Lembro-me de um momento que vivi em que estava exausta, minha rotina não era tão cheia, mas tinha poucas obrigações muito complexas. Nesses meses, eu não queria ser surpreendida por nada negativo, não queria que as “coisas” saíssem fora do planejado e qualquer esforço a mais que exercia, sentia que alcançava meu limite. Num desses dias, ouvi alguém falando que quando você ora por paciência, Deus te dá situações para exercer a paciência. Eu já sabia daquilo, mas no mesmo instante, logo pensei “não vou orar por paciência tão cedo.” Inconscientemente o que não queria era desenvolver nenhum esforço para crescer espiritualmente. Sabemos que isso não é certo e que acontece muito nos dias em que estamos mais frias espiritualmente, mas o pior do pecado é que ele chama outro pecado. E viver em pecado nos tira privilégios de sermos abençoadas por Deus. Por isso, gostaria, de maneira simples, relembrá-las de que buscar o crescimento espiritual, em especial, buscar a disciplina de Deus é MUITO BOM, embora demande energia e seja doloroso.

ASPECTOS GERAIS DA DISCIPLINA

            De maneira geral, a respeito da disciplina, sabemos que: ocorre de maneira informal na igreja em discipulado ou reuniões entre irmãos na fé, em que mutuamente, advertem-se sobre as áreas de suas vidas que precisam ser corrigidas. Também acontece informalmente quando Deus nos corrige por meio das circunstâncias da vida ou pela Palavra. E acontece de maneira formal, quando perante a igreja podemos ser corrigidas e, caso não nos arrependamos, seremos excomungadas da igreja, pois o Espírito Santo não nos incomoda, não temos arrependimento e deixamos de nos comportar como Suas filhas (1Co 5.1-13).

Quando acontece de maneira formal, a disciplina deve ser aplicada com mansidão (Gl 6.1), envolver a liderança da igreja (Gl 6.1) e, a princípio, deve circundar o menor número de pessoas (Mt 18.15-20) para promover o arrependimento no indivíduo. No momento da confrontação, os líderes devem levantar questionamentos sobre o ocorrido, com “provas” também (Mt 18.16) e devem instruir e envolver a congregação caso seja apropriado (1Co 12,21-26; Ef 4.16). E os propósitos da disciplina são: expor o pecado para que ele possa ser removido rapidamente (1Co 5.2);  advertir a igreja (v.5); salvar o indivíduo de uma vida pecaminosa (v.5); proteger a igreja, para que o pecado não se espalhe (v.6); e apresentar um bom testemunho de Jesus (v.1; Mt 5.13).[1]

 

BENEFÍCIOS DA DISCIPLINA

 Muitas jovens, por vergonha de seus pecados e receio de serem expostas na igreja, deixam de confessar seus pecados, buscar ajuda e procurar ser disciplinadas. Mas, na verdade, quanto mais demoram para serem restauradas, mais tempo lidam sozinhas com o peso do pecado e sofrem. Mas a disciplina aceita com um coração quebrantado gera alívio e paz (Sl 31.1-7). É duro corrigir um erro, mas isso gera paz no coração, alívio.

Apesar da disciplina parecer desagradável quando acontece, ela mostra que somos filhas de Deus, pertencemos à Sua família e desfrutamos do privilégio de sermos amadas, cuidadas e protegidas. A disciplina aplicada por Deus ou por irmãos na fé demonstra que somos Suas filhas legítimas (Hb 12.4-13). “Isso significa que existem dimensões do amor de Deus que só podemos conhecer por meio de Sua disciplina. E há dimensões de paz e de bons frutos que só conheceremos por meio de seu treinamento sábio e rigoroso, em um programa personalizado por ele para nós.”[2]

A característica essencial do arrependimento é a mudança de comportamento, diferente do remorso, em que apenas lamentamos pelo pecado, mas no fundo do coração não sentimos o desejo de mudar. E a genuinidade do arrependimento vindo pela disciplina leva a transformação e crescimento. Quando a disciplina é acatada, há progresso rumo à maturidade e produção de frutos (Hb 12.10-12).

BREVE TESTEMUNHO

“Por volta dos 20 anos, fiquei profundamente consciente de que estava impotente para alcançar os tipos de transformação de que precisava em meu caráter e afeto por conta própria. Mesmo meus esforços de autodisciplina, embora necessários, ainda não conseguiram preencher a lacuna entre o que a Escritura descreveu e a minha experiência. Então comecei a pedir sinceramente ao meu Pai celestial que me disciplinasse, o que fosse necessário.

Deus amorosamente respondeu com uma convergência de eventos que eu nunca poderia ter orquestrado ou mesmo imaginado, resultando em uma temporada prolongada de luta espiritual muito difícil e dolorosa. Deus não só me trabalhou em áreas que eu sabia que precisava de mudança, mas ele também abordou áreas que eu nem sabia. O mais maravilhoso de tudo foi que Deus me encontrou de maneiras pessoais e poderosas ao aprofundar e fortalecer minha fé. Depois, vi claramente como os benefícios superavam as lutas dolorosas.”[3] Jon Bloom

 

Dessa forma, não precisamos temer por orar para Deus nos corrigir, não devemos nos esquivar de transformar nossa vida por vergonha ou até mesmo julgar na igreja quem foi disciplinada. Correção de atitudes pecaminosas faz parte da vida de toda mulher cristã e nos aponta que somos filhas amadas que têm o privilégio de poder aprender, crescer e se parecer com Jesus cada dia mais. Por isso, não tenha medo, independentemente da consequência, busque a disciplina, busque a paz.

 

[1] LEEMAN, Jonathan. Disciplina na igreja. São Paulo: Vida Nova, 2016. Pgs 35,36.

[2] BLOOM, Jon. Senhor, seja o que for preciso, disciplina-me. Retirado de www.desiringgod.org/articles/lord-whatever-it-takes-discipline-me em 04/07/19

[3] BLOOM, Jon. Senhor, seja o que for preciso, disciplina-me. Retirado de www.desiringgod.org/articles/lord-whatever-it-takes-discipline-me em 04/07/19