Há quem goste de estar em meio à multidão e sentir que faz parte de algo maior, por exemplo, cantar uma canção ouvindo a sua banda favorita no show. Outras pessoas terão essa sensação de unidade quando estiverem reunidas com um mesmo propósito, seja uma pesquisa científica, caçar Pokémon, ir a igreja, participar de um grupo familiar, uma causa política, ou colecionar likes, fotos, jogos e coisas mais. A sensação que podemos ter é de unidade e pertencimento. Isso nos mantém conectados com a realidade e dá significado aos nossos afazeres, pois é mais do que simplesmente fazer uma comida ou se levantar para ir a faculdade ou trabalho, trata-se de estar ligado a algo maior que você. Esse é o desejo pela eternidade que o Senhor colocou em nós, “Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até o fim.” (Eclesiastes 3.11)

No entanto, há situações difíceis pelas quais todas estamos sujeitas a passar, ou momentos específicos de aprofundamento em algo que tem a capacidade de nos tirar essa sensação de pertencimento e nos roubar a alegria de viver, por exemplo: o término de um relacionamento, o trabalho intenso, prazos a cumprir, ou cuidados com um familiar doente. Não faz sentido levantar todos os dias pela manhã – tudo se tornou mecânico. Parece, então, que esse é o momento de parar e buscar novamente o sentido, ou seja, aquilo que dá unidade. Não é incomum nos encontrarmos oscilando entre fé e descrença. Nesses momentos, o que perdemos quando perdemos a fé?

A descrição de fé em Hebreus é a certeza das coisas que não vemos sobre algo que irá se concretizar no futuro (Hebreus 11.1). Sendo assim, quero pensar que a fé nos une ao Eterno, ou seja, porque cremos no cumprimento das promessas do Senhor Jesus vivemos hoje de forma diferente dos que vivem sem Deus. O mundo não tem fé em Cristo, pois sua esperança está nas coisas terrenas da criação, de forma que a tornaram o seu ídolo, “Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança de imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis.” (Romanos 1.22) Então, o que perdemos quando perdemos a conexão com o Eterno?

Antes de propor algumas alternativas, quero que estejam cientes que esta questão é muito pessoal, e portanto, algo que tenho percebido em meu coração e com ele lutado. Mesmo servindo no ministério em tempo exclusivo às vezes me vejo tão focada em um único aspecto, que facilmente tenho a tendência de perder a conexão com aquilo que dá unidade e sentido ao que faço. Você já se viu em uma situação parecida? Então vamos ao trabalho!

Já vou logo responder a questão “o que perdemos quando perdemos a conexão com o Eterno?”: nós perdemos o sentido de adoração. Quando ficamos absorvidas em alguma atividade, projeto ou situação que nos exija muita atenção, podemos ir tão profundamente nisso que não conseguimos mais conectar esse pedacinho da vida com o restante que dá coerência. Francis Schaeffer chamava este estado de linha do desespero. Veja, o incrédulo rei Acabe perdeu a vontade de comer quando não teve a vinha de Nabote (1 Reis 21.1). O rei Davi perdeu a alegria de viver enquanto não confessou o seu pecado (Salmo 32. 3,4). O patriarca Jacó, que mesmo tendo a bênção da primogenitura, a esposa dos seus sonhos e prosperidade, ainda não tinha conexão com o Eterno, até que lutou com o anjo do Senhor, saiu vivo e tomou o caminho da reconciliação (Gênesis 32.9-11, 24, 25). A mulher samaritana por muito tempo procurava sentido em seus casamentos e na liturgia da adoração (João 4.15,20). Marta, irmã de Maria e Lázaro, que estava atarefada com as atividades domésticas, deixou de lado sua adoração ao Senhor (Lucas 10.40-42). Noemi, após a morte de seus filhos e marido, se encontrou em uma difícil situação que comprometia sua própria sobrevivência (Rute 1.20).

É neste ponto que buscamos uma solução, mas é inútil buscar sentido em alguma outra atividade ou estilo de vida, o resultado é sempre o mesmo: vida vazia e morte para aqueles que não confiam na graça redentora de Cristo Jesus. Nada é capaz de dar sentido e unidade às nossas vidas, senão o Senhor Jesus, o logos, “porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, que sobre a terra, quer nos céus.” (Colossenses 1.19,20)

Sendo assim, a primeira lembrança que devemos ter em mente é que todas estamos sujeitas a perder a conexão com o eterno, e portanto, o sentido de sermos adoradoras do Deus verdadeiro e não idólatras de um aspecto da criação. Somos frágeis e o nosso coração é rápido em fabricar seus próprios ídolos; “[…] cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.” (Tiago 1.14)

Em segundo lugar, precisamos perceber o quanto temos deixado de lado nossas responsabilidades básicas:cuidado com o corpo, alimentação, leitura da Palavra, oração, comunhão com irmãos. Se não temos regularidade nessas questões, precisamos criar, pois fazem parte de uma vida sensata e sábia, agradável ao Senhor, e nos servirão de termômetro para esses momentos.

Em terceiro, creio que está o cultivo da prestação de contas e a confissão de pecados (Tiago 5.16), como nos orienta o escritor aos Hebreus, no capítulo 12, verso 1, a abandonar o pecado: “[…] desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança a carreira que nos está proposta”. Devemos confessar os nossos pecados e não acumular maldade em nosso coração. Cuidado com o autoengano! Ao responder que estamos bem, devemos ter em mente se temos andado com as prioridades que o Senhor nos dá, ao invés das nossas próprias prioridades, “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” (Mateus 6.33).

Finalmente, se queremos ser adoradoras do Deus verdadeiro e não idólatras, devemos amar o que Senhor nos diz para amar: a sua glória, Cristo Jesus, a igreja, nossos irmãos, os perdidos, Sua Palavra, a vinda de Cristo. Nada na criação, seja a natureza ou as nossas atividades, deve competir pelo lugar do Deus verdadeiro em nossos corações. Quando isso acontece, cometemos idolatria e tomamos o caminho da apostasia.

Enquanto filhas de Deus devemos nos lembrar que o mundo está desconectado de seu Criador e, por isso, ainda que tenham alguma fé em alguma coisa, ela é incapaz de levá-lo a Deus. Não há melhor defesa da fé do que demonstrar a suas colegas e amigas como você está conectada com o Eterno e por isso, tudo mais pode fazer sentido, ainda que vivamos em um mundo mal. A linha do desespero desaparece!

Guarde o resumo do que você lembrar para não perder a fé/conexão com o Eterno:

  1. Em que circunstâncias eu  sou mais tentada a me desconectar do Eterno?  
  2. Quando essa situação estiver se aproximando o que eu devo fazer para me manter ligada ao Senhor?
  3. O que irá me ajudar a perceber se que eu cedi a tentação e pequei? Quais termômetros eu poderei usar? Devo confessar!
  4. O que eu esperava alcançar ao ceder a tentação?
  5. Qual é o nome bíblico para esse pecado?
  6. O que farei para cultivar uma atitude de confiança na graça de Jesus?