O QUE TE INCOMODA?
Ainda me lembro do meu primeiro dia na universidade. Unicamp. Uma cidade quase. Depois de quase cinco anos naquele lugar, agora já formada, ainda não conheci por inteiro e nem encontrei com todas as pessoas que estudam lá, porque é assustadoramente grande. Me lembro de ver tantos lugares, conhecer tantas pessoas e pensar: cadê o povo de Deus aqui? Na minha classe, uma ou duas meninas cristãs se manifestaram, mas também não se demonstraram muito abertas à amizade e muito menos a qualquer tipo de “exposição”, como evangelizar. Tantas ideologias, tantos ideais, tanto julgamento, parecia que ninguém queria se assumir “cristão”. Eu mesma comecei a perceber que evitava o assunto e me acovardava quando alguém perguntava se eu acreditava em alguma coisa. Mas aquilo começou a me incomodar.
Na igreja eu era bem envolvida. Discipulava algumas meninas, dava aulas no ministério infantil, cantava no louvor, e sempre participava de viagens missionárias. Eu até fazia um curso de teologia para líderes, oferecido pelo Seminário Palavra da Vida. Mas ali, justo ali no meu lugar mais cotidiano, na universidade, tinha medo de falar sobre minha fé.
Conversando com alguns amigos sobre isso, descobri que não era um problema exclusivamente meu, muitos sentiam a mesma dificuldade. O que fazer em relação a isso? Quanto mais eu deixava isso “para lá”, mais isso me incomodava. Finalmente, cheguei à conclusão: preciso agir! Não adiantava ficar sentada observando os filhos de Deus negarem sua fé todos os dias, pois seria o mesmo.
Hoje eu sei que Deus, em sua graça, já tinha um plano, e era Ele mesmo quem estava incomodando meu coração. Aliás, Ele não incomodou somente o meu coração, mas também o de outros universitários da minha igreja e também o do pastor de jovens. Descobri que iriam fazer uma reunião para discutir a possibilidade de começar grupos de estudo na universidade. Que maravilha! Era minha oportunidade.
Nos juntamos, no início uns 4 ou 5 jovens, sem saber o que fazer, que material usar…nem mesmo éramos muito próximos uns dos outros, mas decidimos nos encontrar semanalmente para conversar e orar juntos. Decidimos também visitar outros grupos cristãos universitários e ver o que eles faziam, quais materiais usavam…e foi um tempo muito rico! Ao longo de seis meses pudemos desenvolver amizade entre nós, que se transformou em união de equipe. Alguns saíram e outros entraram, mas chegamos ao ano seguinte já unidos e focados na missão universitária. Decidimos começar por um livro bem interessante do C. S. Lewis, chamado “Cristianismo Puro e Simples”. Através dele desenvolvíamos discussões abertas e buscávamos oferecer um ambiente propício para um não cristão fazer perguntas e conhecer mais a Deus.
Desde então, só temos a louvar a Deus por tudo o que Ele tem feito! O grupo que começou com 4 ou 5 pessoas, foi se multiplicando…passamos de um para dois grupos, os grupos foram crescendo e, com perseverança e disciplina, passamos a reunir umas 30 pessoas semanalmente. Tivemos muitas oportunidades para falar de Jesus para pessoas e o mais importante: tínhamos um ambiente de abertura e discussão para convidar nossos amigos a pensarem sobre a fé!
Hoje, depois de quase 3 anos desde o início dos grupos, temos 5 grupos se reunindo semanalmente para discutir sobre fé. Somente na equipe temos 21 pessoas e estimamos que passem pelos grupos semestralmente quase cem pessoas. O mais interessante é ver como estes grupos não somente foram ferramentas para pessoas conhecerem a Cristo, foram também um mecanismo de despertamento para crentes que vinham de outras cidades estudar e, muitas vezes, acabavam abandonando a igreja e até mesmo a fé. Ali nos grupos temos uma maioria de pessoas que se envolveram dessa forma e hoje estão integradas na igreja e servindo a Deus, pois o grupo serviu de ponte entre a universidade e a igreja!
Não é maravilhoso ver como Deus nos usa quando nos dispomos a agir? E você? Vai ficar aí preso em seus medos e conforto ou vai se deixar ser usado como canal de benção para muitos? A escolha é sua 😉
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