Faço curso de nutrição e acompanho muitas receitinhas e inovações a respeito de alimentação saudável nas redes sociais. Gosto muito de ver posts de nutricionistas e até outras pessoas com um life style fitness. Acontece que, se antes, o realismo com tons de cinza já foi arte, hoje a perfeição de rosto bem maquiado em várias etapas, o corpo escultural forjado por crossfit e a aparência de vida sem sofrimento são a nova tendência. É fácil esconder o que culturalmente não é bem visto e não é difícil colocar um filtro transforme aquele arrumadinho em algo maravilhoso.  

Estava pensando sobre tudo isso quando me deparei com um texto bem escrito, cativante e de opinião. Alertou sobre como essa “vida de blogueirinha” influencia muitos a acreditarem que a vida pode ser plena, fazendo drenagem linfática três vezes por semana, e possivelmente gerar um entristecimento em alguém “meramente mortal” que nunca foi sorteado para ganhar uma massagem na faixa. O texto transmitiu bem sua mensagem sobre a possível tristeza que essa vida de luxo artificial pode gerar em outra pessoa que acompanha. Mas no final, a autora, decididamente afirmou que “ficava com um brigadeiro que nunca matou ninguém de decepção” em alusão a vida de alimentação que deveria ser “perfeita”. Foi aí que pensei ela mesma poderia ter se sentido fracassada em algum momento por ser “normal”.  Provavelmente, ela mesma precisava do remédio que queira receitar.

Contudo, mesmo se as digital influencers pararem de simular essa “perfeição”, a tristeza de crer em algo irreal não vai passar. O problema mesmo, não são só as blogueiras e o que elas vendem e fazem, mas também o que nos permitimos influenciar a respeito da vida delas. É uma questão de perspectiva! Esse tipo de influência digital só vai aumentar devido as inovações tecnológicas, ao mercado consumista (o qual ajudamos a criar), ao desejo que as próprias pessoas têm de assistir as “blogueiragens”, etc, não tem parada, não tem retorno. Assim, como manter uma mente sã seguindo blogueirinhas?

  1. Conheça a si. Muitas vezes, nos comparamos com o que vemos na telinha, mas esquecemos de que somos diferentes, temos realidades distintas e nos entristecemos. Por isso, ter autoconhecimento é muito importante também (quem é você? Do que você gosta? Você precisa de que? Com o que sonha? Você tem condições de ter algo? Sua felicidade depende de bens materiais?). Mas comparar de certa forma, não é super horrível como normalmente ouvimos, porque é relacionar as semelhanças e diferenças. E fazer essas relações pode te ajudar a perceber melhor sua realidade (como as pessoas ao meu redor se vestem? Isso que a influencer “ensina” tem a ver com a minha família, com os meus amigos?). Mas não é saudável deixar suas emoções negativas te dominarem quando não se agradar de algo depois dessa avaliação.  Perceba que a sua vida real não tem as mesmas acessibilidades que a das blogueira e está tudo bem. Lembre-se também que não existem pessoas normais e pessoas blogueiras. Existem pessoas, cada uma com seu jeitinho e com sua história de vida e cada uma é um lindo projeto de Deus;
  2. Investigue a veracidade das informações e filtre. Ninguém nasce sabendo, tudo precisa ser aprendido. A respeito de dieta, treino e fitoterapia, pergunte a alguém de confiança que estuda o assunto. Peça ajuda para quem tem credencial, procure por evidências científicas. Procure princípios bíblicos para agir ou não de tal forma. Nem tudo o que está nas redes sociais é digno de credibilidade. Não se deixe levar pela admiração por uma pessoa ou pela vontade de ter aquele estilo de vida ou tal objeto, cosmético, corpo. Existem muitos produtos que são divulgados que são dignos de compra ou informações que são práticas e verdadeiras, aproveite o que pode ser usado. Adapte o que pode ser realizado dentro das suas condições. O que não vale a pena, elimine, não repasse, não curta. 
  3. Tenha empatia pela blogueira. Parece estranho esse tópico, mas entender que por detrás daquele perfil existe um ser humano com motivos e anseios com tudo o que posta é parte do processo de ter uma mente que pondera as diferenças. A vida da blogueira paga as contas delas, abre oportunidades e é real para elas. Por mais distante que seja da sua realidade, é realidade para uma minoria. Isso não quer dizer que precisa concordar com tudo o que elas postam e nem que a motivação para elas fazerem o que fazem é a melhor. Mas isso significa que precisa colocar verdades na sua mente que te façam dominar suas emoções de desânimo ou de raiva quando se deparar com o não lhe agrada. Por fim, só tem boa saúde mental aqueles que entendem que as pessoas são diferentes umas das outras e que cada uma tem suas chances e limitações. E tenha misericórdia da blogueira (ela pode não conhecer a Deus, pode ser dependente de opiniões alheias, pode ser dependente de curtidas e de sua imagem “perfeita”), não a difame, mesmo que pense o contrário. Hoje em dia, todos querem dar sua opinião nas redes sociais, mas pense bem antes de falar contra algo ou pessoa. O fato delas serem figura pública não te dá a liberdade de pecar em desrespeitá-las publicamente. Coloque-se no lugar delas e exercite misericórdia.
  4. Entenda que limites são oportunidades. Por mais que a carga de informação sobre compras seja grande e por mais que as inovações nos deixem com a falsa sensação de ter necessidade de variados produtos, não é saudável ter tudo. Deus nos dá tudo o que precisamos, não o que sonhamos, Ele quer que dependamos dEle. Limite financeiro, intelectual, social é uma oportunidade de crescimento espiritual e de agradecê-lO. 

Enfim, manter uma mente saudável pode ser o desafio do século, num mundo ativista, competitivo e cheio de seres humanos vulneráveis. Mas que bom que podemos contar com a graça de Deus, que nos ensina a viver de maneira sensata, justa e piedosamente e nos capacita a lidar com nada mais e nada menos que podemos suportar. A Sua Palavra é a referência mais segura para direcionar nossas opiniões e achismos. Por isso, forje sua mente pela Palavra, no Espírito e seja grata pelo que Ele fez para você e em você.