NOTA: esse texto contém SPOILER sobre a série.

Ao longo desse mês escrevemos reflexões com base no reality show “Love is blind”, da Netflix. Vimos até aqui sobre a importância de abrir aos olhos e viver debaixo dos princípios de Deus, que a conexão emocional não é suficiente, tampouco a conexão física, e sobre a rejeição que as vezes enfrentamos.

O tema “relacionamentos” está, sem dúvidas, entre meus assuntos preferidos de estudo. As prateleiras do meu quarto estão repletas de livros sobre o tema. Desde nova, tenho o hábito de observar casais, especialmente casados. Podemos aprender com os erros e com os acertos do outro. Por isso, tenho  diversas “notas mentais” sobre o que eu gostaria de reproduzir e o que não gostaria de repetir no meu relacionamento. Comecei observando o casamento dos meus pais, o namoro de amigos, o casamento dos meus tios, entre outros relacionamentos mais próximos. Ainda me atento ao exemplo de casais cristãos maduros e também em casais que não são cristãos.

Pensando nisso, para essa última reflexão sobre a série, observei os casais que foram formados durante a fase das cabines e que efetivamente casaram e permaneceram casados.

O reality show foi filmado no primeiro semestre de 2018, apesar de só ter ido ao ar no começo de 2020.  O experimento começou com 30 pessoas (15 homens e 15 mulheres). Conforme o período das conversas dentro de “cabines” passou, sobraram 10 pessoas, que formaram 5 casais de noivos. Só depois do noivado, eles se viram pela primeira vez. De lá, foram todos para um resort passar a fase da lua de mel. Já nesta etapa, os primeiros conflitos apareceram. Em seguida, sobraram 4 casais que foram morar juntos, conhecer as respectivas famílias e, finalmente, dizer “sim”. Por fim, apenas 2 casais prosseguiram com o compromisso que assumiram sem se conhecerem pessoalmente e disseram “sim”.

Nota-se que se trata de uma produção para um reality show. O que se tornou público é apenas um vislumbre do que interessou ser mostrado para fins de entretenimento. Existe roteiro, cortes e edições. Apesar de serem pessoas reais vivendo esse “experimento”, assistimos o que interessou que fosse ao ar.

Além disso, a produção não teve qualquer preocupação com os princípios bíblicos que norteiam a nossa vida. Acreditamos que a ordem do que deveria acontecer foi totalmente invertida, não sendo, de maneira nenhuma, um padrão a ser seguido.

Ressalvas feitas, e apesar delas, o exercício de observar pessoas e seus relacionamentos ainda é válido. Então eu te pergunto, querida leitora, e os casais que casaram? O que eles fizeram para que “desse certo”?

Percebemos que tanto Amber&Barnett quanto Lauren&Cameron perseveraram na escolha que fizeram, apesar dos conflitos que surgiram.

Na perspectiva cristã, e a que realmente importa para nós, somos pecadores e carecemos da graça e da misericórdia de Deus (Romanos 3:23). Quando duas pessoas escolhem se relacionar elas vão entrar em conflito. Em Cristo, recebemos o perdão para nossas transgressões. Somos plenamente perdoadas, mas ainda lidamos com nosso coração egoísta. Precisamos diariamente da Graça e da Misericórdia demonstradas na Cruz.

No livro “Quando Pecadores dizem ‘sim’”,  o autor Dave Harvey contextualiza o problema do pecado da seguinte maneira:

Portanto, o pecado – o meu e o seu pecado – é extremamente horrível. É vil. É perverso. Mas, ao mesmo tempo, ele é contexto de um acontecimento maior. Somos obras em progresso, dolorosamente inclinados ao pecado, mas, apesar disso, podemos ser obras alegres, pois – louvado seja a Deus – fomos redimidos pela graça, mediante a morte e a ressurreição de Cristo.” (2011, p. 35).

Sem essa consciência de quem somos e do que precisamos, sem o Evangelho, perseverar em um relacionamento torna-se quase uma missão impossível.

Considerando o problema do pecado e a solução oferecida somente em Cristo, voltamos para os casais que estávamos observando: Amber&Barnett e Lauren&Cameron. Apesar de não termos qualquer evidência sobre a fé deles, percebemos que eles desenvolveram uma comunicação mais clara e exerceram o perdão, em certa medida, sobre as diferenças.

Comunicar-se bem é um desafio. Por vezes, nos comunicamos com ruídos. Supomos que o outro deveria entender ou até mesmo adivinhar o que estamos pensando. E muitas vezes colocamos a culpa dessa comunicação enfraquecida no outro, que não “deseja ouvir”.

A raiz dos problemas de comunicação está, como já vimos, no nosso coração egoísta e inclinado ao pecado. A solução está em Cristo e no perdão que nos é oferecido gratuitamente na Cruz. Pecadores perdoados devem perdoar outros pecadores (Parábola dos talentos – Mateus 18: 23-35). Desenvolver a comunicação está intrinsecamente ligado ao exercício contínuo  do perdão.

Por fim, é imprescindível investir de forma intencional no relacionamento. Recebi esse conselho do querido pastor que acompanhou meu período de namoro e noivado. Gastamos tempo e energia para desenvolver tantas áreas da nossa vida, mas queremos viver “por inércia” nos nossos relacionamentos. Invista tempo, querida leitora, leia livros sobre o assunto, estude a bíblia, converse com pessoas, observe outras pessoas e dependa da Graça abundante do Senhor.

Concluímos que o amor não é nada cego. Precisamos, além da conexão emocional e física, urgentemente do Senhor.

 

Escrito por:  Por Ana Luise Sabatier