Confira aqui a parte 1, e a parte 2.

Os métodos de uma vida frutífera

Nós os amamos tanto que compartilhamos com vocês não apenas as boas-novas de Deus, mas também nossa própria vida.  (1 Tessalonicenses 2.8)

No primeiro artigo dessa série, aprendemos sobre a mensagem que Paulo comunicava e, no segundo, sobre a motivação por trás das suas ações. Agora, tendo visto “o quê” e o “porquê”, estudaremos o “como”. Como Paulo se relacionava com os tessalonicenses? Como ele pregava e ensinava? O que caracterizava suas atitudes e sua comunicação?

Em primeiro lugar, podemos perceber que a mensagem de Paulo não era da boca para fora. Como estudamos no primeiro artigo da série, o evangelho tem que, primeiramente, impactar a nossa própria vida. E era assim com Paulo. Ele não pregava uma coisa e vivia outra. A mensagem que ensinava a outros agia primeiro em seu próprio coração, levando-o a buscar agradar ao Senhor em tudo, como vimos no segundo artigo. Por isso, a sua vida era uma ilustração da sua mensagem.

“Tanto vocês como Deus são testemunhas de como nos portamos de maneira santa, justa e irrepreensível entre vocês, os que creem” (v.10). Paulo buscava ser íntegro diante de Deus e dos tessalonicenses. Portar-se de maneira irrepreensível significa que não havia nada visível em suas atitudes a ser repreendido. Não que ele fosse perfeito – não era, é claro, como nós não somos – mas procurava agradar a Deus, lutando contra o pecado e cultivando a santidade e a justiça. Paulo buscava crescer na semelhança com Cristo de tal forma que podia dizer a outros: “Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo” (1 Coríntios 11.1).

O ditado “Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço” não se aplicaria a Paulo. A sua instrução era completamente diferente: “Ponham em prática tudo o que vocês aprenderam, receberam, ouviram e viram em mim. E o Deus da paz estará com vocês” (Filipenses 4.9). Seus leitores deveriam colocar em prática não apenas o que haviam ouvido Paulo ensinar, mas o que haviam visto ele viver!

Também podemos notar que o serviço de Paulo não era impessoal. Sua mensagem era acompanhada de amor fraternal por aqueles a quem ele ensinava. Cuidava deles com a bondade com a qual uma mãe cuida de seus filhos (v.7). Por quê? Porque aqueles irmãos haviam se tornado muito amados por ele (v.8). E em seu amor, Paulo desejava profundamente que eles se tornassem cada vez mais parecidos com Cristo. Por isso, tratava-os “como um pai trata seus filhos, exortando, consolando e dando testemunho” para que eles vivessem “de maneira digna de Deus” (v.11-12).

É interessante perceber que amar não envolve apenas ser bondoso, mas também exortar. Bondade e consolo fazem parte, mas o verdadeiro amor também nos leva a confrontar o pecado na vida da pessoa amada e encorajá-la a viver de maneira agradável a Deus. É claro que toda exortação deve ser feita com sabedoria, com o intuito de edificar o outro e de modo a transmitir graça (Efésios 4.29) e há situações em que o consolo ou outro tipo de ajuda precisam vir primeiro (1 Tessalonicenses 5.14). Porém, o grande ponto aqui é que o amor não é omisso nem passivo, mas genuína e ativamente interessado no bem do outro – bem que, no sentindo mais profundo, significa semelhança crescente com Cristo (Romanos 8.28-29).

O amor de Paulo pelos tessalonicenses também o levou a se esforçar diligentemente em prol daqueles irmãos (1 Tessalonicenses 2.8-9). Ele abriu mão de seu direito de, como apóstolo de Cristo, receber sustento que lhe permitisse dedicar-se integralmente à sua vocação. Em vez disso, preferiu trabalhar noite e dia para não ser um peso para ninguém, ainda que isso lhe trouxesse esgotamento e fadiga. Empenhava-se com disciplina e diligência a fim de fazer o que Deus o havia chamado para fazer, para a Sua glória e para abençoar as pessoas a quem servia.

E quanto a nós? Procuramos viver de maneira íntegra diante de Deus e das pessoas ao nosso redor? Temos buscado imitar a Cristo diariamente? Cultivamos o amor bíblico pelas pessoas as quais Deus nos chama a servir? Nossas atitudes são marcadas por esforço diligente em prol do outro ou por exigências egoístas? A nossa forma de viver tem o potencial de ofuscar ou embelezar a mensagem que comunicamos. Como disse um filósofo alemão: “Mostra-me a tua vida redimida e eu talvez seja inclinado a crer em teu Redentor”(1).

Tudo isso soa extremamente desafiador? Com certeza é! Afinal, é contrário ao caminho do mundo e às inclinações naturais do nosso coração. Porém, se somos filhas de Deus, adotadas por meio de Jesus Cristo, o próprio Deus nos capacita a viver de maneira agradável a Ele, amar as pessoas com o amor bíblico e servir com esforço diligente. Não somos chamadas a realizar tudo isso por nossas próprias forças, mas pela graça de Deus, confiando em Sua força, assim como Paulo fez.

Nós o proclamamos, advertindo e ensinando a cada um com toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo. Para isso eu me esforço, lutando conforme a sua força, que atua poderosamente em mim. (Colossenses 1.28-29)

Apesar de termos sido maltratados e insultados em Filipos, como vocês sabem, com a ajuda de nosso Deus tivemos coragem de anunciar-lhes o evangelho de Deus, em meio a muita luta. (1 Tessalonicenses 2.2)

Também agradecemos a Deus sem cessar o fato de que, ao receberem de nossa parte a palavra de Deus, vocês a aceitaram, não como palavra de homens, mas conforme ela verdadeiramente é, como palavra de Deus, que atua com eficácia em vocês, os que creem. (1 Tessalonicenses 2.13)

Sim, devemos nos esforçar. Mas sem o agir de Deus, o nosso esforço seria completamente vão (Salmo 127.1-2). Somente Ele pode nos capacitar, dando toda a força e coragem de que precisamos para viver e pregar o evangelho – inclusive em meio ao sofrimento (que, diga-se de passagem, é inevitável neste mundo). E somente Ele pode abençoar o resultado dos nossos esforços (1 Coríntios 3.5-9). Paulo sabia disso e, com confiança no Senhor, cumpriu a missão da qual Deus o havia encarregado.

O resultado? Pela graça de Deus, os tessalonicenses receberam a mensagem do evangelho como ela realmente é: divina, e não humana. Creram nas boas-novas como palavras de Deus, aceitando-as com a alegria que vem do Espírito Santo, e isso impactou profundamente as suas vidas: deixaram os ídolos a fim de servir ao Deus vivo e verdadeiro, tornaram-se imitadores do Senhor e exemplo para outros irmãos, e passaram a pregar a palavra e esperar a vinda de Jesus (1 Tessalonicenses 1.4-10; 2.13). Além disso, começaram a sofrer perseguições (2.14), o que é esperado para os cristãos (2 Timóteo 3.12), e mesmo assim perseveraram. Por tudo isso, Paulo agradecia a Deus pela vida dos tessalonicenses, pelo “trabalho que resulta da fé, o esforço motivado pelo amor e a perseverança proveniente da esperança em nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tessalonicenses 1.3). Somente Deus poderia produzir todos esses frutos! Ele salvou Paulo e aqueles irmãos de Tessalônica e, depois, passou a operar uma grande transformação em suas vidas. E o mesmo Deus (e o mesmo evangelho) continua atuando com eficácia em todos os que creem.

Não é maravilhoso ver o que a graça de Deus pode fazer em (e através de) nós por meio do evangelho e de toda a Sua Palavra? Sim, haverá dificuldade, sofrimento e luta no meio do caminho, mas contamos com a capacitação que vem do Senhor e descansamos no fato de que o resultado está em Suas mãos – somos responsáveis apenas por fazer o que Ele nos chama a fazer. E assim como os tessalonicenses foram impactados pela vida e pelo ministério de Paulo, outras pessoas podem ser impactadas pela Palavra de Deus vivida e proclamada por nós. Por Sua graça, podemos dar frutos que permaneçam, para a Sua glória. Que esse seja o nosso desejo, por e para Aquele que nos chamou para Si.

 

Todo Dia (2)

Todo dia seja o meu viver para te honrar

Minhas atitudes todas para te louvar

O caminho que Jesus aponta, sim, por ele vou seguir

Revelar o teu amor por onde eu for

Todo dia seja o meu viver para te honrar

De tudo que tenho recebido vou compartilhar

Dedicar os meus talentos, minha vida para abençoar

Revelar o teu amor por onde eu for

Ouve a nossa oração, Senhor,

E recebe glória e louvor

Sonda o nosso coração

Guia-nos por teu amor.

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(1) Citação de Heinrich Heine por Nancy DeMoss Wolgemuth em Adorned: Living out the beauty of the gospel together [Adornado: Vivendo a Beleza do Evangelho Juntas], cap. 2.
(2) Todo Dia, de Paulo Nazareth – Som da Vila