Você já se fez essa pergunta? Diante do término de um namoro, de uma bomba no vestibular, da perda de um emprego, de uma amizade frustrada, de uma doença incurável, de uma perda muito dolorosa, diante da morte… É impossível mensurar o sofrimento de alguém, pois motivos diferentes podem desencadear feridas profundas no coração humano. A Bíblia afirma categoricamente: a dor não é opcional (Jo 16:33)! Vivemos em um mundo caído e corrompido por consequência do pecado, por isso, todas nós enfrentaremos algum tipo de sofrimento. A dor faz parte da carreira humana nesta terra.

Diante dessa afirmação, é muito difícil não levantar algumas questões, como “qual a razão do sofrimento?”, “onde está Deus diante da minha dor?”, ou a frequente pergunta que intitula este artigo. Quem nunca se questionou a respeito disso? É normal ter esses tipos de questionamentos pois a mente humana, pequena e limitada, recorre a essas dúvidas diante da sua incapacidade de lidar com determinadas circunstâncias da vida, diante da perda do controle de algumas situações. As dúvidas não são um problema, desde que elas te levem a buscar respostas na Verdade, e não a afundar em crises existenciais que podem abalar sua fé e afastar-lhe do Deus Consolador. Felizmente, a Bíblia tem resposta para essas perguntas.

“Qual a razão do sofrimento?”

Uma vez que, por discernimento do Espírito Santo, entendemos que o sofrimento é consequência do pecado e que este mundo é um berço de aflições, Deus nos mostra uma nova perspectiva sobre a dor. Ele está mais interessado no que podemos aprender por meio do sofrimento do que está interessado em livrar-nos dele. Não entendemos a agenda de Deus. Mas em sua soberania, Ele usa a dor para nos ensinar e, por sua graça, nos garante que o que vivemos tem o propósito de nos moldar e nos preparar para a vida aqui e para a eternidade. É lá que nossos olhos devem estar fixos. Quanto mais focamos nas coisas eternas, menores ficam as lutas enfrentadas neste mundo (leves e momentâneas) (Tg 1.2-4, 2 Co 4.16-18). E, além de nos dar uma nova perspectiva, Deus nos diz que o sofrimento evidencia a esperança da restauração futura. Nosso foco deve estar na eternidade, é nessa esperança que fomos salvos (Rm 8.19-24).

“Onde está Deus diante da minha dor? Por que comigo, Deus?”

Jó é um grande exemplo de um servo de Deus que não pecou diante do seu sofrimento. Ele perdeu sua riqueza, seus dez filhos e ficou doente a ponto de coçar-se com cacos de vidro. Seus amigos o acusavam de ter pecados ocultos e sua mulher aconselhou-o a amaldiçoar a Deus. Diante de todo seu sofrimento, cansado e esgotado, ele questionou a Deus o porquê de tudo aquilo. Em amorosa repreensão, Deus lhe responde: “Onde você estava quando lancei os alicerces da terra?” (Jó 38:4). Ou seja, Deus estava mostrando a Jó que ele era apenas um coadjuvante na História de Redenção escrita por Ele, assim como eu e você; Deus estava dizendo a Jó que sua vida não era sobre ele, mas sobre trazer-Lhe glória mesmo em meio à dor, assim como a minha e a sua vida; Deus estava ensinando que Ele é soberano até mesmo sobre a dor. Em humilde rendição, Jó engrandece o nome do Senhor e os ecos dessa história nos ensinam e nos constrangem milhares de anos depois. O sofrimento de Jó trouxe glória ao Senhor, assim como o meu e o seu, porque além de nos ensinar e nos fazer crescer espiritualmente (como afirmado no ponto anterior), as consolações que recebemos são também para que consolemos nossos irmãos em Cristo (2 Co 1:3-6).

“Por que dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas” (Rm 11:33-36). Em outras palavras: Ele é a fonte, a origem de todas as coisas, o dono de tudo (por que dEle); Ele é o agente, o sustentador de todas as coisas (por Ele). Ele é o fim, o justo alvo, em quem tudo será convergido na plenitude dos tempos (para Ele).

Esse texto das Escrituras nos ensina que a História pertence à Deus e nós temos o privilégio de fazer parte dela como coadjuvantes. Não é a nossa felicidade que está esboçada no roteiro, mas a majestade de Deus em fazer Seu nome e poder conhecidos através dos séculos. Se meu sofrimento traz glória ao Senhor ao moldar em mim a imagem de Cristo, e se minha dor testemunha disso à outros, então, que assim seja, e que o Senhor seja evidenciado em minhas tribulações.

Já passei por questionamentos profundos em minha alma diante de circunstâncias adversas, e o que tenho aprendido é que maturidade espiritual consiste em lidar com as lutas e dores da vida encontrando em Deus propósito e consolo, bem como em entender que é possível encontrar verdadeira alegria em meio à dor ao contemplar as belezas que Deus molda em meio ao sofrimento. O Regente do universo tem cada detalhe orquestrado sob o cuidado de suas mãos, inclusive sua vida. Descanse em suas mãos soberanas e nos propósitos que Ele tem para sua vida. Que diante da dor você não questione mais “por que comigo, Deus?”, mas ore em humilde rendição “que minhas lutas, frustrações e sofrimentos revelem a glória do Senhor”.