Se hoje eu tivesse uma filha com mais ou menos a idade de muitas de vocês, eu diria algumas coisas à ela, algo peculiar sobre a fase em que ela estaria vivendo ou prestes a viver: a hora de escolher a pessoa com quem ela iria namorar visando ao casamento. Em artigos anteriores, destacamos várias qualidades bíblicas, as quais permitem que vocês cumpram seu papel como mulher e filha de Deus. E já que eu ainda não tenho minha pequena princesa, quero falar para vocês, minhas irmãs em Cristo, assim como Paulo aconselhou que Timóteo fizesse as mulheres mais jovens (1Tm 5.2).

Como pode ser seu comportamento quando você está interessada naquele menino que a encantou porque, em primeiro lugar, você viu Cristo na vida dele (e que esse seja o principal motivo do seu interesse, falo principal e não o único!)?

Imagine que você esteja gostando desse menino, mas ele parece estar meio “lerdo”. Para facilitar as coisas, você decide então dar uma ajudinha, aquele empurrãozinho. Todos ao seu redor percebem o quanto você, uma menina bela, que o Senhor criou para glorificá-lo, ser amada e protegida, está DANDO EM CIMA DO DITO CUJO MENINO. Oh! Meu Deus!

Pois é, eu poderia tratar aqui de diversas conotações que sua atitude pode passar para as pessoas, e que acima de tudo Deus já conhece, mas não quero fazer isso com podes ou não podes. O que vou lhe dar são alguns motivos pelos quais essa atitude poderia ser evitada, lembrando que isso visa a uma proteção feminina e não a proibição machista.

Será que cabe realmente a vocês, meninas, dar partida na relação? Ou melhor, cabe às meninas ser o juiz que coloca a bola em campo e apita para que ela comece a rolar? Se você não gosta de futebol, desculpe eu usar esta ilustração, mas não pude evitar.

Uma vez, antes de começar namorar com minha linda esposa, lemos um livro que falava uma grande verdade: “Os homens já não sabem o que significa ser um homem, então nos acomodamos com o que é mais fácil (nos tornando covardes e passivos). As mulheres não sabem o que é ser mulher, então acabam agindo como homens”.[1] E o contrário da passividade é a rigidez e agressividade. Mas Deus quer que rejeitemos ambas. Então meninas, prestem atenção neste aspecto também, antes de escolher o cara que irá ganhar seu coração.

Um parênteses aqui. Quero deixar claro para a cultura chauvinista, em que geralmente as mulheres sofrem abusos e preconceitos, que Deus criou a mulher em igualdade ao homem no que se refere à personalidade, dignidade, valor, e ao meio de alcançar a salvação. [2]  Ela é tão valiosa quanto os homens para Deus, por isso digo mais uma vez que ela precisa ser respeitada, honrada e amada.  As funções, porém são diferentes, para juntos refletirem aquilo que Deus planejou para vocês, antes do pecado, algo que era perfeito, e maravilhoso demais para que compreendemos em totalidade. (1Pe 3.3-4; Gn2.18; Ef 5.22-24 ; 1Tm2.9,10; 1Tm 3.11 ; Tt 2.3-5 ). Em Gênesis 1.27, vemos exatamente isso, homens e mulheres são iguais em posição diante de Deus, os dois são imagem e semelhança de Deus, sem distinção entre um e outro neste aspecto.  Eles são diferentes, porém, nas funções, o que se expressa no casamento em complementariedade. Efésios 5.22-24 mostra a diferença de função no casamento. Em reação à cultura chauvinista, surgiu uma cultura que quer acabar com as diferenças que o próprio Deus criou. Existe uma ilustração muito legal, que diz: numa peça de teatro o elenco se revoltou contra o autor, e começou a escolher por si quais seus papéis, caçoou do roteiro, quis recheá-lo com falas e ações que não existiam no plano original, e tudo virou uma bagunça. Esta é uma perfeita ilustração do que Deus diz em Romanos 1.26-32.

Minhas queridas irmãs em Cristo, é vocês que amam e conhecem o Autor dessa linda história que quero alertar: guardem seu coração: “Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida” Pv 4.23. Guardar seu coração é viver a feminilidade criada por Deus. Deem espaço para os homens cumprirem seu papel de líder servil. E por favor, como eu gostaria que os meninos lessem esse artigo, para entenderem que liderança não é estar acima, mas é uma responsabilidade! Lendo Efésios 5.25-28, vocês podem ver do que eu estou falando.

Um dia, aquele que hoje é o namorado terá que ser o líder, aquele que chega com a verdade, com o cuidado, sustendo, pastoreio, amor, como Cristo fez com a igreja (Ef 5.25-28). Se ele não souber despertar agora em você esse belo sentimento do amor bíblico, e uma visão privilegiada de poder cumprir seu papel, de forma a complementarem um ao outro e juntos espelharem as diferentes características de Cristo, imagine como será mais adiante!

É um grande privilégio e responsabilidade para nós, homens, tomar a iniciativa de um relacionamento, e é uma grande proteção para vocês, meninas, esperar esse dia chegar.

Vamos ver rapidamente como Rebeca, esposa de Isaque, protegeu seu coração até o encontro com seu amado: A história está em Gênesis 24[3]. Abrão, baseado em um promessa que Deus tinha lhe feito sobre sua descendência, mandou buscar a noiva de Isaque, seu filho, em um lugar onde havia mulheres que conheciam e amavam a Deus. Essa é o primeiro aprendizado para vocês meninas: não foi Rebeca que foi atrás de Isaque, e ele foi atrás de uma mulher que temesse a Deus. Ela guardava seu coração no Senhor e esperava nEle (Gn 24. 1-5).

Tanto Abrão quanto Isaque, e também o servo que foi buscar uma esposa para trazer  a Isaque, confiavam que Deus tinha o melhor para o filho da promessa. Rebeca foi educada, cordial e amável. A sua primeira atitude não foi sedutora, mas foi a mesma da mulher que Deus espera que vocês sejam. Mesmo depois de saber quais eram as pretensões do servo, ela manteve os pés no chão, pois sabia que até aquele momento ela devia obediência a seus pais. Ela guardou seu coração honrando aos pais (Gn 24.17-25).

Rebeca, mesmo vendo o quão admirável e ótimo partido parecia ser o homem de quem o servo falava, mesmo admirando as tantas riquezas e coisas que ele tinha e de que ela iria poder usufruir, foi à procura de sua família ao ouvir os argumentos daquele homem. Ela guardou seu coração até ver a confirmação de Deus que viria por meio de sua família (Gn 24.28-31).

Quando Rebeca estava indo ao encontro de seu prometido, ela cobriu seu rosto ao vê-lo, um costume da época que mostrava modéstia por parte da moça e um pressuposto do respeito que Isaque deveria ter por ela. Mais uma vez, Rebeca guardou seu coração ao demonstrar que era uma mulher que merecia respeito, pois temia a Deus. (Gn 24.34-48).

Elisabeth Elliot disse certa vez: “Uma verdadeira mulher compreende que o homem foi criado para tomar iniciativa, e ela age sob essa premissa. É questão de atitude. Estou convencida de que a mulher que compreende e aceita com alegria a diferença entre o sexo masculino e o feminino será, sem fingimento ou cuidado expressivo, feminina”. [4]

Meninas, deixem que os meninos se sintam atraídos por vocês por aquilo que Deus valoriza, e não apenas pela beleza exterior ou sua personalidade coesiva (1Pe 3.4).

Falo a você com todo amor e respeito, como se estivesse falando para minha filha. Assim como foi dito no vídeo de propaganda de divulgação deste artigo no Facebook, você deve deixar que o homem veja Deus em você, para que primeiro ele tenha que buscar a Deus para então conseguir conquistá-la. E que essa conquista seja um reflexo da liderança servil dele e da proteção que tanto ele quanto você dão ao seu coração.

Por Felipe Nunes


[1] Harris, Joshua / Garoto encontra Garota – Belo Horizonte. Ed. Atos 2007 – p.106.

[2] Salvação: Crendo que Jesus é meu único e suficiente Salvador, que morreu na cruz por mim e ressuscitou, e vendo agora o quanto preciso dEle para remissão dos meus pecados, arrependo-me e os confesso a fim de consolidar na minha vida aquilo que Cristo fez por mim na cruz e viver uma vida digna em santidade para exaltar e glorificar meu Deus.

[3] Alexande Mendes & David Merkh – O namoro e o noivado que Deus sempre quis : resgatando princípios bíblicos na construção de relacionamentos duradouros – 1 Ed. Hagnos, 2013 p.87-89.

[4] Harris, Joshua / Opcit p. 108.