“Ninguém me Ama?”: Como Lidar Com a Rejeição.

– “Eu sou inamável?”

Essa foi a fala de uma das participantes do reality Love is Blind”, logo após ter sido dispensada por uma dos rapazes do programa, que simultaneamente criou conexão com três garotas. Todas elas dispostas a dizer “sim” ao tão aguardado “quer casar comigo?” e saírem noivas do experimento, antes mesmo de verem face a face o homem com que iriam se casar.

Acredito que esse cruel questionamento já tenha se passado pela sua mente ao menos uma vez na vida! Na minha já, algumas boas vezes cheguei a me perguntar, em lágrimas, com o coração partido, se eu era incapaz de conquistar alguém ou se não era digna de ser amada.

É fato, não sabemos lidar muito bem com a rejeição, afinal, na nossa origem, não fomos criados para ela, não fomos criados para o pecado, nem para viver nesse mundo cruel, mas pecamos, caímos, fomos separados de Deus e de seu amor inigualável, infindável.

No princípio, ao receber Eva como presente de Deus, Adão exclamou: 

“Finalmente!”

“Esta é osso dos meus ossos, e carne da minha carne! (…)”   (Gênesis 2:23)

Contudo, aquele homem amoroso, receptivo, protetor, logo se tornaria um egoísta inveterado; questionado por Deus acerca de seu pecado, o maridão não demorou em acusar a esposa: “Foi a mulher que me deste! Ela me ofereceu do fruto, e eu comi.” (Gn 3:12).

Ora, ora, o romance perfeito acabou tão logo o pecado entrou no mundo… O pecado destruiu não só o nosso relacionamento com Deus, mas também nosso relacionamento uns com os outros e com o nosso próprio eu.

Mas calma, há esperança, a nossa história não acabou aí…

ONDE ESTÁ O TEU VALOR?

Acredito que Eva deva ter se sentido completamente só quando Adão respondeu daquela maneira para Deus. O homem dos seus sonhos havia mudado, seu igual, o perfeito encaixe agora preferia garantir a sua boa imagem diante de Deus, a ponto de expor a mulher com palavras de desprezo, imagine como soou para ela a sentença: “foi a mulher que tu me deste!”.

Somos constantemente tentadas a mensurar o nosso valor de acordo com aquilo que possuímos, com os nossos atributos e pela maneira que os outros nos tratam: se somos queridas, nos sentimos bem, se somos admiradas, ganhamos o dia, se somos belas, nos sentimos o máximo: é assim que a nossa sociedade funciona e, infelizmente, na maioria das vezes, o nosso coração.

Apesar dos padrões do mundo, como cristãs, devemos nos pautar no que a palavra de Deus nos diz. 

As escrituras estão repletas de textos que elucidam o nosso valor: o salmista diz que somos do Senhor, somos seu povo e ovelha do seu pasto (Sl 100:3); em IPedro 2:9 lemos que somos geração eleita, nação santa, povo adquirido, sacerdócio real; fomos criadas à imagem e semelhança de Deus (Gn 1:27), e não só isso, fomos entretecidas por suas mãos ainda no ventre das nossas mães (Sl 139:13); somos cuidadas e guardadas por Deus, ele conta até os cabelos da nossa cabeça (Mt 10:30); e, por fim, fomos tão amadas por ele, a ponto de ele dar seu filho para que pudéssemos viver por meio dele ( 1 Jo 4:9).

Em todo tempo devemos ensinar o nosso coração o nosso valor e lidar com a rejeição biblicamente. Isso me traz à memória uma música que marcou a minha infância, cuja letra diz: “não olho as circunstâncias/ não, não, não/ olho o seu amor/ não me guio por vista, alegre vou!”.

ELE ENTENDE A SUA DOR

“Foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de tristeza e familiarizado com o sofrimento. Como alguém de quem os homens escondem o rosto, foi desprezado, e nós não o tínhamos em estima.” (Isaías 53:3)

Às vezes nos sentimos a última das desprezadas, parece que as coisas só não dão certo para nós, que todos estão progredindo, encontrando o verdadeiro amor, casando, tendo filhos, e nós continuamos onde estávamos, agarradas à nossa dor e quanto mais nos apegamos a ela, mais ela nos parece confortável, única, companheira e vamos nos afastando cada vez mais do que a palavra de Deus diz, podendo cair, inclusive, no pecado da autocomiseração.

Quando olhamos para a vida de Jesus aqui na terra, vemos que ele não viveu a vida que merecia. Pense comigo, ele é Deus, Rei, puro, perfeito, contudo, foi “desprezado e rejeitado pelos homens”, como descreveu o profeta, “um homem de tristeza, familiarizado com o sofrimento”. Ele não foi aceito pelos seus, foi rejeitado até em sua terra natal (Lc 4: 16-30). 

Ele foi rejeitado para que fossemos aceitas (Jo 6:37), ele morreu para que pudéssemos ter vida, pelas suas feridas fomos saradas.

Não digo isso como que para desvalorizar o seu sofrimento, as dores do seu coração. Dói, ser rejeitada dói. Mas Ele conhece a nossa dor, ele passou por ela, sofreu injustamente, carregou sobre si as nossas dores, todas elas (Is: 53:4) e com propriedade nos encoraja a ter bom ânimo, mesmo diante das aflições pelas quais passaríamos nessa estadia terrena, pois ele venceu o mundo (Jo 16:33).

UMA HISTÓRIA PESSOAL

“Quem você acredita que une os casais?”

Após mais uma ilusão, marquei um encontro com a minha conselheira bíblica, uma mulher piedosa, mais velha e experiente da minha que foi usada como instrumento crucial nas mãos de Deus para o meu amadurecimento na fé.

Eu estava brava com Deus, por que de todas, aquela parecia ser a vez que tudo daria certo, mas não foi assim e o meu coração havia se agarrado demais àquela esperança, que quando ela ruiu eu me vi desanimada, sem vontade de falar com Deus, sem ânimo para me alimentar de sua palavra, eu estava ferida porque Deus não havia dado o que eu queria.

Passei alguns dias emburrada, até que mandei uma mensagem para a minha conselheira. Após contar para ela o ocorrido e como eu me sentia ela falou algo assim: 

  – Deus é bom?

 – A palavra dele é verdadeira quando diz que todas as coisas cooperam para o nosso bem e que a sua vontade é boa perfeita e agradável?

  – Quem você acha que une os casais?

Conforme ela me fazia essas perguntas, as verdades bíblicas iam se aclarando em  meu coração e mostrando o quanto eu havia me deixado enganar pelo meu querer pecaminoso, o quanto eu estava querendo dizer a Deus o que era melhor pra mim, eu queria determinar o que, como e quando as coisas aconteceriam na minha vida, eu passei a querer que aquele desejo fosse satisfeito muito mais que eu queria a Deus, eu estava em pecado.

Hoje, ao olhar pra traz, entendo e valorizo cada não de Deus, não só na minha vida amorosa, mas em todos as áreas da minha vida. Algumas vezes o seu não foi para revelar e tratar ídolos do meu coração, outras vezes foi um grande livramento.

Mal sabia eu que depois daquela experiência e do tratar de Deus na minha vida, ele teria um presentinho pra mim embalado em fita e entregue em minhas mãos.

O recado que eu tenho para você hoje é esse: descansa em Deus menina, aprenda que o teu valor está nele, aprenda que você é incondicionalmente amada por seu redentor, entregue os teus caminhos, desejos e anseios em suas mãos e nada jamais te faltará.

“Agrada-te do Senhor, e ele satisfará os desejos do teu coração.” (Salmos 37:4)

 

Escrito por Vitória Maria Carvalho