“Três vestidos por sessenta reais! ” “Dividimos em até cinco vezes!” “Compre um e leve dois!” Ah, se fossem apenas essas propagandas a nos persuadir a comprar… Mas não, hoje em dia há milhares, e os lançamentos desenfreados de produtos têm consumido nosso cérebro! Somos levadas a comprar por impulso e pecamos, mais uma vez.

Como bem disse John White: “Se perguntasse sobre o tipo de pessoa que tipifica o século vinte, penso que a mente de muitos voaria para os astronautas. Mas a pessoa que expressa o espírito de nossa época é, mais que qualquer outro, não o astronauta, mas o vendedor”.1

Até mesmo as pessoas que não são cristãs percebem como estamos cada vez mais inseridas numa vida consumista, este termo veio até delas, porque, na realidade, na Bíblia, somos confrontadas por um outro: cobiça! Cobiça é um desejo desenfreado e reflete um coração sem domínio próprio. Mas antes que pensemos em descontar toda a culpa no marketing, afinal, “o que os olhos não veem, o coração não sente”, vamos rever estes versículos…

Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça, sendo por esta arrastado e seduzido. Então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o pecado; e o pecado, após ter-se consumado, gera a morte.” Tiago 1.14,15

Mais claro, impossível, né?! Nós somos arrastadas, seduzidas pelas nossas vontades desmedidas, a despeito da mídia e toda as suas artimanhas para nos atrair! Agimos como aquele ratinho prestes a ser morto pela armadilha atrás do pequeno pedaço de queijo. O pecado da cobiça pode ser divertido. Não conheço ninguém que comprou algo de que gostasse muito e ficou triste! Mas, na verdade, sua consequência é o pecado e a morte. A morte, neste contexto, não é apenas perder a vida fisicamente, mas também ser afastado de Deus. Provavelmente, isto se refira a um juízo futuro, mas, da mesma forma, podemos entender que…

A cobiça leva ao pecado que leva ao afastamento dEle!

Quantos casais não têm crises com as compras?! Quantas mulheres não estão endividadas?! Quantas doenças psicológicas não estão se tornando cada vez mais comuns, como a oniomania e a disposofobia?! Quantas preocupações não nos impedem de confiar nELe! Pois é… Consumismo não é saudável para ninguém! E ele acontece porque perdemos o foco: todas as coisas pertencem a Deus (Ag 2.8, Sl 24.1) e nós somos apenas suas administradoras (Lc 12.41,42)!

Mas quando nos deixamos levar pelo desejo de possuir algo, seja roupa, maquiagem, equipamento eletrônico, achamos que o conquistamos por nossos próprios méritos e merecemos desfrutar deles para nós. Esquecemos que a vida cristã não se resume a este mundo caído, perdemos a perspectiva celestial de que devemos administrar bem tudo o que Ele nos deu para Ele, vivendo de acordo com a Sua Palavra! Não devemos desviar a verba! 2

De certa forma, não é errado comprar algo que queremos, mas não podemos perder a motivação certa para fazer isso e, também, devemos nos lembrar de que seremos cobradas quanto a isto (Mt 25. 14-27)! Assim, devemos fazer algumas considerações quando formos comprar algo novo.

A primeira se refere à DILIGÊNCIA. O meio com o qual você ganha seu dinheiro deve ser uma responsabilidade bíblica. A Palavra de Deus nos instrui a trabalhar (Pv 10.4), logo, nada de ficar gastando o que não tem! E assim, podemos biblicamente também, desfrutar do que recebemos (Ec 5.18)!

A segunda se refere ao DISCERNIMENTO. A maneira como você paga suas contas e administra seu dinheiro também deve ser uma responsabilidade bíblica. Hoje em dia, existem muitas opções para se pagar algo e nós devemos aproveitar isso, mas de maneira bíblica, atentando para não fazer dívidas (Pv 22.26), não fazendo negócios com incrédulos (2Co 6.14), pagando os impostos devidamente (Rm 13.4-7) e não subornando pessoas ou a própria lei (Pv 17.23). Buscar conselhos de amigos para comprar algo, orar sobre isso e se planejar (Pv 21.5) ajudam a agir de maneira sábia.

Em dados momentos, precisamos sabiamente poupar o dinheiro e também nos adaptar financeiramente (Fp 4.11,12), pois os preços no mercado variam, às vezes aumentam, outras diminuem, e, normalmente, nosso salário se mantém constante. Precisamos nos adequar ao que ganhamos, pois se quisermos manter sempre o mesmo padrão financeiro ou melhorar, nos prejudicaremos. Mesmo nos momentos de aperto devemos trazer a memória que Deus é bom o tempo todo e nos dá o que é melhor! (Sl 34). Muitas vezes, nos desanimamos: “não tenho dinheiro nem para me divertir um pouco”, “não paro de fazer conta!”, etc. Mas Deus não nos abandonou (Sl 34)!

Devemos também distinguir nossas vontades de nossas necessidades, pois, muitas vezes criamos necessidades para justificar nossos gastos. E muitas das nossas necessidades reais podem esperar para serem supridas. Precisamos, também, preservar o que temos para não termos de comprar um novo constantemente e nem desperdiçar algo, por mais que o tenhamos em abundância.

E, por fim, a última consideração se refere ao DESPRENDIMENTO. A maneira com que você abençoa os outros também deve ser uma responsabilidade bíblica. Nós sabemos que é melhor dar do que receber, mas no dia a dia, somos indiferentes a esta verdade. Cobramos pequenos preços que emprestamos, dividimos tudo o que podemos para não sairmos prejudicadas e, muitas vezes, não tomamos a iniciativa de doar, seja dinheiro ou qualquer outro objeto, para alguém. Somos mesquinhas! Visamos primeiramente o nosso bem estar e de quem nos é conveniente, e somente depois, pensamos nos outros. Mas Deus nos instrui a cooperar financeiramente com a igreja (Ml 3.10; Pv 3.9) e com os irmãos que necessitam, seja um missionário, alguém da família ou da comunidade ao redor (Gl 6.9; Tg 2.15). E Deus, apesar de nosso egoísmo, ainda nos abençoa (espiritual, emocional ou materialmente) quando ajudamos os outros (Pv 11.25; 14.31; 2Co 9.10). As pessoas mais generosas que conheci foram missionárias que dependiam de ofertas mensalmente para viverem, mas abençoavam muitas pessoas ao terem esta atitude desprendida.

Dessa forma, algumas perguntinhas que podem nos ajudar a colocar em prática estas considerações são:

  1. Eu preciso disso? Já tenho algo semelhante?
  2. Eu tenho como pagar? Como eu vou pagar?
  3. Isso conflita com outra prioridade?
  4. Como eu vou agradar a Deus com isso?

Apesar de todas as inconveniências da mídia para nos fazer comprar, pudemos ver que Deus nos instrui por meio de Sua Palavra sobre o que consumir e como usar o nosso dinheiro. Graças a Ele não estamos perdidas! Não precisamos ser consumidas pelas imposições do marketing nem sermos consumistas desequilibradas. Agora, cabe a nós sermos gratas por tudo o que Ele nos dá e sermos boas administradoras. Certamente teremos paz e abençoaremos quem estiver próxima de nós!

“Mantém longe de mim a falsidade e a mentira; Não me dês nem pobreza nem riqueza; dá-me apenas o alimento necessário. Se não, tendo demais, eu te negaria e te deixaria, e diria: ‘Quem é o Senhor? ’ Se eu ficasse pobre, poderia vir a roubar, desonrando assim o nome do meu Deus.” Provérbios 30.8,9

1. Moreira, Jairo. Propósito de consumir, ou consumir com propósito? Retirado de: http://web.archive.org/web/20140309183558/http://alicercebiblico.com/2013/08/04/proposito-de-consumir-ou-consumir-com-proposito/

2. Ibid.

Bibliografia:

ALFANO, Maria Cecília. “Conhecer, crescer e compartilhar: Deus e minhas responsabilidades: bens materiais e finanças.”

MOREIRA, Jairo. Propósito de consumir, ou consumir com propósito? Retirado de: http://web.archive.org/web/20140309183558/http://alicercebiblico.com/2013/08/04/proposito-de-consumir-ou-consumir-com-proposito/

GREEAR, J. D., 3 Diagnostics questions to show who is really Lord of you Money.

ARBOLATO DA CUNHA, Silas. Finanças, planejamento e controle. Retirado de: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/financas-planejamento-e-controle/