Como estão os seus relacionamentos mais próximos, querida leitora? Você mora com muitas ou poucas pessoas? Esse período de pandemia afetou a forma que você tem se relacionado?

Faz um ano que um vírus invisível nos trancou em casa com medo, transformou nossas rotinas e intensificou alguns relacionamentos. Quem diria que passaríamos tanto tempo com as pessoas da nossa casa? Quem diria que ficaríamos tanto tempo sem a presença frequente de amigos e sem alternar as pessoas com quem convivemos? 

Dificilmente toda essa intensidade na convivência não nos afetou de alguma forma. A tendência é nos preocupar menos com os relacionamentos que nos são mais íntimos, porque sabemos que somos amadas. Não é verdade que as pessoas que são próximas, como nossa família, conhecem partes nossas que são feias? O mau-humor pela manhã, o quarto bagunçado, as grosserias desnecessárias… Somente as pessoas que convivemos com mais intensidade conhecem nossos defeitos e manias mais profundamente. 

Em outros textos que escrevi para o blog, eu já comentei que gosto muito do assunto relacionamento de modo geral. Acredito que para desenvolvermos relacionamentos saudáveis, precisamos de esforço e intencionalidade. Não é possível ser uma boa aluna sem dedicação, uma boa profissional sem empenho ou uma cristã em constante crescimento sem intencionalidade. Tampouco, teremos bons relacionamentos sem nos dedicarmos. Não há como crescer permanecendo inerte, precisamos de ação. Dessa forma, para que os nossos relacionamentos reflitam a glória de Deus precisamos cuidar deles. 

Recentemente, li mais um livro do Gary Chapman. Esse é o autor que escreveu o best-seller “As 5 linguagens do amor” (se você ainda não leu esse livro, já pega a dica de leitura). Eu costumo gostar do que ele escreve pela praticidade dos conselhos e facilidade de implementar as sugestões dele atrelados aos princípios bíblicos que norteiam a vida do cristão. A temática costuma ser a mesma: relacionamentos. O título do último livro que li é “Como mudar o que mais irrita no casamento” (mais uma!). Apesar do livro ser direcionado aos casados, as lições propostas por Chapman são facilmente aplicadas a qualquer relacionamento.

Ao ler o livro, imediatamente me veio à mente coisinhas do dia a dia que me irritam. Tanto na convivência com meu marido, quanto com meus pais e irmãos (mesmo que hoje conviva com menos intensidade com eles). E aí percebi que por estar mais tempo em casa, em razão da pandemia, essas coisinhas pequenas se acentuavam ainda mais. Minha resposta a isso estava sendo, na maioria das vezes ruim. Como respostas grosseiras, mau-humor… Consegue se identificar em alguma medida, querida leitora?

Com tudo isso em mente, na intenção de encorajá-las a desenvolver relacionamentos melhores que glorifiquem a Deus, gostaria de compartilhar três conselhos que aprendi com essa leitura.

1 – Olhe para si.

Já alguma vez pensou que alguém deveria primeiro para que você também mudasse? Por exemplo, se minha irmã parasse de deixar a toalha molhada em cima da minha cama eu seria menos grosseira com ela, ou se a minha mãe não pegasse tanto no meu pé eu talvez ajudasse mais com a louça.

Todas nós precisamos melhorar em algum aspecto. O primeiro passo para desenvolver um relacionamento saudável é, sem dúvidas, perceber que você está se relacionando com um pecador. Seu pai, sua mãe, sua avó, seus irmãos e seu namorado são pecadores (Romanos 3: 23-24). E pasme: você também é! Todos nós precisamos nos esforçar em alguma área. A mudança sempre começa pela gente.

“Na maioria das vezes, as pessoas não conseguem as mudanças desejadas porque não começam da maneira correta. Concentram-se nos defeitos dos outros antes de tratarem suas próprias fraquezas.” (Chapman, 2012, e-book.)

Impossível ajudar a outro e melhorar um relacionamento, seja qual seja, sem antes olharmos para as nossas próprias limitações (Mateus 7:3-5). Por isso, querida leitora, antes de fazer uma lista com o que te irrita no outro, faça uma lista do que você irrita no outro. Como você pode melhorar nisso? Você sempre acorda mal-humorada? Como você pode fazer para evitar ser grosseira nessa hora? Talvez seja até difícil de pensar no que você tem irritado o outro. O autor sugere que a gente pergunte para as pessoas que nos relacionamentos intimamente como podemos melhorar. Já fez este exercício? 

2 – Demonstre amor.

Chapman começa o segundo capítulo do livro falando sobre a necessidade que temos em nos relacionar com pessoas e o poder do amor. 

“Ao mesmo tempo, fomos criados para nos relacionar. Aqueles que vivem isolados em sua concha, nunca desenvolvem plenamente seu potencial na sociedade. Os relacionamentos nos chamam a sair da concha. No entanto, não teremos bons relacionamentos se buscarmos apenas suprir nossas próprias necessidades. Os relacionamentos bem-sucedidos requerem interesse no bem-estar do outro. Pegamos o desejo natural de suprir nossas necessidades e o voltamos para fora, para o outro, esforçando-nos da mesma forma para suprir as necessidades dele. A palavra usada para descrever essa atitude centrada no outro é amor.” (Chapman, 2012, e-book.)

O amor é demonstrado no cotidiano através de atitudes. Uma maneira de amar as pessoas que moram na nossa casa é servindo-as. Como você, querida leitora, pode contribuir na divisão de tarefas na sua casa? Como pode ser útil para criar um ambiente mais ameno?

Outro ponto importante é reconhecer quando você é servida. Eu tenho muita dificuldade em dizer um simples “obrigada” quando meu marido lava a louça ou recolhe o lixo. Agradecer, mesmo que a tarefa seja no fim uma obrigação, é uma forma de reconhecer o serviço do outro e valorizá-lo. Quais atitudes simples de amor você tem demonstrado para as pessoas que vivem com você?

Eu sou a filha do meio. Tenho um irmão que é um ano mais velho e uma irmã quase oito anos mais nova. Brigamos algumas muitas vezes quando morávamos na mesma casa. Todas as vezes (ou quase todas) que começávamos a discutir alto a minha mãe dizia: a palavra branda amansa o furor (Provérbios 15:1). 

Dificilmente conseguimos expressar com clareza o que queremos quando falamos alto (ou gritando). Isso já aconteceu com você, querida leitora? Já teve dificuldade de comunicar alguma coisa que estava te incomodando? Muitas vezes não conseguimos melhorar nossos relacionamentos porque não sabemos como nos comunicar com clareza. Aprender a nos comunicar adequadamente tem um potencialmente ótimo de gerar mudanças no relacionamento.

Contudo, comunicar-se bem não é somente escolher corretamente as palavras. Chapman aconselha a escolhermos um momento adequado para conversamos sobre o que nos incomoda. Seja sensível ao estado emocional do outro para receber as críticas. Uma sugestão é perguntar para a pessoa se aquele é um bom momento para conversar. Além disso, não exagere nas críticas e procure elogiar o que é bom no relacionamento de vocês antes de listar o que te incomoda. E não se esqueça de elogiar o progresso do outro. 

Talvez a pandemia tenha afetado em alguma medida os relacionamentos que se intensificaram durante o isolamento. O espaço pequeno, pouco tempo com a natureza, mais tempo em frente às telas, tudo isso tem contribuído para nos deixar mais ansiosas e irritadiças, assim como todos a nossa volta. Talvez as questões que você tem enfrentado não sejam reflexos da pandemia, são apenas resultados de um coração endurecido pelo pecado. Seja qual for a razão que tem prejudicado seus relacionamentos, peça sabedoria ao Senhor, reconheça as suas falhas e peça perdão por elas. Se esforce para ser intencional e para refletir o amor de Deus nos seus relacionamentos.

 

Por Ana Luise Sabatier