Estava tudo bem. Ela tinha tudo o que precisava. Seu marido era maravilhoso, ele a compreendia e não fazia exigências desgastantes. Ele a valorizava e cuidava dela. Eles moravam em um lugar tranquilo, livre de violência, da barulheira da cidade, além de ter muita área verde, o que era ótimo para quando as crianças chegassem. Não lhe faltava nada e os dias eram sempre perfeitos.

De uma manhã para a outra as coisas mudaram radicalmente, e ainda foram se agravando. O sustento da família ficou comprometido, os desentendimentos entre o casal eram frequentes, a doença batia a porta. A vida havia se tornado penosa e insossa, era um eterno lamento.

Esses eram os quadros da vida de Eva antes e depois do pecado. Um terrível cenário que logo surgiu após um breve diálogo, uma dúvida, um desejo despertado e uma decisão errada.  Tantas vezes em nossas vidas podemos nos ver em cenários assim: tudo vai bem até que vem a tentação, fazemos a escolha errada e o cenário muda. A tentação vem por um desejo que é bom, ou que parece bom, mas que torna-se uma exigência ou usa de meios pecaminosos para ser satisfeito. Tiago nos diz que são as cobiças em nosso coração que causam a tentação (Tiago 1.14,15).  Podemos ser tentadas a conseguir o que queremos de maneira pecaminosa de diversas formas, por exemplo, a usar as palavras maliciosamente para ferir outras pessoas e zelar por nossa imagem, ou a aliviar o cansaço em uma alimentação desregrada; a manipular pessoas ou situações para ter o que queremos, ou, ainda, a satisfazer os desejos sexuais com pensamentos ou atitudes erradas. Mas hoje vamos tratar somente desta última, a tentação sexual.

O desejo sexual pode ser uma força poderosa para controlar nossos pensamentos e atitudes, e livrar-se dele pode ser uma tarefa extremamente difícil quando tentamos fazê-la sozinhas. Por isso, quero propor agora não que limpemos nossas mentes e não pensemos em sexo, mas que pensemos  o desejo sexual tal como ele foi planejado por Deus. Vamos lá!

1. É bom!

Deus fez o sexo e, portanto, o desejo sexual, para a intimidade entre duas pessoas que se comprometeram por meio de uma aliança. Assim como toda a criação de Deus é boa, o desejo e a atração sexual também são bons. No entanto, isso não é tudo. Precisamos nos lembrar do contexto em que ele foi criado, dentro do casamento, como parte da aliança entre o marido e sua esposa (Gênesis 2.21-25). A beleza das alianças é que elas são compromissos profundos, quebrados somente com a morte. Assim, o desejo e o ato sexual  devem ser desfrutados mutuamente pelo marido e pela esposa (1 Coríntios 7.3-5).

2. É para alcançar o alvo!

Diferente do que vemos à nossa volta, o desejo sexual não deve ser tratado como um entretenimento ou levar a ato pontual para satisfação de necessidades físicas ou curiosidades. Como parte da boa criação de Deus, esse desejo também deve apontar para o Criador, pois sua ordem, para agora e para a eternidade, é: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’”. (Mateus 22.37,38). Mas como o desejo sexual pode apontar para o Criador?

A intimidade sexual de um casal é uma parte importante e motivadora para alcançarem este propósito intencionalmente. Ela será a forma mais sensorial em que o marido e a esposa estarão desenvolvendo e demonstrando um ao outro seu amor altruísta.

Para as moças solteiras não é possível que este desejo seja satisfeito legitimamente fora do casamento, ainda assim, podemos alcançar o objetivo final de vivê-lo do modo planejado por Deus. Por isso tenho alguns lembretes que te ajudarão a não ceder a pensamentos, conversas ou práticas pecaminosas para satisfação do seu desejo. Eles somente são possíveis porque por meio de Cristo temos o que precisamos para:

Desejar o casamento

Nossa sexualidade foi planejada por Deus a fim de que vivamos em comunhão com outra pessoa por meio dos laços do casamento. Por isso, enxergue os seus desejos como um “empurrãozinho” para chegar lá. Não devemos nos esquecer que a ordem dada no jardim foi para que multiplicassem a imagem de Deus pela terra. Pensar em família pode chocar-se diretamente com desejos egoístas, que fogem completamente do alvo de amar.

Cultivar a humildade

Jesus foi um homem solteiro, e ele nos diz “Tomais sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração” (Mateus 11.29). A humildade nos livra da arrogância de pensarmos que somos capazes de lidar com determinadas cenas de filmes que assistimos ou músicas que ouvimos. A ideia não é viver no limite para não pecar e, sim, viver inteiramente buscando meios de agradar ao Senhor. Por isso, seja humilde em reconhecer suas fraquezas. Cerque-se de um ambiente saudável, de conversas sem malícias ou duplo sentido, de filmes, leituras e músicas que abram novos horizontes e que não sejam tendenciosos em reduzir tudo a um sentido sexual ou sensual. Lembre-se que a cultura da qual estamos cercadas não se submete a Deus e não tem interesse algum em facilitar sua vida de santidade!

Valorizar as pessoas

Lembre-se do que Deus diz a respeito das pessoas e como Cristo as tratava. Jesus tratou a mulher samaritana e Maria Madalena com singularidade por serem feitas à imagem de Deus. Sendo assim, não se entregue a pensamentos desrespeitosos sobre as pessoas. A tendência do homem caído é desumanizar o relacionamento sexual e, geralmente, a promiscuidade está ligada a violência, que é outra forma de descaracterizar o ser humano. Por isso, siga no sentido oposto! Ame as pessoas, valorize-as, importe-se individualmente com aqueles que você conhece, fuja do egoísmo! (1 Tessalonicenses 3.12, 13)

Creio que outra forma bem prática de desenvolvermos amor e respeito pelas pessoas é orando por elas. Ore para que a imagem de Cristo seja formada nas pessoas, ore para que se arrependam de seus pecados e vivam do jeito de Deus. Ore por aqueles que não tem acesso às Escrituras. Ore pelos missionários que você conhece e procure conhecer outros (2 Tessalonicenses 3.1).

Ter comunhão com a igreja

Finalmente, a vida comum na igreja é um recurso poderoso do qual devemos nos valer. A verdadeira comunhão nos livra do egoísmo e nos possibilita prestar contas. Tenha alguém com quem você possa conversar (Tiago 5.16). Lembre-se, seja humilde! Reconheça em quais situações você fica mais vulnerável a cair em tentação e trabalhe junto a essa pessoas algumas atitudes para o escape imediato e outros novos hábitos. Preste contas de outras áreas da sua vida também, não foque somente naquilo que diz respeito à sexualidade. A vida é mais do que isso, o alvo é o amor!

Esses conselhos não foram uma lista para que nos livremos do desejo sexual, mas para ajudá-la a alinhar os seus desejos ao plano do Criador, ainda que você não possa satisfazê-los legitimamente. Sendo assim, a vida não precisa ser penosa, pois você e eu poderemos caminhar em vitória quando atentarmos para os conselhos do Senhor.

“Os preceitos do SENHOR são retos e alegram o coração.” Salmos 19.8