“As mulheres disseram a Noemi: “Louvado seja o Senhor, que hoje não a deixou sem resgatador! Que o seu nome seja celebrado em Israel! O menino lhe dará nova vida e a sustentará na velhice, pois é filho da sua nora, que a ama e que lhe é melhor do que sete filhos! ” Noemi pôs o menino no colo, e passou a cuidar dele. As mulheres da vizinhança celebraram o seu nome e disseram: “Noemi tem um filho! ” e lhe deram o nome de Obede. Este foi o pai de Jessé, pai de Davi.” (Rt 4.14-17)

O livro de Rute foi escrito no gênero de novella, que conta uma breve história com clímax e desfecho. Convido você, querida leitora, a separar um tempinho e ler o livro todo enquanto acompanha essa série de devocionais pois são só quatro capítulos, é rapidinho!

O propósito do livro é demonstrar a fidelidade, soberania e misericórdia de Deus. Por meio da fé e da lealdade dos protagonistas à aliança, o Senhor “transforma a tragédia individual e familiar em benção nacional de que o povo tanto carecia”. Em todo o livro, a ação divina não é demonstrada em diálogos diretos dos personagens com Deus, mas através de Sua atuação soberana em coincidências e planos essencialmente humanos, permeados de incertezas e riscos.

A narrativa consiste na história de um casal israelita – Elimeleque e Noemi – que, fugindo da fome, vai para a terra de Moabe. Lá seus dois filhos se casam com mulheres estrangeiras e, depois de um tempo, os três homens  morrem sem deixar descendência – o que, para a cultura do povo, era sinônimo de desaprovação e disciplina divina. Noemi, amargurada, volta para Israel seguida por Rute, sua nora de origem pagã, que se converte e busca refúgio no Senhor. Apesar da situação difícil, ambas permanecem fiéis e obedientes. Por isso, Deus abençoa Rute com um marido e um filho, integrando-os à linhagem de Davi, da qual viria Jesus Cristo, Libertador de Israel e Messias esperado.

O ponto que devemos aplicar em nossas vidas não é o fato de Deus ter provido a Rute um marido – isso não quer dizer que uma mulher solteira não desfruta do favor de Deus, de maneira nenhuma. A circunstância relatada tinha a ver com a realidade e a condição das mulheres na época, que é bem diferente do que vivemos hoje.

O princípio ensinado pelo livro é que a soberania de Deus guia cada um dos nossos passos, mesmo quando nos sentimos perdidas, cheias de dúvidas, lidando com frustrações que a vida nos traz. O Senhor opera através das circunstâncias que em nossa ótica podem parecer adversas; Ele opera através de situações que podem nos machucar, mas que evidenciam o seu consolo ao nosso coração. Que segurança saber disso! O livro de Rute serve como motivação à fé e dependência do Senhor, pois Ele está no controle!

Oração: Pai, ajuda-me a confiar em Ti mesmo quando eu não consigo compreender as circunstâncias à minha volta. Ensina-me a descansar em Teu agir e a obedecer a Tua Palavra mesmo quando as incertezas tomarem meu coração. Sejas meu Refúgio, meu lugar seguro, onde nada pode me abalar! Amém.

  1. Pinto, Carlos Osvaldo Cardoso (1950-2014) Foco e desenvolvimento no Antigo Testamento: estruturas e mensagens dos livros do Antigo Testamento / Carlos Osvaldo Pinto. – São Paulo: Hagnos, 2006. Pg 246.