Ah como eu gosto de uma boa risada! A vida fica mais leve com uma pitada de bom humor. Ultimamente, algumas amigas tem brincado comigo dizendo que minhas piadas e meu senso de humor estão iguais aos do meu noivo. E quando eu comecei a reparar, descobri que é a mais pura verdade! Sabe quando você convive tanto com uma pessoa que começa a ficar igual à ela? Nas expressões, trejeitos, piadas, reações… Sabe, também, quando você já identifica exatamente o que aquele olhar, aquela torcida de nariz ou aquela franzidinha na testa significam? Tudo isso são efeitos colaterais de convivência, o que é muito legal por demonstrar comunhão e intimidade. Mas sabe por que tudo isso é possível? Porque fomos criadas com a capacidade de nos comunicar com outros, através de palavras, de gestos, de sinais, de olhares, de narizes torcidos e testas franzidas. Você já parou para considerar que isso é um privilégio muito grande? Ter a capacidade de emitir e receber uma mensagem, um ensino, um sentimento, uma ideia ou, até mesmo, a razão por traz de uma boa gargalhada… Se não houvesse a possibilidade de comunicação, seria impossível estabelecer qualquer forma de relacionamento. E foi o Deus santo, que graciosamente se comunica conosco, quem nos deu a capacidade de comunicação com outras pessoas. Uau! Como estamos no mês dos namorados, vamos conversar um pouquinho sobre a importância da comunicação na dinâmica do namoro. Depois do temor à Deus, o diálogo é o elemento mais importante no relacionamento. É através dele que se constrói a amizade e a parceria, que se compartilham os sonhos, as necessidades, os desafios, a cumplicidade, além de expressar o quanto um é importante para o outro!
Como seria bom se o texto parasse por aqui, não é? Mas como estou apenas no segundo parágrafo e você já sabe que a pauta em questão são as tão assustadoras “crises”, você já deve imaginar que logo chegará a má notícia. Sim, exatamente. A mesma má notícia que corrompe todas as áreas da nossa vida, que nos torna indignas da Santidade de Deus, que rega nossa frágil condição humana: a corrupção do pecado. Com a queda do homem, nossa capacidade de comunicação também foi atingida. O que deveria ser fonte de vida e instrução (Pv 13.14, Pv 10.31), tornou-se fonte de maldição. Calma, eu vou explicar.
Primeiramente, é importante ressaltar que palavras nunca são neutras! Em Provérbios 18.21 lemos que “a língua tem poder sobre a VIDA e sobre a MORTE; os que gostam de usá-la comerão do seu fruto.” Isso quer dizer que palavras edificam ou destroem, fortalecem no Senhor ou enfraquecem a fé, têm potencial para gerar vida ou trazer morte a quem as ouve. Sim, palavras tem poder! Não num sentido místico ou sobrenatural, mas no sentido de influência. Aí você pode se perguntar: “por que nossa língua tem esse potencial destrutivo?” A Bíblia também responde: ” […] pois a boca fala do que está cheio o coração.”(Mt 12.34). A questão é sempre o coração. Ele foi corrompido pelo pecado, e a língua é a expressão verbal de sua realidade pecaminosa (dentre outras formas de expressão). O livro de Tiago nos diz que a língua, mesmo sendo um órgão muito pequeno, se gaba de grandes coisas, é um mundo de iniquidade, contamina todo o corpo, põe em chamas toda a carreira da existência humana, é ferramenta do inferno, é mal incontido e carregada de veneno mortífero (Leia Tg 3.1-12). Nossa! Difícil digerir tantas atribuições negativas destinadas às nossas palavras. Mas é o próprio Deus dizendo que este é o impacto causado pelo que falamos. Dois autores colocam os pecados da língua de maneira bem prática. Creio que é impossível ler o relato de ambos e não se identificar com nenhum dos exemplos dados:
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Considere o impacto de tudo isso num relacionamento! O namoro é uma fase muito importante de conhecimento, amadurecimento e construção. No início, é tudo lindo, romântico, o casal tenta dar o melhor de si para conquistar o outro. Com o tempo, ambos mostram quem realmente são. Já li relatos de casais que só se depararam com o fato de que o outro era um pecador e com as consequências disso depois do casamento! O ponto é que não existe um tempo certo ou determinado para isso acontecer, mas mais cedo ou mais tarde, os dois pecadores trarão à tona a maldade do seu coração quando as expectativas não forem correspondidas, quando as lógicas e maneiras de pensar forem contraditórias, quando as vontades forem divergentes. São nos momentos de conflito, em que as circunstâncias não acontecem da maneira que gostaríamos, que o veneno de nossa língua entra em ação. O famoso “eu te avisei”, “você SEMPRE faz isso”, “você NUNCA faz o que é importante para mim” fluem naturalmente de corações pecadores. Se nossos argumentos não vencem, usamos de nossas palavras para criticar, para punir, para orgulhosamente não ceder. Vomitamos aborrecimentos, sem considerar que muitas vezes nossa leitura da situação e nossos sentimentos são mentirosos. Fixamos nossa atenção em nosso próprio umbigo, nas “nossas” necessidades, no jeito que queremos que as coisas sejam, e colocamos o outro numa posição de mero coadjuvante.Talvez agora, o alerta que a Bíblia nos diz sobre a língua comece a fazer sentido para você.
Se os relacionamentos dependessem apenas de nós, estaríamos à mercê de nossa parca justiça própria, cegos às necessidades do outro e afundados solitariamente em nosso orgulho. Mas Deus não deixa a história parar por aí. Mesmo salvas, nossa natureza ainda é pecaminosa e caminhamos num processo de transformação e santificação pela ação do Espírito Santo, sendo que, no namoro, essa dinâmica se intensifica. Por ainda estarmos EM PROCESSO, às vezes, o velho homem bate à porta e traz à tona palavras de morte. Mas a esperança bíblica nos diz que, em Cristo e pela ação dEle em nós, nós já temos tudo o que precisamos para viver a vida de santificação que Deus requer de nós (2 Pe 1.3-11), bem como lutar por ela. Assim, deixo aqui dois lembretes importantes para você:
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Agora, o mais importante: Jesus afirma que sem Ele nós nada podemos fazer (Jo 15.5). Até mesmo para usar nossas palavras com sabedoria e para promover edificação, precisamos depender de Cristo. Um professor muito sábio do seminário em que estudei escreveu:
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De maneira bem prática, a Bíblia nos instrui a usarmos da nossa capacidade de comunicação com sabedoria: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para EDIFICAÇÃO, conforme a NECESSIDADE, e, assim, TRANSMITA GRAÇA aos que ouvem.” (Ef 4.29). Torpe significa tudo aquilo que apodrece alguma circunstância ou a reputação de alguém. Em outras palavras, se o que você vai dizer não edifica, tenha certeza de que seu silêncio glorificará mais a Deus do que suas palavras. Para ficar fácil lembrar desse versículo, proponho uma fórmula bem fácil: “NET“. Toda vez que você for falar alguma coisa, principalmente em momentos de crise e de conflito, crie o hábito, com muita persistência, de passar o filtro NET nas suas palavras antes de serem ditas: é Necessário? Edifica? Transmite graça? Se a resposta for não, louve a Deus com seu silêncio e promova a paz no seu namoro (ou nos outros relacionamentos com as pessoas que fazem parte da sua vida).
E é porque sem Cristo nós nada podemos fazer que relacionamentos à parte da ação transformadora, sustentadora e restauradora de Deus estão fadados ao fracasso. Minha oração é que a comunicação no seu namoro glorifique a Deus. Seja humilde e sincera em colocar-se diante do Senhor e admitir as áreas que você precisa entregar para que suas palavras sejam condizentes com a fé que você professa. Seja intencional em suas palavras de maneira redentora; abençoando, edificando e transmitindo graça à seu namorado e a quem mais te escuta. Que sua língua, assim como a minha, seja instrumento de retidão para a glória de Deus.
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