Vimos na semana passada que todas nós lutamos constantemente com o temor a homens. Todas nós ficamos preocupadas com nossa imagem, com o que outros vão pensar, ou como vão reagir às nossas atitudes e palavras. Isso faz com que sejamos controladas pelas pessoas e gera uma ESCRAVIDÃO que nos deixa cansadas e frustradas!

Hoje, nosso intuito é descobrir o porquê desse problema existir, para que na próxima semana, então, possamos descobrir como podemos combatê-lo e que armas podemos usar para isso. Vamos lá?

Vamos voltar ao início da história humana. Houve um tempo em que o homem ainda não havia experimentado a desobediência a Deus. A dinâmica da vida humana era totalmente diferente daquela que conhecemos. Não havia egoísmo, medo ou insegurança. Nós nunca havíamos experimentado uma vida distante de Deus e, portanto, não conhecíamos o mal. Assim, não havia nada o que esconder e nunca havíamos experimentado a vergonha! Já imaginou como seriam diferentes os relacionamentos sem egoísmo, medo ou vergonha?

Mas, infelizmente, algo aconteceu e mudou a condição da humanidade para sempre. O homem e a mulher decidiram experimentar uma vida à parte de Deus.

O resultado?

“Quando ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por trás das árvores do jardim. E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo e me escondi.” (Gn. 3:8-10)

Quando saíram da vida protegida pelos padrões perfeitos de Deus, mulher e homem enxergaram-se nus. É importante entender que a nudez aqui não significa apenas a nudez física, mas também espiritual: de repente enxergaram defeitos em si mesmos, ficaram insatisfeitos com suas características, tiveram vergonha de sua condição e então, se esconderam do Senhor. Você sabe do que estou falando. Todos nós temos esse sentimento de vergonha do pecado. Podemos negá-lo, tentar esconder ou sermos completamente paralisados por ele, mas é fato que existe. Essa é uma das consequências de estarmos na condição de pecadores.

Outra consequência do rompimento com Deus é o medo. Primeiramente, temos medo de sermos expostos, de sermos humilhados se outros descobrirem nossas próprias falhas. Mas também passamos a não confiar nos outros e a ter medo de sermos machucadas, vítimas dos pecados dos outros. Ficamos com medo de sermos traídas, abusadas, oprimidas. Passamos a reagir agressivamente, tentamos manipular as situações para conseguir o que queremos e nos afundamos cada vez mais na vergonha e no medo.

Por toda a Bíblia enxergamos exemplos dessas consequências do pecado. Vamos olhar só para o livro de Gênesis: começando pela própria tentativa de Adão jogar a culpa em Eva (Gn. 3:12) e ela, na serpente (Gn. 3:13). Depois, vemos tentativas de homens e mulheres conquistarem posições de prestígio e de legitimidade (Gn. 4:8, 23-24; 11:4; 27), fugas (Gn. 28), enganações (Gn. 29, 38), traições e até assassinatos (Gn. 34). Dentre muitos outros relatos bíblicos, podemos enxergar também a atitude dos fariseus ao condenarem Jesus como consequência do medo que sentiam ao verem sua hegemonia ameaçada (Mt. 21:45, 22:15).

Em nossa sociedade, também podemos ver essa realidade: nos noticiários, vemos todos os dias políticos fazendo de tudo para jogar a culpa de seus atos corruptos uns nos outros; nas prateleiras da livraria, a cada semana se multiplicam os livros de autoajuda, prometendo amenizar esse sentimento de vulnerabilidade e trazer felicidade; nos relacionamentos, estamos sempre nos esforçando para zelar por nossa própria imagem e nos iramos facilmente quando alguém nos acusa ou expõe nossas falhas.

Qual a solução para essa situação? Muitas pessoas afirmam ser o amor próprio. “Ame-se, aceite-se, perdoe-se: só assim você será feliz!”, eles dizem. Superar sozinho esse sentimento e se auto afirmar, porém, nunca resolverá nosso problema. Só traz maior frustração e insatisfação. E isso acontece porque o problema não está somente em nosso relacionamento com os outros ou na autoestima. Veja o que Edward T. Welch afirma:

“O problema principal parece ser o olhar das outras pessoas, mas na realidade o problema está dentro de nós e entre nós e Deus. O problema principal não é o olhar dos outros. Nós o classificamos sob o título de “o temor das outras pessoas” somente porque essa experiência é mais evidente quando estamos no meio delas. […] As raízes da causa do temor do homem estão em nosso relacionamento com Deus. No final das contas, nós ficamos debaixo do seu olhar santo e penetrante. Quando temos consciência de que violamos a justiça de Deus, esse olhar nos condenará”. O nosso problema é maior: o rompimento do relacionamento com Deus: “pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm. 3:23)! [1]

Sozinhas. Culpadas. Envergonhadas. Escravizadas. Essa é a nossa situação por conta do pecado… Mas não desanime! Na semana que vem abordaremos o desfecho dessa complicada situação e a solução bíblica para lutarmos contra esse pecado! Até lá!

[1] Welch, Edward T. Quando as pessoas são grandes e Deus é pequeno. Págs. 35,36.