“O que você quer ser quando crescer?” – Quantas vezes você já ouviu essa pergunta? Talvez inúmeras, principalmente quando criança. E quantas respostas diferentes você deu? Talvez inúmeras também, não é mesmo? Mas e agora, na fase de vida em que você está hoje, já se perguntou isso novamente? Dessa vez não estou falando de profissão, mas da pessoa que você gostaria de ser e do impacto que gostaria de causar (o que pode abranger sua profissão, é claro, mas vai muito além disso). Quando estivermos no fim de nossas vidas terrenas e olharmos para trás, o que veremos? O que gostaríamos de ver?

Um dos meus grandes desejos – e espero que seja o seu também – é ter uma vida frutífera, pela graça e para a glória de Deus. Desejo viver de maneira que agrade a Deus e abençoe pessoas, ter uma vida que “valha a pena”. Porém, isso não ocorre automaticamente. Se vivermos o dia a dia levadas pela correnteza, pela correria, sem reflexão, sem planos e sem mudança, não podemos esperar que simplesmente acordaremos um dia, já velhinhas, e de repente, teremos nos tornado mulheres maravilhosas que honram a Deus e fazem diferença com suas vidas. Não é assim que funciona. Uma vez ouvi alguém dizer: “Você não será no futuro aquilo que não está se tornando hoje”. Se queremos ter uma vida frutífera, que honre a Deus e faça diferença, precisamos começar a cultivar isso aqui e agora. Mas como?

Uma passagem bíblica que tem me ensinado muito sobre isso é 1 Tessalonicenses 2. O apóstolo Paulo começa esse capítulo afirmando que a visita que havia feito aos irmãos de Tessalônica “não foi inútil” (v.1). Por que não? O que tornou essa visita útil? Por que foi proveitosa? Quais frutos foram produzidos? O restante do capítulo responde a essas perguntas, mostrando-nos a mensagem que Paulo anunciava, a motivação que o impulsionava e os métodos que caracterizavam o seu ministério.

Embora o nosso chamado tenha diferenças em relação ao de Paulo, podemos aprender, com esse texto, a mensagem, a motivação e os métodos que devem marcar a nossa vida e ministério. Seja dando aulas na classe infantil da escola bíblica dominical, trabalhando em um acampamento cristão, ajudando a família, aconselhando uma amiga, evangelizando um colega, auxiliando uma pessoa necessitada ou escrevendo um texto para um blog cristão, os mesmos princípios que nortearam a vida e o ministério de Paulo devem nortear o nosso modo de viver e servir.

A mensagem de uma vida frutífera

Com confiança em nosso Deus, anunciamos a vocês as boas-novas de Deus. (1 Tessalonicenses 2.2)

Qual era a mensagem que Paulo estava preocupado em proclamar? O evangelho. Seu alvo não era transmitir suas próprias opiniões ou um sistema de crenças criado por homens. Se queremos ter uma vida agradável a Deus e frutífera, a mensagem mais importante que temos de conhecer, crer, viver e compartilhar é a Palavra de Deus, cujo centro é o evangelho de Jesus Cristo. E o que é o evangelho? Paulo o resume com clareza em 1 Coríntios 15.3-4: “Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”.

Todas somos pecadoras por natureza, inimigas de Deus, separadas dEle e merecedoras de Sua  justa ira (Romanos 3.23; Efésios 2.1-3). Porém, Jesus Cristo, o Filho de Deus, fez-Se homem para viver de maneira perfeita e levar sobre Si a culpa pelos nossos pecados, em nosso lugar. Sua morte na cruz e ressurreição nos possibilitam ser perdoadas e declaradas justas diante de Deus. A cruz de Cristo nos traz misericórdia e graça inestimáveis, visto que Ele tomou sobre Si a nossa culpa e nos ofereceu, em troca, a Sua justiça (Efésios 2.4-9; 2 Coríntios 5.21). Por isso, todo aquele que se arrepende dos seus pecados e confia em Jesus para ser salvo, recebe a salvação; no entanto, aquele que não crê, continua inimigo de Deus e permanece debaixo de Sua ira (João 3.16-18).

Talvez você já tenha sido redimida pelo evangelho – se sim, graças a Deus por isso! Mas precisamos ter em mente que o evangelho não serve “apenas” para a nossa salvação. Não é meramente um conjunto de verdades em que cremos para ser salvas e, então, passamos a nos preocupar com outras coisas. Não! O evangelho continua impactando a nossa vida, nos motivando a viver por Aquele que por nós morreu e ressuscitou (2 Coríntios 5.15). E nessa busca por uma vida que agrade ao Senhor, conhecer (e obedecer) a Palavra de Deus é essencial. Veja algumas de suas características e alguns dos efeitos que ela produz em nós:

A Palavra de Deus é perfeita, revigorante, confiável e justa. Alegra o coração, ilumina a vida e dá sabedoria aos ingênuos. É pura, correta, verdadeira e eterna. É mais desejável que ouro e mais doce que o mel. Suas advertências trazem grande recompensa para os que as cumprem. (Salmo 19.7-11)

Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para nos ensinar o que é verdadeiro e para nos fazer perceber o que não está em ordem em nossa vida. Ela nos corrige quando erramos e nos ensina a fazer o que é certo. Deus a usa para preparar e capacitar seu povo para toda boa obra. (2 Timóteo 3.16-17)

Além de apresentar a verdade que nos trouxe a salvação, a Palavra de Deus também proporciona transformação. É por meio dela que conhecemos o evangelho e recebemos vida em Jesus e é por meio dela que aprendemos como viver essa nova vida de maneira agradável a Deus (Salmo 119.9-11; João 17.17). A Bíblia deve moldar nossa forma de pensar e agir. Isso não significa que só pensaremos e falaremos sobre versículos bíblicos o tempo todo, mas que ela deve transformar nossa cosmovisão, nossos valores e objetivos. Ela deve ser a base para tudo o que acreditamos, somos, fazemos e comunicamos. E para isso se tornar realidade, a Bíblia não pode ser algo que simplesmente lemos de vez em quando para cumprir nosso “checklist espiritual” e, depois, deixamos de lado, sequer lembrando do que lemos. Precisamos realmente meditar na Palavra de Deus e buscar colocar em prática aquilo que aprendemos.

Como é feliz aquele […] [cuja] satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite. É como árvore plantada à beira de águas correntes: Dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que ele faz prospera! (Salmo 1.1-3)

Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos. Aquele que ouve a palavra, mas não a põe em prática, é semelhante a um homem que olha a sua face num espelho e, depois de olhar para si mesmo, sai e logo esquece a sua aparência. Mas o homem que observa atentamente a lei perfeita que traz a liberdade, e persevera na prática dessa lei, não esquecendo o que ouviu mas praticando-o, será feliz naquilo que fizer. (Tiago 1.22-25)

Somente quando meditamos na Palavra de Deus e a obedecemos podemos ser verdadeiramente livres, felizes e frutíferas! Mas a Sua Palavra não deve ficar apenas conosco. Além de conhecer, crer e obedecer, precisamos comunicá-la a outros. Repito: precisamos comunicá-la. Talvez você já tenha ouvido a seguinte afirmação: “Pregue o evangelho em todo tempo; se necessário, use palavras”. É preciso tomar cuidado com esse tipo de ideia. Devemos refletir o evangelho com nossas vidas? Sim, claro! Mas devemos comunicá-lo com clareza também. Não podemos fazer um e deixar de fazer o outro. Recentemente ouvi a seguinte frase de um pastor: “Sem pregação não há salvação; sem testemunho, não há coerência”. Devemos viver e pregar o evangelho. Caso contrário, como as pessoas saberão o que causou tamanha mudança em nós? Se a verdadeira vida vem por meio do evangelho, como poderíamos, à parte dele, abençoar pessoas espiritualmente mortas? Se a verdadeira sabedoria vem por meio da Palavra de Deus, como poderíamos, à parte dela, realmente abençoar irmãos que precisam de conselho ou instrução?

Novamente, isso não significa que devemos recitar versículos bíblicos constantemente, mas que a mensagem da Palavra deve inundar nossos corações de tal forma que nossos lábios venham a transbordar em amor e sabedoria. Há tantas pessoas perdidas ao nosso redor! Também há tantos irmãos e irmãs em Cristo enfrentando tentações e/ou provações, lidando com dúvida, dor e desânimo… Não devemos ficar indiferentes às profundas necessidades das pessoas ao nosso redor nem acreditar que podemos supri-las com alguma espécie de sabedoria humana. Se desejamos (e deveríamos desejar) ser servas úteis nas mãos do Senhor, precisamos ter em mente que a mensagem mais importante que temos a comunicar não são nossas próprias opiniões ou algum tipo de otimismo vazio, mas as verdades da Palavra do Nosso Deus Criador, Redentor e Soberano.

A responsabilidade de pregar o evangelho aos não crentes e edificar os membros do Corpo de Cristo não é exclusiva dos pastores e líderes da igreja. Afinal, Deus “nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação” (2 Coríntios 5.18-20). Agora, como Suas embaixadoras, somos chamadas a proclamar a mensagem da reconciliação aos perdidos. Também somos chamadas a edificar, encorajar, confortar, advertir e auxiliar nossos irmãos e irmãs em Cristo, conforme a necessidade, de modo a transmitir-lhes graça (Efésios 4.16, 29; 1 Tessalonicenses 5.14; Hebreus 10.24-25).

Não podemos produzir verdadeiros frutos à parte de um relacionamento pessoal com o Senhor Jesus e à parte do conhecimento, fé e obediência à Palavra (João 15.1-5,10). E não podemos ignorar nossa responsabilidade dada por Deus de compartilhar a Sua Palavra com as pessoas ao nosso redor, com sabedoria e amor. A mensagem do evangelho é poderosa: atua em nós e em todos os que creem (1 Tessalonicenses 2.13). Essa mensagem deve marcar a nossa forma de viver e servir. Somente assim poderemos frutificar, pela graça e para a glória de Deus.

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Uma das inspirações para essa série de artigos veio de uma mensagem de Nancy DeMoss Wolgemuth entitulada Portrait of an Effective Servant [Retrato de um Servo Eficaz] disponível (em inglês) em: https://www.reviveourhearts.com/radio/revive-our-hearts/portrait-effective-servant-day-1/