Desde antes de ir para o seminário, eu já gostava muito da área de aconselhamento bíblico e discipulado pessoal. Nos últimos anos, passei bastante tempo estudando textos bíblicos que são respostas preciosas à dilemas que nossos corações enfrentam tão profundamente. Neste ano, tenho trabalhado em minha igreja montando uma apostila e dando aulas sobre essa área, o que tem me realizado, por ser uma área que tanto amo. No entanto, umas semanas atrás meu pastor me chamou para uma conversa sobre o andamento do curso. Um ponto que ele levantou ecoou profundo em meu coração! Ele me disse: “Thais, está faltando apontar para a Graça!” Saí da conversa muito reflexiva e isso perdurou por alguns dias. O material que eu estou produzindo estava refletindo meu coração. Eu estava muito preocupada em mostrar a dinâmica do pecado, as motivações por trás de atitudes, a ação e capacitação do Espírito Santo, o nosso papel diário na luta por santificação… Mas eu estava esquecendo-me da Graça. Dessas reflexões, surgiu este breve texto. Convido você a mergulhar na Graça Maravilhosa de Jesus Cristo. E se, caso você, assim como eu, tem se esquecido de alguns detalhes essenciais da caminhada cristã, pare, reflita e ore sobre o que vamos conversar aqui.

A boa notícia que Cristo nos traz é o Evangelho da Graça. Sim, Deus requer de nós uma vida de santidade e nos capacita para isso (2Pe 3.11), mas acima de tudo Ele conhece nossa fragilidade e sabe que nunca estaremos aptos o suficiente para corresponder à Sua santidade. Quando Deus escolheu salvar a você e a mim, Ele já conhecia toda a potencialidade maligna do nosso coração e suas futuras manifestações, de modo que, muitas vezes, nós nos surpreendemos com nossas atitudes pecaminosas, mas Ele não! Ele já sabia tudo o que dispunha contra nós, mas ainda assim escolheu nos salvar (Rm 5.8, 1Jo 1.7-10). A boa notícia é que existe perdão disponível, sempre (1Jo 1.9)! Quando cairmos, haverá um recomeço, sempre! Diante um coração arrependido que reconhece sua miséria e luta contra ela, existirá, sempre, um trono de graça pronto a nos receber (Hb 4.16).

Por vezes, o padrão santo de vida que Deus estabelece parece-nos inatingível, e de fato, humanamente, o é. Diante disso, é importante ressaltar duas coisas: primeiro, Deus nunca exigiu de nós que lutássemos sozinhas contra o pecado: não é na força humana, não é uma lista de pode e não pode, é a capacitação do Espírito Santo que transforma o nosso coração (Gl 5.22-25, 2 Co 10.4-5); e, segundo, Deus sabe que iremos falhar (Sl 103.8-14, Hb 4.12-16). No Antigo Testamento, a própria Lei previa o sacrifício de animais (que apontava para o sacrifício futuro de Cristo) para cobrir temporariamente a insuficiência humana quanto à cumprir a Lei; hoje, na Nova Aliança, através do sacrifício consumado de Cristo, salvador das nossas almas, também olhamos para a Palavra e descobrimo-nos insuficientes, falhos, trôpegos… E é na humilhação de nossa incapacidade que compreendemos o quanto precisamos do nosso Salvador todos os dias (Jo 15.5)! É ali que corremos para a Cruz! Lutamos contra o pecado sempre, na dependência do Espírito Santo. Mas quando cairmos, haverá perdão e graça a nos constrangerem. Graça sobre graça (Jo 1.16)! Onde abundou o pecado, superabundou a graça (Rm 5.20)!

Lembre-se da mulher pecadora, prostituta, julgada por todos, a quem Jesus dirigiu-se com compaixão, dizendo: “a quem pouco se perdoa, pouco se ama” (Lc 7.36-50). Lembrem-se de Davi (1 e 2 Sm), com quedas tão pesadas, com disciplinas tão doloridas, mas com um coração completamente quebrantado e arrependido em intimidade com o Pai, o que lhe permitiu ser chamado de “o homem segundo o coração de Deus” (At 13.22). Aleluia! Existe perdão, existe restauração, existem recomeços.

O desafio que se faz necessário em meio a toda nossa carreira neste mundo é assimilar (e considerar as implicações disso na prática) que existe graça. Nossa maior missão como Filhas de Deus é ministrar à outros que existe graça. Nossa maior lição a ser aprendida como discípulas de Cristo, é que existe graça! Não apenas no momento de nossa salvação, mas todos os dias! Um grande professor, que admitia sua constante luta contra o orgulho, sempre repetia: “Deus nunca se cansa dos nossos recomeços!” Amém! Viva e ministre graça, perdão e recomeço quantas vezes forem necessárias! Porque é graça que encontramos em Cristo! E é a graça que nos constrange a viver para Ele!