“Depois que (os magos) partiram, um anjo do Senhor apareceu a José em sonho e disse-lhe: “Levante-se, tome o menino e sua mãe, e fuja para o Egito. Fique lá até que eu lhe diga, pois Herodes vai procurar o menino para matá-lo”. Então ele se levantou, tomou o menino e sua mãe durante a noite, e partiu para o Egito, onde ficou até a morte de Herodes. E assim se cumpriu o que o Senhor tinha dito pelo profeta: “Do Egito chamei o meu filho”. Quando Herodes percebeu que havia sido enganado pelos magos, ficou furioso e ordenou que matassem todos os meninos de dois anos para baixo, em Belém e nas proximidades, de acordo com a informação que havia obtido dos magos. Então se cumpriu o que fora dito pelo profeta Jeremias: “Ouviu-se uma voz em Ramá, choro e grande lamentação; é Raquel que chora por seus filhos e recusa ser consolada, porque já não existem”.” Mateus 2:13-18

Ainda naquela noite, um anjo visita José. Ele se ergue na cama, o coração batendo, os olhos arregalados. Ele sacode Maria e conta a ela o sonho.

Ela arruma suas vestes e empacota Jesus enquanto José reúne o pouco de comida e pertences pessoais que eles têm. Pensamentos correm por sua mente enquanto ele arruma as coisas. Egito. Nós não temos dinheiro para ir para o Egito. E o que faremos quando chegarmos lá? Como é que um estrangeiro como eu encontrará trabalho?

Ele reúne os presentes dos Magos – a bolsa de ouro, o incenso caro, a garrafa de preciosa mirra. E de repente ele percebe, Deus não apenas apontou o caminho, mas providenciou o sustento.

Com o alforje do tesouro estendido sobre seu braço, José abre a porta, e eles caminham na ponta dos pés para a noite, não dizendo a ninguém onde estão indo ou por quê. Maria monta no burro, enquanto José lidera o caminho a pé, carregando Jesus em seus braços. Mas ao deixarem o estábulo, o bebê chora. José gira ao redor, seus olhos intensos. Maria gesticula para ele, para dar-lhe o bebê. Com uma mão segurando as rédeas e uma mão segurando Jesus, ela acalma-o com o peito.

Ao amanhecer, a Sagrada Família já está muito longe. Por enquanto eles estão seguros. Jesus escapou da espada Romana. Mas Maria nunca vai escapar das lembranças daquela noite. No fundo de seu coração, ela sempre teme que um dia que essa espada vai encontrar seu filho e terminar o trabalho que começou em Belém.

Enquanto a manhã lava sua face, o Salvador sonolento acorda e boceja. A primeira coisa que ele vê são os olhos da mãe, os olhos que subitamente se enchem de lágrimas. Ele sorri. Ela sorri de volta. Ele sorri ainda mais. E ela pisca as lágrimas.

Incapaz de compreender qualquer coisa além da linguagem do rosto de sua mãe, e Jesus já é um inimigo do Estado. Incapaz de falar, e ele já é jurado de morte. Incapaz de engatinhar, e já um fugitivo, fugindo por sua vida. Que segredo Deus está guardando com esta criança? Um segredo tão terrível que mal podia ser pronunciado sem causar tremores nos céus e a queda de estrelas. O segredo? Naquela noite estrelada em Belém, Deus veio a Terra para fazer a única coisa que ele não poderia fazer no céu.
Morrer.

(Adaptação do livro “Moments with the Savior”, de Ken Gire)

Deus não podia morrer. O homem não podia viver verdadeiramente. Estávamos, como a Bíblia diz “mortos em nossas transgressões e pecados” (Efésios 2:1). “Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores” (Romanos 5:8)!!

Temos refletido nas últimas semanas a respeito do amor de Deus que O fez abrir mão de Sua glória para nos salvar. Isso é maravilhoso! Mas hoje, queria que você pensasse no seu amor por Deus. Amar a Deus não é somente ter um sentimento de simpatia, um carinho por Ele. Amar a Deus envolve participar com Ele da morte todos os dias e – por paradoxal que seja – receber vida todos os dias! Jesus disse “eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente!” (João 10:10).

José e Maria experimentaram essa vida. Amaram a Deus, viveram na Sua dependência. Mesmo em meio à perseguição, experimentaram do cuidado de Deus, provendo sustento para que pudessem fugir de Herodes. Não foi fácil obedecer. Demandou esforço, coragem e sacrifício. Mas Deus os capacitou, e eles se alegraram e tiveram o privilégio de terem Jesus na família!

Quando Cristo fala “Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos” (João 14:15), está indicando a forma pela qual podemos demonstrar nosso amor por Ele: obedecendo. Queridas, isso não significa que amar a Deus é obedecer regras! Mas como afirma John Piper muito sabiamente “Amar a Deus é estar tão plenamente satisfeito em Deus e tão encantado com respeito a tudo o que Ele é para nós, que seus mandamentos cessam de ser pesados”[1].

Então, será que você entendeu o tamanho do amor de Deus por você? Será que entendeu a grandeza do sacrifício que Ele fez para te dar essa nova vida? Essa compreensão vai fazer da sua caminhada uma jornada agradável, e da sua obediência, um prazer. Até na “fuga para o Egito” você experimentará do cuidado de Deus e se alegrará. Você tem vivido isso? Ou a vida cristã tem sido um fardo? Lembre-se que o mesmo que diz: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me.” (Lucas 9:23) é também Aquele que diz: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mateus 11:28-30).

Neste Natal, lembre-se do seu amor por Deus. Comemore a sua morte, e a nova vida que pode ter em Cristo, vivendo uma vida alegre de obediência!!!

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (2 Coríntios 5:17)

“Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá; mas quem perder a vida por minha causa, este a salvará.” (Lucas 9:24)

FELIZ NATAL!!


[1] PIPER, John. O legado da Alegria Soberana: a graça triunfante de Deus na vida de Agostinho, Lutero e Calvino. Tradução de Augustus Nicodemus. São Paulo, Shedd Publicações, 2005.