Quem é você na fila do pão?

O uso dessa frase normalmente é feito para “tirar com a cara” de alguém, de maneira irônica, questionando a identidade dela. E tenho percebido que nós mesmas questionamos nossa identidade constantemente, de várias maneiras. Nos deixamos ser definidas por elementos que não estão nem perto de serem bíblicos e duradouros. Por exemplo, muitas de nós queremos ser definidas pela beleza que temos, ou pela roupa da moda que usamos, ou o celular que compramos, ou as amizades, ou as curtidas ou seguidores que influenciamos.

Tantas outras se deixam ser definidas por profissão que escolhe, empresa que trabalha, o quanto domina uma língua, cargo que ocupa na igreja, ou a sua estrutura familiar. Pode ser que você seja o caso que se sente um verdadeiro lixo, por não ter esse status todo, você não tem influência, você não é blogueira, suas roupas não são renovadas faz tempo, você trabalha para pagar as contas necessárias, talvez nem saiba qual carreira seguir e tantas outras coisas que você NÃO TEM, então por isso você tem a sensação de também NÃO SER.

Se você já acompanhou um aconselhamento bíblico é bem interessante que a maioria dos problemas que tem para se resolver permeia a identidade, pois ela é o fundamento do ser. Por isso em qualquer país que você vá, existe algum tipo de documento de identificação próprio do país, mas que tem informações em comum, as mais importantes. E é interessante, porque sabemos que a sua identificação carrega toda uma cosmovisão junto, por exemplo, quando eu mostro meu passaporte brasileiro fora do meu país, normalmente falarão comigo sobre futebol e seus jogadores, samba, esperarão pela simpatia do bom brasileiro e se souberem um pouco de português, sabem que pode usar, que como brasileira isso faz parte de mim, porque me identifico com aquilo é intrínseco a minha origem.

Como cristão também temos uma identidade e junto com tal identidade tem um “pacote” de ações e reações. As disciplinas espirituais seriam esse “pacote” e muitas vezes buscamos viver dentro desse padrão, porém o problema é que fazemos isso sem estar com nossa identidade estabelecida, aí acaba se tornando pura hipocrisia, porque só posso viver a cultura de um país se me identifico com ele, se tenho origem ou morada nele. Várias passagens falam sobre quem somos antes e depois do nosso relacionamento com Deus. Mas acho que um dos mais claros que desenha quem somos é no capítulo 1 de Efésios, nos versículos de 3-14:

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo. Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença.
Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado. Nele temos a redenção por meio de seu sangue, o perdão dos pecados, de acordo com as riquezas da graça de Deus, a qual ele derramou sobre nós com toda a sabedoria e entendimento. E nos revelou o mistério da sua vontade, de acordo com o seu bom propósito que ele estabeleceu em Cristo, isto é, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, celestiais ou terrenas, na dispensação da plenitude dos tempos. Nele fomos também escolhidos, tendo sido predestinados conforme o plano daquele que faz todas as coisas segundo o propósito da sua vontade, a fim de que nós, os que primeiro esperamos em Cristo, sejamos para o louvor da sua glória. Nele, quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados com o Espírito Santo da promessa,
que é a garantia da nossa herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus, para o louvor da sua glória.

Alguns destaques importantes sobre quem somos nesse texto, primeiro, não depende de nós, fica nítido que em toda a passagem a ação de Deus em relação a nós, Ele abençoa, escolhe, predestina, concede, derrama, desvenda e sela, ações ativas de Deus que faz a real diferença. Antes dessa ação divina erámos bastardas, presas à culpa do pecado, sujas pelas ações pecaminosas, insensatas, imprudentes, ignorantes, deserdadas, perdidas e sem garantias nenhuma. Ou seja, éramos como alguém proibido de entrar no “país” relacionamento com Deus, por causa do pecado, uma dívida. Mas Jesus foi nosso diplomata, intercedeu por nós, fazendo nosso passaporte e visto permanente, selado pelo Espírito Santo, para que pudéssemos viver nesse relacionamento com Deus.

Talvez a analogia não seja tão perfeita, mas precisa estar claro na sua mente que você tem um presente, uma adoção, isto é, passamos a ser filhas dEle. Temos agora um sentido em Jesus, já recebemos mais do que merecíamos, porque Ele quis. Fomos libertas da escravidão do pecado, e podemos agora agir diferente, podemos lutar contra o pecado. Não precisamos viver cegas, cedendo às pressões, podemos ser sábias, pensar no que é melhor, o que aponta para Cristo. Nós podemos ter esperança de um futuro certo, porque Ele garante isso. E para quê tudo isso? Para nosso score ficar alto? Para ter bons seguidoras nossas? Ser uma influencer? NÃO, tudo isso é PARA O LOUVOR DA SUA [DE DEUS] GLÓRIA!

Quem é você na fila do pão? Essa pergunta tem que ser respondida baseada nessa verdade, você é filha de Deus. Pense nos seus pecados e lutas, cada um deles está vinculado a uma mentira relacionada com a sua identidade, seja você lidando com vaidade, uso da língua, imoralidade sexual, temor a homens…você está esquecendo quem você é, logo você não vai agir como Deus pede para você agir, sendo santa e irrepreensível, exaltando a Ele.

Não adianta simplesmente buscar essa santidade e irrepreensibilidade, sendo o “pacote” da filiação. Primeira coisa, você já entendeu que a salvação, isto é, seu relacionamento restaurado com Deus não depende de você? Se você acha que foi algo que você fez, ou a família que cresceu, ou o aprendizado que teve na igreja, sinto informá-la, mas você está “ilegal no país do relacionamento com Deus”. Você continua não sendo nada e não tendo nada que de fato é relevante, é só aparência, comportamento, hipocrisia. Ele quem te adotou, Ele fez, é graça, presente!

Segundo, não adianta ter nacionalidade do “país” e querer viver com suas próprias leis, isto é, ser filha de Deus, reconhecendo o que Jesus fez por você, todavia você não expressa tão adoção. Você conhece algum filho adotivo, que preferiu viver no orfanato mesmo depois de adotado? Ninguém faria isso, por isso devemos cultivar nosso relacionamento com Deus e cumprir esse propósito de parecer com Deus em ser santa e irrepreensível. Não é perfeição, porque Deus sabe que somos pecadoras, contudo, devemos buscar optar pelo certo e acertar os erros cometidos. Você tem feito isso? Você é coerente com sua identidade?

Algo que aprendi desde nova é sair com documento na bolsa e as mães sempre reforçam que devemos esquecer, a documentação comprova quem é você. Não sou mãe, porém meu alerta é igual NÃO ESQUEÇA SUA IDENTIDADE, comprova quem você é. E quando você puxar sua “ficha” na bíblia, como a polícia puxa a ficha das pessoas, você vai estar tranquila, seus “antecedentes criminais” estará limpo, porque você é inocente, é justificada, filha de Deus.