixe a liderança para o seu marido, pois ele não conduzirá seu lar de uma maneira cristã.” Mas, ao contrário, Pedro diz a estas esposas cristãs de maridos não-cristãos que “sujeitem-se a seus maridos, a fim de que, se alguns deles não obedecem à palavra, sejam ganhos sem palavras, pelo procedimento de sua mulher, observando a conduta honesta e respeitosa de vocês.”

Objeções e Respostas à Posição Complementarista

  1. Objeção: Este entendimento complementarista é, na verdade, uma visão completamente hierárquica, onde mulheres são subordinada aos homens, e tal posição é intolerável e contrária à liberdade do evangelho. Enquanto ela diz manter a igualdade essencial da mulher e do homem, ela, na verdade, leva inevitavelmente a  uma visão da mulher como inferior, um cidadão de segunda classe, que não é tão importante para Deus e seus propósitos como o homem é. Resposta: Você pensa da mesma maneira sobre o relacionamento pai e filho? Ou o relacionamento entre um empregado e seu supervisor? Você acha que deveríamos eliminar todas as manifestações de hierarquia relacional como inferiorizadoras daqueles que estão sob autoridade de um superior? Relacionamentos em estrutura de autoridade nos cercam. Vivemos e trabalhamos neles todos os dias. Viveríamos em caos sem eles. Mas tais estruturas de autoridade não oferecem maior valor humano ou superioridade essencial, nem minimizam o valor humano ou implicam inferioridade essencial àqueles sob seu cargo. Além disso, se estamos corretos em pensar que a Trindade é análoga ao relacionamento homem-mulher, considere isso: é óbvio que as Escrituras não têm a intenção de sugerir que Cristo é inferior em valor ao Pai porque Ele veio apenas para cumprir a vontade do Pai. Da mesma maneira, as Escrituras não têm a intenção de sugerir que a mulher é inferior ao homem por causa da liderança masculina. De fato, o oposto é verdadeiro, que homens e mulheres apenas experimentam sua humanidade plena quando funcionam da maneira que Deus planejou em Sua criação. Somos mais livres como humanos quando afirmamos a estrutura de autoridade legitimamente projetada por Deus, e trabalhamos dentro dela.
  2. Objeção: Sua interpretação de Gênesis 2, onde você vê três indicadores de autoridade masculina, está errada. Que diferença faz quem Deus criou primeiro? Ele tinha que criar um ou outro primeiro, e apenas aconteceu de ser Adão. Além disso, lembre-se que Deus criou os animais antes de criar os seres humanos, mas isto não indica nenhum tipo de prioridade dos animais sobre os humanos. E, sim, a mulher foi criada para completar o homem, mas isso fala de sua igualdade com ele, não de sua subordinação a ele. Lembre-se que Deus é nosso ajudador. Isto o torna subordinado a nós? E o fato de Adão ter nomeado Eva não é prova de sua autoridade sobre ela. Mulheres em Israel frequentemente nomeavam seus filhos, isto não significaria que mulheres (mães) são autoridade sobre homens (filhos)? Resposta: Se não fosse a visão de Paulo de Gênesis 2 igual a dos complementaristas, talvez sua objeção tivesse alguma força. Mas é Paulo quem observa a importância da criação de Adão em primeiro lugar, e Paulo nota que Eva foi criada por causa de Adão. Portanto, os complementaristas sustentam a interpretação das Escrituras sobre este assunto. O ponto que Paulo não aborda é o da nomeação de Eva. Nosso embasamento para este tópico descansa, então, inteiramente no significado do ato de nomear em culturas ocidentais antigas. Sim, o ato de uma mãe nomear seu filhos mostra, em parte, sua autoridade sobre ele, pelo menos até que ele deixe sua casa. E lembre-se, apesar de os animais terem sido criados antes de Adão, ele foi ordenado a dar nome a eles e isto, sem dúvida alguma, indica  sua autoridade sobre eles. Parece melhor, então, à luz das considerações culturais e da compreensão paulina de Gênesis 2, sustentar estes três pontos como interpretações legítimas do relacionamento entre homem e mulher na criação.
  3. Objeção: Gênesis 3.16 não diz nada sobre Eva dominar Adão, mas fala claramente de Adão querer dominar Eva. Você distorceu o entendimento claro deste texto. O pecado gerou em Adão um desejo ilegítimo de dominar sua esposa, apesar de seu desejo contínuo por companheirismo igualitário. Resposta: Há dois problemas principais com a visão igualitária aqui: a) explicar o desejo de Eva como positivo ou cuidadoso falha em reconhecer o fato de que isto é parte da maldição de Eva. Certamente Deus não daria a ela a maldição de ser carinhosa com Adão. Pelo contrário, seu desejo, por estar conectado com o que o pecado fez a ela, é melhor compreendido como um desejo negativo ou errôneo; b) mas se seu desejo é negativo, então, concorda exatamente com o desejo do pecado em Gênesis 4.7, i.e., um desejo de usurpar autoridade. Isto, junto com a sentença estrutural idêntica e a terminologia paralela entre as duas passagens, e sua proximidade nas Escrituras, leva os complementaristas às suas conclusões neste importante texto.
  4. Objeção: Você deixou de fora muitos exemplos significativos de liderança feminina em Israel, nos evangelhos e na igreja primitiva. Não é correto simplesmente dizer  que a Bíblia exibe um padrão uniforme de liderança religiosa masculina. Resposta: Sim, mulheres possuem papéis religiosos significantes, por vezes até de liderança, por toda a Bíblia. Mas considere duas coisas: a) a maioria dos exemplos de liderança feminina aparecem em papéis que não os de autoridade religiosa humana final. Isto é, há algumas profetizas e professoras no Antigo e Novo Testamento, mas onde estão as sacerdotisas, as líderes tribais, as rainhas de Israel (Atalaia não conta pois usurpou o trono), as apóstolas (Júnia em Rm 16.7 é altamente questionável), as presbíteras na igreja primitiva? A questão é que, no nível último de autoridade religiosa humana, a Bíblia traça uma imagem clara e uniforme de liderança masculina; b) A exceção mais aparentemente notável aos casos acima é o de Débora (Jz 4-5), que era profetiza e juíza de Israel. Mas dado ao estado espiritual de Israel naquela época, a maioria das pessoas vê os juízes não como uma ilustração do ideal  de Deus para o Seu povo. Provavelmente, então, a liderança de Débora demonstra não como Deus endossa a liderança feminina, mas quão longe do design e dos propósitos de Deus Israel se desviara. É difícil aceitar o caso de Débora como normativo à luz de todas essas evidências contrárias.
  5. Objeção: Seu uso de “autoridade masculina” e sua referência a passagens como 1 Coríntios 11.3 e Efésios 5.23 onde “cabeça” (do grego kephale) é usada, não reconhece o significado do termo como “origem.” Compreendido desta forma, a Bíblia não vê o homem como autoridade sobre a mulher, mas como origem dela, já que Eva veio de Adão. Resposta: Por razões léxicas e exegéticas, está compreensão sobre kephale é completamente inaceitável. A evidência léxica mais forte sugere que kephale é, às vezes, usada para objetos impessoais com o significado de “origem” (por exemplo, a cabeça, ou seja, a origem de um rio). Seu uso predominante, para não dizer exclusivo, ao se referir a seres humanos é de “ter autoridade sobre” e não “origem”. Exegeticamente, torna-se difícil entender como Paulo quis dizer qualquer coisa que não “autoridade sobre” em certas passagens. Efésios 5.23, por exemplo, (o marido é o cabeça da esposa assim como Cristo é o cabeça da igreja”) é seguido no verso 24 por esta afirmação: “como a igreja é submissa a Cristo, assim a esposa em tudo aos seus maridos.” Aqui, então, a submissão das esposas aos seus maridos está relacionada ao fato dos maridos serem a autoridade sobre a esposa. Da mesma maneira, em 1 Coríntios 11.3 (Cristo é a cabeça do homem, o homem é a cabeça da mulher e Deus é a cabeça de Cristo”) é impossível tomar kephale como significando “origem”, porque fazê-lo implicaria que Deus é a origem de Cristo, assim como Adão é fonte de Eva e Cristo a origem de Adão. Mas originou Cristo do Pai assim como homem e mulher foram originados? Mais ainda, o contexto do verso seguinte a este lida com a mulher cobrindo a cabeça como “um símbolo de autoridade” (11.10). Portanto, por questões léxicas, exegéticas e contextuais, fica claro que a melhor compreensão do significado é de “autoridade” masculina como padrão no lar e na igreja.

Por Bruce Ware. Summaries of the Egalitarian and Complementarian Positions. Traduzido por Lindsei Lansky. Este e outros recursos sobre masculinidade e feminilidade estão disponíveis, em inglês, no site da Coalizão pela Feminilidade e Masculinidade Bíblicas.