Ele pediu. Você aceitou. Uhuuul! “Finalmente, noivos!” poderia ser a legenda da foto que bateu o recorde de curtidas no seu perfil nas redes sociais. Mas não demora muito e você percebe que noivado não é aquele conto de fadas e começa a suspeitar a razão de haver tanta noiva estressada por aí…

É TANTA coisa para escolher, organizar, contratar, pagar… Eu sei, acredite. Não faz tanto tempo que estive nessa fase. Lembro que, por vezes, era tentada a pensar que ficaria mais tranquila “quando a gente finalmente fechasse tal fornecedor” ou “resolvesse aquele problema”. A verdade? Fornecedor fechado, problema resolvido, e surgiam novos “ficarei mais tranquila quando…”. Pergunte ao meu paciente marido e ele confirmará.

No final das contas, a minha inquietação nunca era por causa das circunstâncias. Ela tinha raiz em meu coração (Mc 7.20-23). As circunstâncias apenas davam aquela “espremidinha” básica para revelar o que havia em meu interior: a tendência pecaminosa de colocar minha esperança em qualquer outra pessoa ou coisa que não Deus.

A Bíblia é bem clara ao dizer que não devemos nos apoiar em nosso próprio entendimento e, sim, confiar no Senhor de todo o nosso coração (Pv 3.5-7). Fazer planos é importante — confiar no Senhor não é justificativa para deixar de usar com prudência os recursos que Ele coloca à nossa disposição. Mas os planos não devem ser feitos à parte da dependência de Deus (Pv 16.20). Precisamos reconhecer que necessitamos da graça do Senhor para tudo em nossas vidas e que, por mais que planejemos e nos esforcemos, o resultado final não está em nossas mãos, mas nas dEle (Sl 127.1; Pv 16.9; 21.31; Tg 4.13-15).

Essa confiança no Senhor deve nos levar a entregar nossas preocupações a Ele. Em vez de andarmos ansiosas, devemos apresentar nossos pedidos a Deus pela oração, com um coração humilde, confiante e grato pelo Seu cuidado (Fp 4.6-7; 1 Pe 5.6-7). Afinal, mesmo quando as situações são diferentes do que gostaríamos, Deus continua sendo bom, sábio e soberano.

O autor Jerry Bridges relaciona esses três atributos divinos da seguinte forma: “Deus, em Seu amor, sempre deseja o que é melhor para nós. Em Sua sabedoria, Ele sempre sabe o que é melhor e, em Sua soberania, Ele tem o poder de fazer isso acontecer” [2]. Precisamos ter em mente, porém, que esse “melhor” não é necessariamente o que nós achamos melhor. Romanos 8.28 garante que Deus “age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito”, mas não devemos parar a leitura nesse ponto. O versículo 29 nos ajuda a entender que esse “bem” é “serem conformes à imagem de seu Filho”. Portanto, a melhor coisa para nós, filhas de Deus, não é termos todos os nossos desejos atendidos, mas sermos mais parecidas com Cristo. E Deus, em Seu amor, sabedoria e soberania, agirá em todas as coisas para nos moldar à semelhança dEle.

Por causa dessas verdades sobre o cuidado bom, sábio e soberano de Deus, podemos cultivar o contentamento em nossos corações. Não se trata de forçar um sorriso ou fingir que está tudo bem, mas de considerar suficiente o que Deus nos tem dado. É interessante observar que um dos sentidos do termo original (em grego) para “contentamento” é “independente das circunstâncias externas” [2]. Isso não significa que não possamos desejar que uma situação mude e orar por isso, mas a nossa alegria suprema e a nossa paz não devem depender das circunstâncias. A nossa satisfação mais profunda deve estar no Senhor.

Em meio à correria e aos desafios dos preparativos para o casamento, busque voltar os seus olhos para Deus, depositar nEle a sua esperança e encontrar nEle a sua alegria. É claro que podemos e devemos nos alegrar nas bênçãos do Senhor, como o amado noivo, os queridos familiares e amigos, a doce oportunidade de celebrar o grande dia e tudo o mais. Mas se a nossa alegria suprema e a nossa esperança não estiverem ancoradas em Deus, exigiremos de pessoas e coisas aquilo que só podemos encontrar nEle e nos tornaremos ansiosas, frustradas e irritadas, desonrando ao Senhor e deixando de ser bênção para as pessoas ao nosso redor. Por outro lado, se nossa fonte de alegria for Cristo e nossa confiança estiver firmada nEle, poderemos tanto desfrutar apropriadamente das Suas bênçãos como permanecer firmes em meio às dificuldades.

[1] BRIDGES, Jerry. Confiando em Deus: mesmo quando a vida nos golpeia, aflige e fere (São Paulo: Nutra Publicações, 2013), p.24.
[2] English Standard Version Strong’s Bible (Crossway Bibles, 2011).

Este artigo foi extraído do recém-lançado livro “Rumo ao Altar: Conselhos para Noivas”, de Elisa Bentivegna da Silva, disponível para compra neste link: https://www.amazon.com.br/Rumo-Altar-Conselhos-para-Noivas-ebook/dp/B0874D1LJ3