“A vontade de Deus é que vocês vivam em santidade; por isso mantenham-se afastados de todo pecado sexual. Cada um deve aprender a controlar o próprio corpo e assim viver em santidade e honra, não em paixões sensuais, como os gentios que não conhecem a Deus.”[1]  (1Tessalonicenses 4.3-5)

Vou avisar já no começo que o propósito desse artigo não é convencê-la de que sexo antes do casamento é pecado. Você já sabe disso! E, provavelmente, não tem dificuldade em aceitar que abster-se de relações sexuais é o caminho mais seguro durante o namoro e o noivado. Tenho em mente que escrevo para meninas cristãs, empenhadas em buscar a vontade de Deus para as suas vidas, lutando pela santidade e pureza em todas as áreas, inclusive na sexualidade. Então, daí a pergunta: por que dirigir uma exortação sobre a abstinência sexual a pessoas que já estão se abstendo? Simples. Você recorda a temática dessa série do CM? “Relacionamentos: Quando o inesperado acontece.” Pode parecer desanimador, mas o fato de lutarmos contra o pecado sexual, não é uma garantia de que jamais cairemos nele. E, ainda que sejamos surpreendidas por uma circunstância que nos exponha ao pecado – no caso, a fornicação – isso não nos inocenta nem nos isenta de termos que lidar com suas consequências.

Foi dessa perspectiva que Paulo escreveu aos crentes de Tessalônica: primeiramente, com louvores a Deus pelo testemunho vibrante desses irmãos na luta pela santidade. Eles eram exemplares no amor, no acolhimento da doutrina e na lealdade a Cristo. Mas isso não impressionou Paulo ao ponto de ele achar que esta igreja não precisava de uma palavra de alerta quanto aos riscos dos pecados sexuais. Daí os conselhos objetivos sobre como eles se manteriam vitoriosos nessa luta e o incentivo a viverem para agradar a Deus, segundo o que já conheciam do Evangelho. Se assim se fortalecessem e amadurecessem, os tessalonicenses teriam menos probabilidade de caírem por uma rasteira do inesperado.

Do mesmo modo, você que começou um namoro há pouco tempo, pode estar iludida que sua decisão de se manter virgem até o casamento não será posta à prova diariamente das maneiras mais inesperadas. Em cada tentação você precisará lembrar: “a vontade de Deus para mim é a santificação; por isso vou me afastar do pecado”.

Outras são as que namoram há algum tempo e já sentem crescer a pressão para desistirem dos princípios bíblicos de pureza, seja pelos hormônios, pela cultura erotizada ou pela insegurança a respeito de sua própria imagem e valor. Elas precisam ouvir novamente: “a vontade de Deus é que você aprenda a controlar o seu corpo para viver em santidade e honra, pois assim vivem os que conhecem a Deus.”

E há aquelas – infelizmente não poucas – que estão vivendo a fase do assombro: o inesperado aconteceu. Como será de agora em diante? Conseguirei resistir da próxima vez? Terminar o namoro resolveria o problema? Como lidar com a vergonha e a culpa que corroem a consciência? Seguem algumas orientações bíblicas para a restauração.

O princípio da CONTENÇÃO: pare de cavar!

Há uma lei fundamental para quem está preso em um buraco aguardando o resgate: não cave mais fundo numa tentativa desesperada de encontrar saída enquanto o socorro não vem. Isso só servirá para tornar seu caminho de volta mais longo e difícil. Se você transou com seu namorado uma vez, em uma circunstância que pegou vocês de surpresa, não se exponha à insensatez novamente. Fujam das ocasiões que tentarão vocês a repetirem a dose. O desejo sexual não conhece marcha ré nem ponto morto. Ele é sempre progressivo em variedade e intensidade. Se reconhecem que pecaram e pretendem abandonar o pecado, façam isso imediatamente, adotando limites claros e rígidos para o envolvimento físico. Tenho uma amiga que sabiamente diz: “não flerte com o pecado pensando que isso não acabará em casamento”. Em Provérbios 6.27s, um pai experiente adverte o filho sobre os riscos de se envolver com o sexo barato:

“Pode um homem carregar fogo junto ao peito sem que a roupa se queime? Pode alguém caminhar sobre brasas sem que os pés se queimem?”

O princípio da CONFISSÃO: admita a sua culpa!

No Novo Testamento, o verbo confessar está relacionado ao verbo homologar, um termo empregado na área jurídica que significa admitir oficialmente uma culpa. É o método que o apóstolo João descreveu para resolvermos nossas “pendências” com o Senhor:

“Se afirmamos que não temos pecados, enganamo-nos a nós mesmos e não vivemos na verdade. Mas se confessarmos nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar nossos pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1Jo 1.8,9)

Fugir de Deus e “evitar” o assunto não resolverá. Fingir que nada aconteceu pode funcionar com as pessoas ao seu redor – e até com você mesmo, que com o tempo passará a ser refém do próprio engano – mas o Senhor não seria chamado o justo Juiz, se assim o fizesse. Aos tessalonicenses, Paulo recordou a realidade da condenação para aqueles que insistirem na lascívia (cf. 1Ts 4.6). Adiar a confissão é como jogar adubo no terreno onde foi semeado o pecado. E não somente isso: é regá-lo com as águas da mentira. O diabo, nosso adversário, adora quando caímos nessa cilada, pois sabe que ficaremos cada vez mais enrolados em nossas próprias mentiras e cada vez mais distantes da “vontade de Deus para a nossa vida – a santificação.”

O princípio da RENDIÇÃO: deixe o Salvador te salvar!

Jesus calou a presunção dos fariseus e mestres da lei que criticavam sua atenção aos pecadores na casa de Levi:

“Jesus lhes respondeu: ‘As pessoas saudáveis não precisam de médico, mas sim os doentes. Não vim para chamar os justos, mas sim os pecadores para que se arrependam.” (Lc 5.31s)

Se o inesperado bateu à sua porta trazendo consigo a doença mortal do pecado, sim, você precisa de um médico para te salvar. Não tente automedicação ou terapias alternativas, pois qualquer tratamento que seja baseado nos seus próprios recursos é como beijinho de avó no cotovelo esfolado. Você precisa de um remédio que combata a infecção de dentro para fora – do seu coração e mente – produzindo arrependimento e um desejo de glorificar a Cristo com sua vida maior do que o desejo de transar com seu namorado. Somente o sangue do Senhor Jesus tem esse poder curador e purificador.

Não se preocupe com imagem, reputação ou coisa semelhante quando você iniciar o tratamento. É possível que o Senhor lhe deixará bem exposta e vulnerável para que reconheça sua fragilidade e se apegue a Ele com mais avidez. Mas confie, Ele é um médico experiente e não te vai lhe expor a riscos desnecessários. O desconforto momentâneo terminará no acolhimento dos Seus braços amorosos que lhe sustentarão com firmeza quando o inesperado atacar novamente.

Flórence Franco


[1] Os texto bíblicos mencionados nesse artigo fora transcritos da Bíblia Sagrada: Nova Versão Transformadora. São Paulo: Mundo Cristão, 2016.