“Sozinhas. Culpadas. Envergonhadas. Escravizadas. Essa é a nossa situação por conta do pecado…” Foi assim que terminei o texto na semana passada. Pode parecer que a visão que tenho apresentado a vocês até agora é muito pessimista, mas vamos entender hoje qual é a verdadeira saída para o nosso problema.

Se você crê em Jesus e já conhece o plano de Deus para salvar o homem, talvez esteja dizendo consigo mesma: ué, a solução é Jesus! Ele “morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores” (Rm. 5:8), “veio para buscar e salvar o que estava perdido” (Lc. 19:10),  “o castigo que nos trouxe a paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados” (Is. 53:5), libertou a todos através da verdade (Jo. 8:32). Sim, é verdade! Cristo solucionou de uma vez por todas o problema da condenação do pecado! Recebendo a Cristo temos a oportunidade de sermos considerados justas pelos méritos Dele, somos justificadas!

Então, uma primeira resposta que podemos dar ao Temor a Homens é: a opinião dos outros não importa porque Deus já declarou Cristo justo e, com Ele, todos aqueles que nEle crêem (Rm. 3:24)! Confiando em Cristo como Salvador, podemos realmente ser libertas da culpa, da vergonha e do medo de sermos expostas (Rm. 5:1-2)! Não importa o nosso passado, somos novas criaturas (2 Co. 5:17)!

Edward T. Welch, porém, compartilhando sua própria luta contra o Temor a Homens, afirma:

“Essa parecia ser a liberdade que eu precisava. Eu me sentia como se tivesse sido convertido de novo. Não precisava me preocupar com a opinião dos outros. […] Eu era um filho amado. Um santo. Aprovado em Cristo. Que ótimo! […] Eu pensava que o tratamento estava funcionando. […mas] no final das contas, era muito importante a opinião das outras pessoas. […]Em resumo, talvez eu ainda fosse controlado pela opinião dos outros, mas desde que me sentisse bem, não estava muito motivado para investigar mais. Com certeza não falaria com ninguém mais sobre isso – eu ficaria muito envergonhado.”[1]

Percebemos aqui algo que pode ficar oculto à primeira vista. Quando somos salvos, não nos livramos dos pecados instantaneamente! Não, não estou tentando diminuir o sacrifício de Cristo, dizendo que não é suficiente para nos salvar! O que estou afirmando é que existem mais dois aspectos em relação ao pecado[2], além da condenação da qual fomos libertos: o poder do pecado e a presença do pecado. Vamos entender o que isso significa?

Não é raro ver meninas questionando: “Mas se Cristo me salvou do pecado, porque eu continuo pecando?”, “Será que existe um jeito de parar de pecar? De não ser mais dominada pelo Temor a Homens, por exemplo?”. Essas não são perguntas tolas. São, na verdade, bem válidas! Até Paulo falou sobre isso no livro de Romanos (7:19), quando compartilhou sua luta interior contra o pecado. O fato de Paulo ter afirmado que ele mesmo lutava contra o pecado nos mostra que não existe um jeito de parar de pecar. Pelo menos não enquanto vivemos aqui na Terra, pois só seremos libertos da presença do pecado na eternidade (Ap. 21:4)!

Mas isso não significa que vamos desistir dessa luta, entregar os pontos e ficar esperando a eternidade chegar enquanto nos entregamos completamente ao pecado. Não. Somos chamadas a lutar diariamente contra o pecado, porque o pecado não tem mais poder sobre nossas vidas! Com Cristo, temos a oportunidade de não obedecer ao pecado, diferente de antes, quando nossa única opção era pecar, pecar e pecar! Assim, queridas, ganhamos não só o título de “justas”, mas também ganhamos armas para vencer as pequenas batalhas diretas com o pecado em nossas vidas. O pecado está aqui e ali, no nosso dia-a-dia, ao nosso redor. Somos convidadas a ceder a ele todos os dias. “Só um pouquinho”, “Não vai dar em nada”, “Ninguém vai ficar sabendo”. Mas somos chamadas a lutar para dizer “não”, na dependência no Espírito Santo. Este processo de ser tentada, vencer, ser tentada de novo, perder, levantar, continuar, batalhar, se chama santificação. É através dele que vamos crescendo na caminhada cristã, nos tornando mais maduras, mais conscientes da nossa falibilidade e mais dependentes de Deus (1 Co. 6:11, 1 Ts. 4:3, Hb. 10:14).

Ok. O que isso tem a ver com o Temor a Homens? Bom, o Temor a Homens é uma das nossas fraquezas, uma das formas pelas quais somos tentadas. Como já dissemos anteriormente, Deus nos deu armas para lutar contra o pecado de forma prática, e a alternativa para o Temor a Homens é o que a Bíblia chama de Temor ao Senhor.

Como vimos no primeiro artigo, temor não significa ter medo ou pavor, mas significa “…respeitar muito alguém, ser controlada ou dominada pelas pessoas, adorar outras pessoas, colocar sua confiança nas pessoas ou precisar de pessoas.” [3] Então a solução não é ter medo de Deus, mas sim buscar conhecer mais Seus atributos, Seu caráter e Suas ações ao longo da história, para poder colocar sua confiança Nele, respeitá-lo e depender Dele. O que estou querendo dizer é que “O que sabemos sobre Deus nos encoraja a confiar Nele com relação a tudo o que não sabemos”[4], ou seja, se você conhece pouco sobre quem é Deus, o que Ele fez, o que quer fazer, como costuma agir, etc., como poderá confiar Nele? É claro que vai confiar mais em sua opinião ou na opinião dos outros, e facilmente se entregará à ansiedade e às frustrações de depender dos outros. Mesmo sendo filha de Deus, continuará a ser derrotada nas batalhas diárias contra o pecado porque não usa as armas que Ele te deu para lutar!

Não adianta achar que a vida cristã se resume a um “eu aceito Jesus” e que depois todos seus problemas vão se resolver, pois a realidade não é essa! O receber a Cristo é o primeiro passo de uma jornada eterna de crescimento e, para ficar mais madura, é preciso conhecer mais o nosso Deus, caminhar com Ele. Como fazer isso? Leia a Bíblia! Estude os atributos de Deus! Saiba quem é o seu Deus, o que Ele já fez e o que prometeu que fará! Converse com Ele, abra seu coração! Apresente seus desejos a Ele em oração!

“Vocês me procurarão e me acharão quando me procurarem de todo o coração.” Jr. 29.13

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[1] Welch, Edward T. Quando as Pessoas são Grandes e Deus é Pequeno. P. 10-11.

[2] Bíblia anotada: edição expandida. Charles Ryrie. P. 1091.

[3] Welch, E. T. Quando as Pessoas são Grandes e Deus é Pequeno, p. 13.

[4]  Jennifer Benson Schuldt.