Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo. E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus. Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus. (II Coríntios 5.14-21)

Uma das coisas mais difíceis para o cristão, após a conversão, é compreender quem ele é. Na verdade, a grande dificuldade do ser humano é justamente entender as, assim chamadas pelos filósofos, “grandes perguntas da vida” – Quem sou eu? De onde vim? Para onde vou? 

As coisas ficam diferentes quando nos convertemos. A partir do momento em que uma pessoa se entrega a Cristo, ela fica exposta a uma série de conceitos, de preceitos, de orientações; a uma nova forma de viver a vida. E então pergunta: o que mudou em mim? É muito fácil repetir “sou uma nova pessoa porque Cristo mudou minha vida”. Mas será que entendemos de fato o que éramos, o que somos, para onde vamos, e qual o nosso propósito enquanto ainda estamos aqui na terra?

Como conselheira, eu acredito que um dos principais problemas dos cristãos é que eles não entendem, não compreendem, quem eles são de fato. Mas não estou falando sobre o conceito psicológico do auto-conhecimento. Estou falando da nova identidade que recebemos e desenvolvemos em Cristo. A Bíblia afirma que “se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (II Cor 5:17), logo, é de imaginar que haja uma mudança, que as coisas passem a ser diferentes. Nesta série vamos analisar três conceitos encontrados nas Escrituras sobre a nossa identidade cristã. Eu os chamo carinhosamente de “Os 3Ps do cristão”.

Mas antes de te apresentar estes três conceitos, quero te incentivar a conhecer mais sobre a sua identidade de acordo com as Escrituras. Sabemos que as Escrituras são a única fonte de informação confiável, provada ao longo dos séculos, sobre o ser humano, contendo informações precisas não apenas sobre a origem do homem, mas sobre história da Redenção, e, principalmente, sobre o caráter de Deus. Não há na face da terra nenhuma outra fonte de conhecimento autorevelado de Deus além das Escrituras. Para começar, quero propor algo diferente. Faça este exercício: experimente pesquisar na Bíblia ou use um dicionário de termos, uma concordância ou, até mesmo, uma Bíblia online, tanto faz, jogue no Google se preciso for, as duas palavrinhas – “em Cristo”.

No site Biblia Online, para a Revista e Atualizada, esta pesquisa rendeu 105 versículos, indo de Atos até I Pedro. (Se você quiser acesso a lista completa, clique aqui). Se parar para ler, vai perceber que, na maioria dos casos, estes versículos tratam de quem somos, quem nos tornamos em Cristo, isto é, a pessoa que passamos a ser após a conversão. Elas tratam do nosso novo estado em relação a Deus – o de amigos, de filhos, daqueles que tem um relacionamento com o seu Criador. Queria ter tempo para discorrer sobre cada uma destas características, no entanto, este artigo, até mesmo esta série, ficaria longo demais.

Após dar uma olhada nesta lista, você pode estar pensando como podemos estar em Cristo.  O Breve Catecismo de Westminster¹ afirma que “para escaparmos à ira e maldição de Deus, em que temos incorrido pelo pecado, Deus exige de nós fé em Jesus Cristo e arrependimento para a vida, com o uso diligente de todos os meios exteriores pelos quais Cristo nos comunica as bênçãos da redenção.” (pergunta 85) Mas o que é essa Fé em Jesus Cristo? “É uma graça salvadora, pela qual o recebemos e confiamos só nEle para a salvação, como Ele nos é oferecido.” (pergunta 86) E o que é Arrependimento para a Vida? “É uma graça salvadora pela qual o pecador, tendo um verdadeiro sentimento do seu pecado e percepção da misericórdia de Deus em Cristo, se enche de tristeza e de horror pelos seus pecados, abandona-os e volta para Deus, inteiramente resolvido a prestar-lhe nova obediência.” (pergunta 87)

Sobre esta realidade de “estar em Cristo”, John Piper afirma:

“No nível inconsciente e decisivo é a obra soberana de Deus: “Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção.” (1 Coríntios 1:30) Mas no nível consciente da nossa própria ação, é pela fé. Cristo habita em nossos corações “pela fé.” (Efésios 3:17) A vida que vivemos em união com sua morte e vida nós vivemos “na fé do Filho de Deus.” (Gálatas 2:20) Nós estamos unidos em sua morte e ressurreição “pela fé.” (Colossenses 2:12) Está é uma verdade maravilhosa. A união com Cristo é o solo da alegria permanente, eterna, e é gratuita.”²

A partir do momento em que uma pessoa se arrepende de seus pecados e coloca sua fé em Cristo, ela passa a estar em Cristo, tendo automaticamente acesso e direito a todos os benefícios ofertados, todas as bênçãos prometidas, de acordo com as Escrituras. A igreja é a comunidade onde aqueles que estão em Cristo podem edificar-se mutuamente para se assemelharem a Cristo, usufruindo das bênçãos concedidas a eles, em comunhão plena com Deus e uns com os outros. A própria oração também é dependente do nosso status em relação a Cristo, já que é feita em nome de Jesus.

Nas próximas semanas pensaremos com cuidado em três aspectos da nossa identidade individual: fomos PROJETADAS por Deus, somos PERDOADAS por Deus e estamos PREDESTINADAS por Deus. Por fim, iremos pensar como é viver essa identidade coletivamente como igreja.

Meu objetivo é que, ao descobrir quem você é em Cristo, você esteja disposta a viver de acordo com este conhecimento, permitindo que o que Ele fez por você faça diferença prática no seu dia a dia.  Comece pesquisando “em Cristo” em sua Bíblia, como recomendei. Depois, escreva aqui ou no post do Conselho para Meninas no Facebook “Em Cristo eu…” com uma característica que você encontrou. Vou começar aqui:

Em Cristo eu fui trazida para perto de Deus. “Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo.” Efésios 2:13

E você?

  1. Breve Catecismo de Westminster. Disponível em: http://www.monergismo.com/textos/catecismos/brevecatecismo_westminster.htm. Acessado em: 03/10/2016, às 17:15
  2. Piper, John. A Estupenda Realidade de Estar “em Cristo Jesus”. Disponível em: http://www.desiringgod.org/articles/the-stupendous-reality-of-being-in-christ-jesus?lang=pt. Acessado em: 03/10/2016, às 17:21.