Meu 2017 começou com o fim muito doloroso de um relacionamento. Ainda me lembro da sensação de pensar que nunca seria amada novamente, que aquilo que eu tanto queria, o casamento, eu nunca teria. Duas semanas depois, no início de fevereiro, recebi uma proposta de emprego maravilhosa, que culminou com uma grande mudança de país em junho. Apesar de toda a minha documentação correta, a lei do país mudara alguns meses antes exigindo um documento específico do meu empregador. E ele não tinha. Assim, no início deste ano, recebi a notícia de que meu visto de trabalho não havia sido aprovado. Me senti completamente esmagada, retorcida. Não havia nada que pudéssemos fazer.

Este talvez tenha sido o período da minha vida em que mais questionei a provisão de Deus – havia tantas perguntas empilhadas em meu coração! Mas também foi o período em que mais me aproximei de Deus e aprendi sobre Seu caráter. Uma amiga me lembrou de Eclesiastes 7.13,14:

Quando os dias forem bons, aproveite-os bem; mas quando forem ruins, considere: Deus fez tanto um quanto o outro, para evitar que o homem descubra alguma coisa sobre o seu futuro.

O versículo seguinte diz:

Atenta para as obras de Deus, pois quem poderá endireitar o que ele torceu? (ARA)

Achei desafiadora a leitura de Jerry Bridges sobre esse versículo em seu livro Confiando em Deus mesmo quando a vida nos golpeia, aflige e fere. Ele compartilha uma série de questões confrontadoras que fez a si mesmo em tempos de sofrimento:

Deus trouxe um evento “torcido” à minha vida, e fiquei completamente consciente de que só Ele seria capaz de endireitá-lo. Poderia eu confiar em Deus quer Ele endireitasse ou não aquilo que estava “torcido” e aliviasse meu sofrimento? Eu realmente cria num Deus que me amava, sabia o que era melhor para mim e que estava no controle da minha situação? Será que eu poderia contar nEle mesmo sem entender? […] Será que toda a ideia de confiar em Deus em meio à adversidade é meramente um jargão cristão que não consegue resistir aos eventos difíceis da vida? Posso realmente confiar em Deus? (1)

Posso realmente confiar em Deus?

No meio desse período de sofrimento, fiz uma caminhada pelo deserto. Foi uma caminhada de mais ou menos duas horas. Para quem está acostumada a caminhadas e trilhas longas nas montanhas, 2km num terreno plano não parecia ruim. Ao final da caminhada, escrevi as lições a seguir, que fluíram de uma reflexão profunda das Verdades que Deus já havia incutido em meu coração e mente. Espero que assim como mudaram minha perspectiva do sofrimento, estas lições lhe ajudem a repensar o seu.

As 7 Lições do Deserto

Caminhar no deserto é uma experiência única. Não importa quanta prática e resistência você tenha, será desafiador. Antes de sair de casa ouvi os seguintes conselhos:

  • Leve muita água
  • Vista manga e calça comprida, chapéu e óculos
  • Use um relógio para acompanhar o seu progresso
  • Cuidado com os perigos do deserto
  • Faça pausas e descanse
  • Desfrute da paisagem
  • Mantenha-se na trilha

Percebi logo que havia uma correlação forte entre o deserto e o meu sofrimento. Não sou a primeira a comparar o deserto físico com as fases difíceis das nossas vidas, principalmente considerando as músicas sobre esse tema. Mas eis o que aprendi com essas recomendações.

  • Cuidado com a desidratação.

No deserto, beber água é questão de sobrevivência, e desidratação, o problema mais comum e difícil de perceber. Os efeitos são: diminuição de atividade muscular, o que pode fazer com que você tropece e caia; diminuição do estado de alerta em até 12%, perda similar a de alguém embriagado; aumento das chances de contrair um vírus, como o da gripe; aumento das chances de ter enxaqueca, sangramento nasal, câimbra muscular e fadiga. Junto com a água, é necessário também ingerir eletrólitos (sódio, potássio, cálcio, magnésio). Então algumas bolachas de água e sal e um queijinho são excelentes lanchinhos para levar. Ou seja, falta de água e comida são o principal problema do andarilho do deserto. E o mesmo é verdade para a pessoa em meio ao sofrimento.

Quem beber desta água terá sede outra vez, mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Pelo contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna. (Jo 4.13,14)

Ainda me pergunto como os não-cristãos conseguem passar pelo sofrimento. Eles não bebem da Fonte de Água Viva, eles vivem sedentos, perdidos sem razão e sem encontrar um consolo que seja permanente. Mas nós, cristãos, temos acesso à própria Fonte. Jesus diz: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, do seu interior fluirão rios de água viva” (Jo 7.37,38).

Em meio ao sofrimento, não há nada que possa nos saciar, nos alimentar, nos aliviar e nos encorajar como a Pessoa de Cristo. O apóstolo Paulo aprendeu essa verdade em uma vida de imensos sofrimentos (2 Co 11.22-33) e declara:

Aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância. Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece. (Fp 4.11-13)

É mentira dizer que Deus nos dá somente aquilo que podemos suportar. O texto de 1 Co 10.13 (“ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar”) está falando sobre pecado. Ou seja, não seremos tentados para o pecado além do que podemos suportar, porque o Espírito atua em nós e nos alerta, nos avisa e nos fortalece. No entanto, podemos passar por sofrimentos que estejam além dos nossos limites de enfrentamento. Veja o exemplo do apóstolo Paulo:

Irmãos, não queremos que vocês desconheçam as tribulações que sofremos na província da Ásia, as quais foram muito além da nossa capacidade de suportar, ao ponto de perdermos a esperança da própria vida. (2 Co 1.8)

O objetivo é claro: “De fato, já tínhamos sobre nós a sentença de morte, *para que não confiássemos em nós mesmos, mas em Deus*, que ressuscita os mortos.” (2 Co 1.9). É quando sofremos e não temos como lidar com a situação que, finalmente, precisamos crer com todas as nossas forças que é Cristo quem nos fortalece. Porque quando somos fracos, é que somos feitos fortes.

  • Vista-se apropriadamente.

Parece-me bem óbvio que alguém vá cobrir-se para andar embaixo do sol escaldante do deserto. Mesmo tendo saído para caminhar às seis da manhã, podia sentir fortemente o calor e a sequidão do ar. Coloquei calças compridas e tênis (não tinha botas), blusa de manga, óculos e chapéu.

A Bíblia também nos orienta sobre uma vestimenta apropriada para o dia mau:

Por isso, vistam toda a armadura de Deus, para que possam resistir no dia mau e permanecer inabaláveis, depois de terem feito tudo. Assim, mantenham-se firmes, cingindo-se com o cinto da verdade, vestindo a couraça da justiça e tendo os pés calçados com a prontidão do evangelho da paz. Além disso, usem o escudo da , com o qual vocês poderão apagar todas as setas inflamadas do Maligno. Usem o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus. (Efésios 6.13-17)

Olhe a situação que você está passando e pergunte: o que você está pensando sobre si ou sobre a situação é verdadeiro? O modo como você está tratando as pessoas à sua volta é justo? Você está refletindo a paz de quem foi resgatado do pior de todos os sofrimentos? Você tem descansado em sua fé e permitido que ela o proteja e o guarde durante a aflição? A Palavra de Deus tem sido sua companhia?

Boa parte da nossa luta em meio ao sofrimento acontece na mente: o inimigo quer destruir nossa confiança no Senhor, sussurrando mentiras em nossos ouvidos, nos fazendo desconfiar da bondade e do amor do Senhor. Mas fomos salvos por Deus do pior destino, recebemos o Espírito de Deus para nos ajudar, e é a Palavra de Deus que nos dá as verdades que precisamos para vencer o inimigo e perseverar no sofrimento. Por isso, Davi repete para si:

Este é o meu consolo no meu sofrimento: A tua promessa dá-me vida. […] Se a tua lei não fosse o meu prazer, o sofrimento já me teria destruído. […] Passei por muito sofrimento; preserva, Senhor, a minha vida, conforme a tua promessa. (Salmo 119.50,92,107)

  • Mantenha o foco.

Por causa do calor, e do cansaço consequente, o deserto nos faz querer desistir logo. Dá vontade de parar no meio do caminho e voltar, principalmente quando há subidas e curvas e pedregulhos. Nessas horas, é preciso lembrar do percurso traçado e confiar nas provisões já feitas.

Mas, oh, quão difícil é confiar que o sofrimento acabará um dia! Quão difícil é confiar que as provisões de Deus para nós são suficientes. Eis o conselho das Escrituras:

Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus. (Hb 12.1,2)

A alegria de ver os eleitos resgatados foi o motivo pelo qual Cristo suportou a cruz, e da mesma maneira devemos nós ter nossa “alegria proposta” sempre diante de nossos olhos. A perspectiva de Paulo é impressionante. Tenho uma “invejinha” santa de como ele conseguiu desenvolver sua salvação. Ao falar de seus sofrimentos, ele diz: “Mas o que para mim era lucro, passei a considerar perda, por causa de Cristo” (Fp 3.7), e continua:

Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus. (Fp 3.13,14)

Paulo mantinha Cristo, e sua eternidade junto a Ele, como foco. Perto dEle, até mesmo os sofrimentos desta vida eram “leves e momentâneos”, pois produziam “eterno peso de glória” (2 Co 4.16,17), “assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é” (2 Co 4.18).

  • Fique atento aos perigos.

Há coisas lindas para se ver no deserto. Mas há muitas coisas perigosas no deserto.  Além da secura e do calor, há animais peçonhentos, como cobras e escorpiões, tempestades de areia, variações absurdas de temperatura, miragens e falta de vegetação (o que torna difícil encontrar abrigo do sol). Há ainda os cactos, tão lindos, mas tão afiados. Me surpreendi ao encontrar uma árvore que parecia ter espinhos, mas eram macios, e um cacto que parecia ter cabelos, mas que machucava muito.

Se você prestou atenção na lista acima, vai perceber que o engano é o principal problema do deserto. Os escorpiões são, muitas vezes, da cor da areia. A vegetação pode confundir – há até cactos cujos espinhos podem “pular” na pele da gente. Somos enganados também sobre o cansaço e a sede, deixando de percebê-los a tempo de nos proteger.

Da mesma maneira, em meio ao sofrimento é fácil deixar de ouvir e crer na verdade, e ouvir as mentiras de Satanás. Por isso que a renovação da mente é algo tão importante. A Bíblia nos alerta sobre isso: Rm 7.25, 12.1,2; Fp 4.6-8; Tg 1.6-8; 1 Pe 1.13-16. Há alguns anos, fiz questão de decorar Filipenses 4.8:

Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas.

O inimigo sabe que não pode nos derrotar, mas ele quer nos desanimar. A armadura de Deus, de Efésios 6, que mencionei acima, é a arma que podemos usar para nos defender e também para atacar as mentiras de Satanás (“os dardos inflamados”). O conselho do apóstolo Pedro é:

Lancem sobre ele toda a sua ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês. Estejam alertas e vigiem. O Diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar. Resistam-lhe, permanecendo firmes na fé, sabendo que os irmãos que vocês têm em todo o mundo estão passando pelos mesmos sofrimentos. (1 Pe 5.7-9)

  • Apoie-se nas pessoas.

Não há nada mais agradável no deserto do que uma pausa. Uma pedra se torna, por vezes, nossa melhor opção de onde descansar – seja embaixo, para sombra, ou em cima, para fugir das criaturas da areia. Amigos são como pedras: hora oferecem descanso em meio a exaustão da luta, hora oferecem proteção contra os perigos que não conseguimos ver. Eles são instrumentos de Deus para nosso conforto – lembrando que somos amados e cuidados por Deus e por pessoas queridas – e confronto – nos ajudando a responder adequadamente às circunstâncias, agindo ao invés de reagir.

Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão. (Pv 17.17)

Leais são as feridas feitas pelo amigo, mas os beijos do inimigo são enganosos. (Pv 27.6)

Assim como o ferro afia o ferro, o homem afia o seu companheiro. (Pv 27.17)

  • Floresça e dê fruto.

Você já viu uma flor de cacto? Faça uma procura rápida no Google e você verá as flores mais lindas que já imaginou na vida (as minhas favoritas são as echnopsis). Algumas flores demoram 8 horas para abrir. Muitas flores de cactos duram menos de 24 horas. O saguaro leva cerca de 40 anos para dar flor. Existe um tipo de rainha-da-noite que dá flor uma vez ao ano, por apenas uma noite. Da mesma maneira, mais bonitos são os frutos que damos em meio ao sofrimento. Sim, o sofrimento, por mais pesado, feio e triste que seja, pode ser um instrumento de Deus nas nossas vidas. Quantas de nós, ao levarmos consolo àqueles que têm sofrido, encontram consolo neles, encontram testemunho de uma vida aperfeiçoada pelo fogo?

Porque Jesus tomou nossa condição humana sobre si, abraçando todo sofrimento e redimindo-o, o sofrimento agora tem grande poder quando livremente abraçado por nós e unido aos sofrimentos de Cristo. (2)

Estes são alguns dos frutos operados em nós pelo poder de Cristo em meio ao sofrimento:

    • Romanos 4.3-5: perseverança, caráter provado, esperança;
    • Tiago 1.2-4: paciência, maturidade, integridade;
    • 2 Coríntios 1.3-5: capacitação para confortarmos a outros;
    • 2 Coríntios 1.8,9: dependência de Cristo e mortificação da auto-exaltação;
    • 2 Coríntios 12.7: humildade e desfrute do poder de Cristo em nós;
    • Filipenses 3.10: semelhança com Cristo;
    • João 9.1-3: testemunho da obra e da glória de Deus;
    • 2 Coríntios 4.17,18: eterno peso de glória.

A verdade é que Deus não se diverte enquanto nós sofremos aflições e tristeza. Ele não é um sádico que fica olhando lá de cima esperando pra ver o que vamos fazer enquanto sofremos. Na verdade, Ele não se agrada em nos fazer passar por dor e sofrimento.

Ele sempre possui um propósito para a dor que traz ou que permite que nos aconteça. Na maioria das vezes desconhecemos tal propósito, mas basta saber que Sua sabedoria infinita e Seu amor perfeito determinaram que aquela dor é o melhor para nós. Deus jamais desperdiça a dor. Ele sempre a usa para realizar Seu propósito. E o seu propósito visa a Sua glória e o nosso bem. Portanto, podemos confiar em Deus quando o nosso coração está ansioso e o nosso corpo é fustigado pela dor. (3)

Mesmo quando não vemos os frutos, podemos confiar que Ele está agindo.

  • Ande no Espírito

A paisagem do deserto é muito repetitiva, por isso, é muito fácil se perder. Tudo é tão parecido e não conseguimos distinguir um lado do outro. Precisamos seguir um mapa ou as marcas da trilha, ou nos perderemos. O Espírito Santo é o que nos mantém na trilha.

Quando Jesus subiu aos céus, prometeu aos seus discípulos que eles não ficariam sozinhos, mas que Ele enviaria o Consolador. E o Consolador, que é o Espírito Santo, nos convence do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.7,8); nos ensina e nos lembra dos ensinamentos de Jesus (Jo 14.26); habita em nós e nos fala a verdade (Jo 14.16,17); testifica de Jesus (Jo 15.26); e é o selo da nossa salvação (2 Co 1.22; 5.5; Ef 1.13,14; 4.30). Por causa do Espírito, temos confronto e consolo necessário para viver nesse mundo cheio de aflições, e capacidade para crer em Deus, Sua soberania, amor e bondade, mesmo quando não há explicação.

Certos tipos de sofrimento não possuem outra resposta além do choro – pelo menos nesta vida. Mas não importa quão difícil seja ter fé em Deus em meio às terríveis dores deste mundo, a única alternativa à fé é o desespero. E se rejeitar a Deus simplesmente acrescenta ao problema do sofrimento, a opção mais sábia que nos resta, não importa quão difícil ela seja, é confiar que, no final de tudo, Deus é grande o suficiente para resolver o problema do sofrimento. (4)

_ _ _

Mas eu, quando estiver com medo, confiarei em ti.

Em Deus, cuja palavra eu louvo, em Deus eu confio, e não temerei.

Que poderá fazer-me o simples mortal?

Confio em Deus, cuja palavra louvo, no Senhor, cuja palavra louvo,

nesse Deus eu confio, e não temerei.

Que poderá fazer-me o homem?

Salmo 56:3,4,10,11


  1. BRIDGES, Jerry. Confiando em Deus mesmo quando a vida nos golpeia, aflige e fere. Nutra Publicações, 1 ed. São Paulo, 2013. p.22.
  2. Saint Faustina. Reflection 429 – The Fruit of Suffering. Disponível em: https://divinemercy.life/2018/08/01/reflection-249-the-fruit-of-suffering-2
  3. BRIDGES, p.123.
  4. ORTLUND, Gavin. What Does the Bible Say about Pain and Suffering? Explore God, p. 6 Disponível em: https://www.exploregod.com/what-the-bible-says-about-pain-and-suffering-paper