Você com certeza já percebeu que homens e mulheres, meninos e meninas, são muito diferentes. Muito provavelmente você já pensou: “parece que eles não nos entendem” ou algo assim. E, atentando-se mais um pouco, talvez tenha chegado à conclusão de que você também não nos entende. Fato é que “elas” normalmente são mais emocionais e “eles” tendem a sempre racionalizar. Isso tem como dar certo? Como pessoas de “mundos” tão distintos conseguem se relacionar?

Com certeza não serei exaustivo, mas por meio desse artigo quero narrar como eu (e alguns outros meninos) percebo as emoções femininas ao observar garotas e mulheres com quem convivo. Com isso quero pensar (1) como essa característica deve ser aproveitada para glória de Deus e (2) como, às vezes, ela pode ser usada (meninas) ou compreendida (meninos) de uma forma ruim, refletida em algumas atitudes que desagradam a Ele. Provavelmente teremos muitas exceções até porque cada garoto e garota tem características muito próprias e manifestam coisas de maneiras diferentes, mas espero ainda assim contribuir em algo com essa série.

Homens e mulheres são diferentes, isso é indiscutível e fascinante. Deus determinou isso na criação quando fez a humanidade à sua imagem, “homem e mulher os criou. [1] Aqui começamos sabendo que a diferença é algo bom, foi criada por Deus. Nunca foi o ideal dEle que todos fossem iguais mas sim que, mesmo na diversidade, todos fossem unidos em Cristo, para a glória de Deus Pai, lidando com essas diferenças com altruísmo. [2]

Tudo seria perfeito se algo não comprometesse tanto nossos relacionamentos como o pecado. Com este problema intrínseco ao ser humano, vem o egoísmo, o orgulho, as motivações erradas e as atitudes inconvenientes, ou seja, tudo o que contribui para nos machucarmos uns aos outros. Desde a entrada do pecado somos assim, terceirizamos para outro nossa culpa e nossos erros: “quem está errado é quem não me entende ou quem pensa diferente”; “se fiz algo a culpa é do outro porque a atitude dele me levou a isso”. Explicarei melhor isso adiante.

Nós, meninos, não entendemos as meninas, pelo menos não completamente. Por mais pesquisa, pergunta, atenção que se dê, nunca esgotaremos todo pensamento a cerca desse tema. Não entendemos como um determinado assunto (como por exemplo um dia difícil no trabalho, faculdade ou escola) se relaciona com o todo da sua vida, ou como uma simples mensagem de “bom dia” com sorrizinho para a namorada tem o poder de deixar o dia muito “pra cima” . Também não costumamos entender como elas conseguem chorar sempre na mesma parte do mesmo filme, sendo que elas já sabem o que vai acontecer. Isso sem tocarmos no assunto TPM, que assim como o Kinder Ovo, cada mês traz uma surpresa diferente.

Apesar do tom cômico não estou dizendo que isso é ruim. Na verdade muitas e muitas vezes isso é bom. Vocês meninas, percebem a vida diferente de nós, são mais sensíveis para muitas coisas (não todas, tente falar mal do time de futebol dele por exemplo). Percebem detalhes que normalmente nós não percebemos. São mais delicadas e mais atenciosas. Ainda que muitas vezes duronas, precisam de alguém que cuide, lidere e demonstre segurança para vocês. Meninas, vocês são boas naquilo que nós não somos! Vocês nos fazem perceber como a vida não é chata e que ela tem cor. Nos fazem ver o que sozinhos não veríamos e podem nos ajudar, principalmente se você namora ou é casada, a aprender que detalhes e coisas pequenas são muito importantes.

Mas bem sabemos que nem tudo são mil maravilhas. Na verdade o mais comum é que muitos atritos aconteçam por causa dessa diferença e quero aqui trazer algumas coisas para vocês meninas pensarem que podem, via de regra, ajudar nos nossos relacionamentos.

Termos sentimentos e emoções é algo normal, foi o próprio Deus que nos fez assim. O problema está quando usamos mal o que Deus nos deu, tanto super-valorizando quanto desprestigiando algum aspecto da criação, e isso vale também para as emoções e razões.

Concordo com Nancy DeMoss, uma escritora cristã, quando ela diz que devido a condição decaída os sentimentos nem sempre estão de acordo com a realidade e que eles não são um indicador confiável do que é verdadeiro. [3] Isso se dá, muito provavelmente, porque sentimentos são subjetivos. Você pode estar se sentindo mal nesse momento porque algo fisicamente não está bem ou ainda porque algo inesperado aconteceu, como uma má notícia. Você pode estar triste ou feliz sem nem saber ou conseguir explicar o porquê, você pode estar sentindo impulsos emocionais que procedem de expectativas suas que não foram cumpridas. As emoções que decorrem dessas situações podem não ser legítimas.

A verdade é que precisamos lidar sempre com aquilo que é verdadeiro. Vemos isso em Filipenses 4.8 quando Paulo afirma que o conteúdo dos nossos pensamentos deve ser o que é verdadeiro, nobre, puro, amável, de boa fama, excelente ou digno de louvor. Minha amiga, com muita sinceridade, não é porque você está sentido algo que isso de fato é verdade, pode até ser, mas nem sempre. Sua “montanha-russa” de emoções pode te levar a pensar e fazer o que não deveria.

Ainda quero lembrar que o fruto do Espírito [4] também contempla o domínio próprio, ou seja, a capacidade de controlar seus impulsos mais naturais. Na verdade buscar a santidade é isso, controlar nossos desejos carnais. Por isso, não brigue com seu namorado ou amiga porque está sentido algo ruim. Pergunte ao invés de tomar conclusões precipitadas. Lembre-se do que é verdadeiro e controle-se para não exagerar nas emoções, falando ou pensando coisas que você pode se arrepender depois.

Sei que isso não é fácil, mas a resposta para a pergunta que fiz no começo é que sim, homens e mulheres, de mundos tão diferentes, podem dar certo. Podem, mas não sozinhos. Para isso, precisam depender da graça de Deus e da transformação que o Espírito Santo opera em nós quando entregamos nossas vidas a Jesus. Isso é um processo. Meus conselhos são: ore, leia a Bíblia, procure conselho com pessoas maduras na fé, tenha um relacionamento de conversas com seu namorado. Sem cobranças ou sendo incisivamente duras, mas com amor fraternal, ajudem os rapazes a te entenderem um pouco (ainda que você não se entenda plenamente) e se disponha a entender e aceitar que eles também são diferentes de você, com erros e acertos.

Por João Ricardo Urel


[1] cf. em Gênesis 1.27

[2] cf. Mateus 22.34-40 e Efésios caps. 3 e 4

[3] DEMOSS, N. L. Mentiras que as mulheres acreditam e a verdade que as liberta , São Paulo: Vida  Nova 2013 p. 191 . Recomendo fortemente a leitura desse livro pois sua autora possui um ministério bastante consolidado com mulheres e conhece bem as lutas que enfrentam com emoções ilegítimas. Com base na Palavra de Deus ela procura identificar mentiras que permeiam a mente das mulheres e corrigi-las com ensinamentos bíblicos.

[4] Você pode aprender mais sobre as características de quem possui o Espírito Santo na carta aos Gálatas  capítulo 5. Lá vemos o que devemos e o que não devemos ser uma vez que pertencemos a Cristo Jesus.