Lara sempre foi presente nas programações da igreja onde cresceu. Fez discipulado, participou de cantatas, teatros, cantinas missionárias, etc. Sempre foi animada com as programações e tinha muitas amigas cristãs com quem estudou também no ensino médio. Mas, com 17 anos, ingressou na universidade para estudar enfermagem. E na faculdade, nenhum de seus professores, nem de suas colegas eram cristãos. Nas aulas, era comum ouvir sobre o “homo sapiens” e sobre a natureza inteligente.

Certa vez, um professor sugeriu que a religião era uma boa maneira de ajudar quem sofria de problemas emocionais e psicológicos, porque a fé dava esperanças para as pessoas e elas se mantinham mais calmas. Mas segundo ele, a fé era como um amuleto, sem fundamento racional.  Logo depois dessa afirmação, ela cochichou com sua amiga Kátia, de que não era bem daquele jeito. Deus não era um escape, confiar nEle e em Seu filho, Jesus, significava entregar o controle das circunstâncias nas mãos dEle e não se abalar com as dificuldades, porque Ele cuida de tudo. Kátia, então, lhe questionou “por que você acredita em Jesus? Usa sua cabeça mulher, não se deixa convencer pelo que o povo da igreja enfiou nela…”

É interessante que, por crescerem na igreja, muitos cristãos não pensam em explicar o porquê acreditam em Jesus Cristo, a despeito da Bíblia. Com certeza, a Palavra de Deus é a melhor resposta para a vida deles, mas uma pessoa que não crê na Bíblia, consequentemente não crê que Jesus existiu. E cedo ou tarde, esse questionamento pode lhe ocorrer. Você poderá, em algum momento, ser uma Lara também! E pela graça de Deus, apesar da teologia, existe um estudo histórico de Jesus que pode ser a resposta para você e para essas pessoas. Esse estudo não defende Jesus como Deus poderoso, mas explicita que existiu historicamente como alguém que foi adorado como rei, que cativou multidões e que adorava um único Deus. E esse estudo utiliza outras fontes literárias históricas. A enciclopédia britânica, inclusive, escreveu sobre a real existência dEle:

“Esses relatos seculares independentes comprovam que nos tempos antigos até mesmo os adversários do Cristianismo jamais duvidaram da historicidade de Jesus, a qual, pela primeira vez e em bases inadequadas, veio a ser questionada por vários autores do fim do século dezoito, do século dezenove e do início do século vinte” [1]

Sobre isso, quero te ensinar sobre algumas pessoas e um documento relevantes historicamente que confirmam a existência de Jesus.

Você sabe quem foi TÁCITO? Bem, ele foi um historiador crítico e severo que trabalhava para o imperador Nero. E, ao relatar o episódio em que Nero tentou culpar os cristãos, falou sobre Cristo. Veja:

“Christus [Cristo], o homem que deu origem a esse grupo, foi executado no reinado de Tibério pelo procurador da Judeia, Pôncio Pilatos.” Livro VX, capítulo 47 dos Anais da Roma Imperial [nome da obra de Tácito] [2]

E sobre PLÍNIO? Já ouviu falar dele? Ele foi um governador de uma província romana chamada Bitínia na Turquia e, em sua corte, certa vez, foram levados um grupo de cristãos que confessavam “Cristo como um deus”. Para resolver a polêmica, Plínio escreveu a Trajano, o imperador, e o registro dessa correspondência foi familiar a um dos pais da igreja, Tertuliano:

“[…] pois Plínio Segundo, quando estava no comando de uma província, depois de condenar alguns cristãos e ter desalojado outros da posição que assumiram, foi apesar disso, grandemente atormentado pelos números deles e, desse modo, consultor o imperador Trajano sobre que medidas deveria tomar no futuro, afirmando que, exceto pela recusa obstinada de sacrificar, não encontra nada mais sobre seus mistérios, salvo as reuniões antes do raiar do dia para cantar a Cristo e Deus […].” Tertuliano, Apology, Rendall, LCL[3]

E JOSEFO BEN MATIAS, sabe quem foi? Ele também é conhecido por seu nome romano Flávio Josefo, e viveu depois da crucificação de Cristo. Estudou história e lei bíblica, serviu como conselheiro, tradutor e porta voz para o imperador Tito. [4]

Josefo é considerado como um revolucionário judeu que rendeu-se à supremacia romana trocando o suicídio pela lealdade a Roma. Por sua demonstração de lealdade, Vespasiano não apenas o recebeu como cidadão romano, mas o patrocinou como historiador.” [5]

Este historiador escreveu um livro bastante conhecido, chamado “Antiguidade dos judeus”, onde fez citações a respeito de Jesus. Uma delas é chamada de Testimoniun Flavianum:

“Bem, havia nessa época, Jesus, homem sábio, se for legítimo chama-lo de homem, pois ele fez obras magníficas, um mestre de alguns homens que receberam a verdade com prazer. Ele atraiu muitos judeus e muitos gentios. Ele era o Cristo e, quando Pilatos, aceitando a sugestão dos principais homens entre nós, condenou-o a morrer na cruz, aqueles que o amavam desde o início não o abandonaram; pois ele aparecera para eles, vivo de novo, no terceiro dia; conforme os profetas divinos previram e dez mil coisas maravilhosas a respeito dele. E a tribo dos cristãos, assim denominados por causa dele, não foi extinta até hoje.” Antiguidade, XVIII 

Essa citação é bastante controversa, pois vários historiadores analisaram e constaram que haviam interpolações cristãs. O que quero dizer é que, provavelmente, este texto tinha sido modificado para parecer que Jesus era o Cristo. Contudo, por que um judeu considerado um traidor nacional iria citar Jesus? Era mais provável, já que almejava ser “bem quisto” pelos romanos, que não “endossasse” a religião cristã, considerada facciosa por eles.

Assim, somando isso, com outras análises, pode-se concluir que, apesar de existirem interpolações cristãs (o que também não é provado), Jesus era mencionado como um homem sábio, de bom comportamento e virtudes, que teve muitos seguidores de diferentes nacionalidades e que foi crucificado por Pilatos.

E o TALMUDE? Ele é a transliteração da palavra hebraica que significa “instrução”, “aprendizado”. Era um documento dividido em duas partes, a primeira com várias citações chamada Mishná (anterior a 200aC e posterior a 70aC), e a segunda, conhecida como Gemará (posterior a 500dC), que era um comentário da primeira parte. A Mishná é resultado de uma tradição oral judaica transmitida de geração a geração e que foi “organizado por temas por um rabi antes de sua morte. [6] E nele, também há uma menção a Jesus Cristo:

Na véspera da Páscoa eles penduraram Yeshu e antes disso, durante quarenta dias o arauto proclamou que [ele] seria apedrejado ‘por prática de magia e por enganar a Israel e fazê-lo desviar-se. Quem quer que saiba algo em sua defesa venha e interceda por ele’. Mas ninguém veio em sua defesa e eles o penduraram na véspera da páscoa” Mishná, na 43ª seção do Sanhedrin [7]

Também há muita controvérsia sobre esse trecho, se Yeshu era de fato Jesus Cristo ou não. Contudo, seria improvável demais que outro homem chamado Jesus pudesse ter existido e morrido da mesma maneira [pendurado] no mesmo período [véspera de páscoa]. E, o fato de o terem acusado de praticante de magia que enganava Israel condizia com o comportamento dos fariseus da oposição do período de Jesus. Além disso, estudiosos (Jacob Shachter e H. Freedman) sob a supervisão de um rabi, escreveram um documento em que fizeram referência ao Talmude e a Jesus:

“Aos olhos dos estudantes cristãos, o Sanhedrin sempre ocupou um lugar de predileção entre os tratados do Talmude em função da luz que ele é capaz de apresentar sobre o julgamento de Jesus de Nazaré. Sanhedrin, pp.xii [8]

Enfim, além destas personalidades e desse documento histórico, existem muitos outros que fazem menção a Jesus Cristo. Assim, essas evidências deixam claro que Jesus foi um homem real, que caminhou sobre esta terra e dividiu a história.

E falar sobre Ele para outros com evidências históricas deve ser uma alegria para toda jovem cristã, por isso, é necessário estudar. E essa necessidade também é uma responsabilidade como está escrito no primeiro artigo da série. Que tal buscar conhecer historiadores cristãos? Que tal buscar ler artigos em revistas sobre o que as pessoas falam sobre Jesus? Que tal fazer um curso sobre apologética (área da teologia que estuda a defesa da fé)? Que tal orar sobre usar sua mente de maneira que agrade a Deus? Que tal buscar ajudar e aconselhamento sobre isso?

Mas, de nada valerá tentar convencer outros da real existência dEle, se no dia a dia, seu comportamento foi diferente do que a Palavra de Deus aponta. Crer na existência histórica dEle, deve levá-la ao pé da cruz, para que, além de sua argumentação racional, seu modo de vida proclame sobre Ele também. Quando tiver a oportunidade de conversar com alguém sobre a historicidade de Jesus, não perca também a oportunidade de compartilhar sobre como isso muda sua vida hoje. Por que é tão importante para você acreditar que Ele existiu? Use suas palavras, seus exemplos e convicção. Aja como filha de Deus e seguidora real de Jesus também.

“Então Jesus disse aos seus discípulos: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.” Mateus 16.24


[1]  ENCYCLOPADEIA Britannica, 15, ed 1974; IN: MACDOWELL, Josh, Evidências que exigem um veredito, Cadeia, 1992, pp.110

[2] H. Wayne House. O Jesus que nunca existiu. Pág 71-72

[3] Idem. Pág 361

[4] Idem, pag 77

[5] BERTI, Marcelo. A Figura Histórica de Jesus Cristo. Disponível em: marceloberti.wordpress.com/2013/09/06/a-figura-historica-de-jesus-cristo/ Acessado em 15 de março de 2018.

[6] BERTI, Marcelo. Idem

[7] GEISLER, Norman, Enciclopédia de Apologética, VIDA, 2001, pp.450

[8] BERTI, Marcelo. Idem