Oscilação de humor, sensibilidade exacerbada, facilidade para se irritar, cólicas… TODOS OS MESES. Socorro! Alguém aí se identifica? Ser mulher não é fácil — e nem chegamos a falar dos enjoos na gestação, da dor de parto, das noites amamentando um recém-nascido ou dos calorões da menopausa. Realmente, ser mulher não é fácil, e não tem sido fácil desde Gênesis 3 quando, por consequência do pecado, a criação de Deus deixou de ser perfeita. Não só o nosso relacionamento com Deus e uns com os outros se quebrou, como também toda a natureza, incluindo nossos corpos.

Não sei quanto a você, mas eu recebo lembretes mensais desse fato! Você também? Já desejou ter um pouquinho mais de estabilidade emocional? Já sentiu como se seus hormônios a estivessem “enlouquecendo”? Como podemos, como cristãs, lidar com essa área específica — e, muitas vezes, desafiadora — do ser mulher? A seguir, veremos quatro pontos importantes que precisamos ter em mente acerca dos aspectos fisiológicos e espirituais envolvidos nessa questão.

1. Nossos hormônios mexem mesmo com a gente

Sim, é verdade. E talvez você já tenha sentido na pele. Não temos como desassociar nossa constituição física da imaterial. Da mesma forma que nossas emoções afetam o nosso corpo, o nosso corpo também pode afetar as nossas emoções. Por isso, fazemos bem em conhecer nosso ciclo e observar quais sintomas e tendências temos em cada fase, devido à flutuação hormonal que experimentamos todo mês. Existem aplicativos gratuitos interessantes para nos ajudar nesse controle.

2. Nossos hormônios não são desculpa para o pecado

Se por um lado, a flutuação hormonal característica do ciclo feminino pode afetar (bastante) as nossas emoções, por outro, se somos cristãs, não precisamos (ou melhor, não devemos) ser controladas por nossas emoções. Por isso, usar a nossa TPM (ou gravidez ou menopausa) como justificativa para atitudes pecaminosas, como ira ou murmuração, simplesmente não “cola”, porque nenhuma circunstância pode nos obrigar a pecar (Romanos 6.12-14; 2 Pedro 1.3). Sim, as circunstâncias podem aumentar significativamente as tentações para o pecado, mas ainda assim, somos responsáveis por nossas próprias atitudes. E se somos filhas de Deus, somos capacitadas por Ele para reagir da maneira correta (Tito 2.11-14), e quando não o fazemos, somos chamadas ao arrependimento, na confiança de que, por causa de Cristo, Deus nos perdoa e transforma (1 João 1.9; 2.1-2).

3. Algumas mulheres precisam de tratamento para equilibrar os hormônios

Embora muitas mulheres tenham sintomas incômodos relacionados à flutuação hormonal natural, também há mulheres que experimentam desequilíbrios hormonais e podem precisar de tratamento específico. Esses problemas podem afetar de maneira mais intensa a nossa disposição física e mental e nos deixar ainda mais propensas ao desânimo, à irritabilidade ou à ansiedade, além de intensificar as dores no período menstrual. Se você se encaixa em alguma dessas categorias ou tem lidado com outros sintomas debilitantes, pode ser útil procurar ajuda médica.

4. Todas precisamos do auxílio do Espírito Santo para viver de maneira agradável a Deus

Quer o nosso corpo precise, quer não, de algum tipo de tratamento, nosso coração sempre precisa ser tratado, pois ainda que redimidas por Cristo, continuamos pecando. Por isso, talvez você precise de auxílio médico, talvez não, mas há um auxílio do qual todas precisamos, sem exceção: o auxílio do Espírito Santo. Se somos filhas de Deus, o Espírito Santo habita em nós; Ele é o nosso Conselheiro, que nos guia na verdade e nos capacita a viver de maneira agradável a Deus (João 14.16, 17, 26; 16.13; Romanos 8.8-16). Não temos como produzir em nós mesmas a mudança de que necessitamos. Não temos como produzir por nós mesmas amor, paciência, mansidão ou domínio próprio em nossa vida, mas conforme andamos pelo Espírito, seguindo a direção da Palavra de Deus, Ele produz esse bom fruto em nós (Gálatas 5.16-25).

E você?

  • Quão bem você conhece o seu ciclo menstrual? É capaz de reconhecer como cada fase impacta seu corpo e suas emoções?
  • Se você enfrenta sintomas muito intensos, debilitantes, durante determinadas fases de seu ciclo, já fez um check-up médico?
  • De que maneiras você já usou a TPM (ou outro contexto hormonal) como desculpa para o pecado? Há alguém para quem você precisa pedir perdão?
  • De que maneiras a realidade do auxílio do Espírito Santo lhe confronta e conforta em meio aos desafios peculiares da vida de mulher?

TPM e homens

Antes de concluir a primeira parte deste artigo, gostaria de abordar mais um fato importante para termos em mente, principalmente quando lidamos com os homens ao nosso redor “naqueles dias”: Ser mulher não é fácil, mas ser homem também não. Você já se pegou pensando que a vida dos homens é muito mais fácil? Ou que eles são privilegiados por não terem de lidar com coisas como TPM, menstruação e parto? Já chegou a ser brusca com algum homem por causa desse pensamento? 

Eu já. Uma vez, “desabafando” com meu marido, em um momento “daqueles”, eu disse, em tom de murmuração: “Ser mulher não é fácil”. Ele, por sua vez, respondeu algo sobre como ser homem também não era fácil. Na hora, respondi rispidamente sem nem pensar: “Ah, mas ser mulher é muito mais difícil. Você não imagina…” Mais tarde, o Espírito Santo me convenceu de que eu não estava certa. Pedi perdão ao meu marido por ter falado com rispidez e menosprezado os sofrimentos legítimos que ele enfrenta como homem. Não é justo eu alegar que meu sofrimento é pior que o dele, afinal, assim como ele nunca poderá sentir na pele os desafios particulares que enfrento como mulher, eu também nunca poderei sentir na pele os desafios particulares que ele enfrenta como homem.

Como você tem lidado com os homens em sua vida — pai, irmãos, amigos, namorado/marido? Sente-se no direito de maltratá-los porque você está de TPM e “eles nunca vão saber o que é uma cólica”? Permite-se nutrir algum tipo de inveja ou rancor porque eles “não sofrem tanto como você”? Precisamos renovar nosso modo de pensar de acordo com a Verdade das Escrituras:

1 – Ambos, homens e mulheres, sofrem com as consequências do pecado, mesmo que de diferentes maneiras.

2 – Ambos, homens e mulheres cristãos, têm em Cristo a provisão necessária para reagir ao sofrimento de maneira agradável a Deus.

3 – Homens e mulheres cristãos deveriam servir e encorajar uns aos outros em vez de competir sobre quem é o mais forte ou quem leva uma vida mais difícil.

Há esperança

Na próxima parte deste artigo, focaremos em sugestões práticas para lidarmos com a TPM (ou outros contextos hormonais desafiadores) de maneira agradável a Deus, mas não quero encerrar essa primeira parte sem mais uma palavra de esperança. Por isso, finalizo com uma citação de Nancy DeMoss Wolgemuth [1] para sua reflexão. Ela nos encoraja com a verdade de que podemos confiar no cuidado sábio e amoroso de nosso Criador:

Muito antes de você nascer, cada molécula do seu corpo e cada dia da sua vida, desde a concepção até o túmulo, foram cuidadosamente pensados e planejados por Deus. Ele ordenou o dia em que sua menstruação começaria, quando e quantas vezes você seria capaz de conceber e exatamente quando você iria parar de ovular. Ele entende exatamente o que está ocorrendo em seu corpo a cada época e a cada mudança.

É concebível que esse Criador sábio e amoroso pudesse não ter conhecimento de nossos níveis hormonais em qualquer fase da maturidade ou que pudesse falhar em nos prover em cada época da vida? Ele não oferece um processo de crescimento fácil ou sem problemas. Mas prometeu atender a todas as nossas necessidades e nos dar graça para responder aos desafios e às dificuldades associados a cada fase da vida. [2]

 

[1] Esse é o nome de casada da autora. Quando ela escreveu o livro do qual extraí a citação, ainda era solteira — Nancy Leigh DeMoss.

[2] DeMoss, Nancy Leigh. Mentiras em que as mulheres acreditam e a Verdade que as liberta. São Paulo: Editora Vida Nova, 2013.